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Um alerta sobre a coluna vertebral, por José Gondenberg

Por José Goldenberg (*) | 04/06/2011 11:05

A queixa de dor na coluna vertebral, que acomete 80% da população ao longo da vida, é a segunda causa mais frequente de dor, perdendo apenas para a cefaleia.

Existem mais de 50 causas de doenças da coluna, além de outras em sua vizinhança que apresentam sintomas na própria coluna. Muitas acarretam risco de morte e requerem uma avaliação competente em que múltiplos aspectos devem ser considerados, entre eles a prevenção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a reintegração social.

A tecnologia na área de imagem e da informação é importante no diagnóstico das doenças musculoesqueléticas. Porém nem sempre trouxe os benefícios esperados, visto que, em muitas das vezes, não há correlação entre os sintomas do paciente e o resultado que obtemos do exame de imagem.

É lastimável que, em muitos casos, o médico deixe de avaliar o doente de forma integrada, cuidando apenas da doença e não do ser humano.

Infelizmente, o seu raciocínio é substituído pelas imagens geradas pela tecnologia, por vezes com qualidade questionável, em que o profissional se apoia para o diagnóstico e o tratamento.

Esse caminho é inaceitável e deve ser rapidamente revertido.

O ato médico, regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, é obrigatório em todos os casos e deve incluir histórico completo, antecedentes pessoais, familiares, psicológicos, remédios, exame físico geral completo e do aparelho locomotor e neurológico.

Essas informações auxiliam o raciocínio clínico, permitindo o diagnostico em 70% dos casos. O planejamento terapêutico deverá ser explicado e a adesão do paciente ao tratamento é fundamental, tomando medidas como suspender o tabagismo, manter peso adequado, fazer exercícios e obedecer às regras de postura.

Lamentavelmente, nem sempre o ato médico é realizado de modo adequado, e somente são solicitados exames subsidiários. No caso da coluna vertebral, todo esse cenário envolve a participação multiprofissional de médicos, psicólogos e fisioterapeutas, entre outros, com formações e visões diversas.

Ocorrem situações em que os tratamentos são recomendados sem que o paciente seja cuidadosamente avaliado e sem que haja qualquer indicação ou evidências científicas convincentes que suportem a sua utilização, muitas vezes iludindo a boa-fé dos sofredores, que, em desespero de causa, os aceitam.

E mais: nós não podemos ignorar os impactos sociais e financeiros decorrentes dos custos crescentes do diagnóstico e do tratamento.

Em conclusão: deve ser estabelecida uma relação de confiança entre médico e paciente, oferecendo ao mesmo uma medicina ética e fundamentada em evidências científicas, sempre associadas à experiência do médico.

(*) José Goldenberg é professor livre-docente de reumatologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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