Além da Capital, mais 3 cidades colocaram verba da previdência em banco falido
Maior aporte foi feito no Master por instituto de Fátima do Sul; reaver os recursos será um desafio
Dados do Ministério da Previdência demonstram que além do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande), regimes de outras três prefeituras do Estado escolheram o Banco Master para aplicar receitas destinadas a garantir benefícios a servidores aposentados e pensionistas. O maior impacto ficará para o Iprefsul (Instituto de Previdência de Fátima do Sul), que aplicou R$ 7 milhões.
RESUMO
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O Banco Master, que enfrenta liquidação extrajudicial determinada pelo Banco Central, recebeu investimentos de quatro cidades de Mato Grosso do Sul. Além de Campo Grande, que aplicou R$ 1,2 milhão, Fátima do Sul investiu R$ 7 milhões, Angélica R$ 2,2 milhões e Jateí R$ 2,5 milhões. A instituição financeira atraiu recursos de 17 estados e prefeituras, com destaque para a Rioprevidência (R$ 970 milhões) e Amprev do Amapá (R$ 400 milhões). O prejuízo estimado é de R$ 12 bilhões, e o banqueiro Daniel Vorcaro foi preso em operação da Polícia Federal. Os fundos de previdência terão que entrar no concurso de credores durante a liquidação.
Além dele, os órgãos do regime próprio de servidores de Angélica e Jateí também apostaram na rentabilidade do banco para investir valores depositados pelo funcionalismo e pelas prefeituras. As quantias foram, respectivamente, de R$ 2,2 milhões e R$ 2,5 milhões.
Oferecendo correções acima da inflação para aplicações, o Banco Master se popularizou e atraiu recursos de 17 estados e prefeituras, segundo divulgou o ministério. As maiores quantias são da Rioprevidência, dos servidores estaduais do Rio de Janeiro, que somou R$ 970 milhões, e da Amprev, do Amapá, somando R$ 400 milhões. De Campo Grande, o Master recebeu R$ 1,2 milhão em aplicação de receita do IMPCG.
Todos vão conviver com o mesmo desafio: a incerteza de receber de volta os recursos investidos pelos servidores, uma vez que o Banco Central determinou a liquidação extrajudicial da instituição financeira, por falta de solvência, e estima que o prejuízo deva somar pelo menos R$ 12 bilhões, quantia cujo bloqueio judicial foi pedido. Ontem, ocorreu uma operação da Polícia Federal e o banqueiro, o mineiro Daniel Vorcaro, que ostentava uma vida milionária, foi preso.
Diante da dimensão do caso, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), composto por receitas depositadas pelas instituições financeiras, estimou que cerca de 1 milhão de investidores poderão receber recursos. O mecanismo garante ressarcimento de valores particulares de até R$ 250 mil.
Já os fundos de previdência terão que entrar no concurso dos credores do banco durante a fase de liquidação, o que traz a incerteza de recuperação dos valores.
A participação de tantos fundos de previdência na aquisição das chamadas letras financeiras foi explicada ontem como uma frente em que o banco apostou após o Banco Central restringir a regulação das captações voltadas a investidores pessoas físicas, por meio dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário), até então principal fonte de financiamento do Master.

Preocupação de servidores - Diretor do instituto de Jateí há alguns meses, Luciano Francisco da Silva apontou que o valor foi aplicado no ano passado. Segundo ele, a decisão foi pública, mas ele não soube por quê a gestão anterior escolheu o Master.
O fundo dos servidores tem receita de R$ 42 milhões para assegurar benefícios e hoje paga valores a 71 servidores e pensionistas. Ele contou que ainda está sendo estudada a situação do investimento para poder esclarecer os servidores.
A reportagem tentou contato com responsáveis pelos fundos de Fátima do Sul e Angélica, sem retorno. No caso de Fátima, na página do instituto, os balanços mais recentes são de 2022 e 2023. No de novembro de 2023 constava o aporte da prefeitura de R$ 482,9 mil e da Câmara, de R$ 14,4 mil. Outros R$ 296 mil foram repassados para suprir déficit, totalizando receitas de R$ 1.074 milhão na ocasião. Já a folha de pagamento foi de R$ 504,9 mil.
Pelas publicações, havia valores distribuídos em 23 investimentos, nenhum com o nome do Banco Master, totalizando R$ 39,7 milhões, sendo R$ 1,1 milhão de rendimentos. Os maiores valores constavam na Caixa Econômica e no Banco do Brasil, havendo ainda depósitos no Sicredi, no Daycoval e em fundos identificados como Claritas e Schroeder.
Já na página do instituto de Angélica aparecem as aplicações feitas no Master, constando o valor de R$ 2,2 milhões, sem apontamento de data para resgate.
Os créditos do fundo somaram R$ 46,3 milhões em 31 de julho deste ano, dado mais atualizado. Consta, ainda, ata de reunião do começo deste mês, quando servidores integrantes da gestão aprovam a destinação de receitas de investimentos sacados e indicam dois fundos, nenhum ligado ao Master.
No caso do IMPCG, a aplicação no Master foi de R$ 1.394.952,90, quantia que representa 2,77% da carteira de aplicações financeiras do Instituto. O maior valor investido pelo IMPCG, por administrador, está na Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 21.390.804,59. O total em aplicações financeiras, conforme a última ata consultada (referente a julho deste ano), era de R$ 50.421.350,96.
O título foi contratado com previsão de resgate no ano de 2029. O IMPCG ainda não informou quais gestões adotará em relação à possibilidade de perda da receita.


