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Cidades

Antes de cerimônia de formatura, cadete da PM é preso por briga com colega

Discussão inicial era por posição em fila na formatura e acabou com agressão; cadete preso nega acusação

Silvia Frias | 01/03/2021 12:24
Solenidade de formação dos alunos-oficiais na Academia da PM (Foto/Divulgação: CBMS)
Solenidade de formação dos alunos-oficiais na Academia da PM (Foto/Divulgação: CBMS)

Por causa de posição na fila de formação, cadete da PM (Polícia Militar de MS) foi preso após briga envolvendo colega, pouco antes da cerimônia de entrega do Espadim Tiradentes. No evento 53 alunos-oficiais receberiam a arma, com símbolo da conclusão do CFO (Curso de Formação de Oficiais).

A cerimônia foi realizada no dia 26 de fevereiro, na Academia da Polícia Militar, na Vila Nova Campo Grande. O rapaz nega que tenha agredido o colega e disse que ele próprio foi vítima de outro cadete.

Antes do início da cerimônia, os 53 cadetes estavam no bloco 4. No registro do caso, feito pela Corregedoria-Geral da PM, consta em depoimentos que a ordem era que eles sentassem  e aguardassem já na posição que assumiriam durante a cerimônia. No relato das testemunhas, a confusão começou aí, quando houve desentendimento entre o cadete Arthur Soares de Oliveira Franco, 29 anos, e Laryssa Dias Campos Matias de Melo, 28 anos.

A discussão seria o lugar no “dispositivo”, a fila de formação para que cada um recebesse a arma que simboliza a conclusão do curso.

No depoimento da cabo Matias, ela disse que pediu ao colega para que ele voltasse ao seu lugar, a penúltima posição. O cadete Franco respondeu que era “uma p**** esse negócio de ficar trocando de lugar”, já que ele era o último da fila anteriormente. A colega retrucou, dizendo que ele fosse falar com a capitã, comandante do Pelotão de Cadetes.

A capitã Daniella Perete de Freitas Neves confirmou que recebeu  o cadete. Ele a questionou sobre o posicionamento no dispositivo e a militar respondeu que ele deveria ficar posicionado à frente da cadete Matias. O cadete reclamou, pois queria ficar na última posição do dispositivo, como já tinha ocorrido durante o treinamento para cerimônia. Perguntou se era uma ordem e a capitã respondeu que sim.

O cadete ainda insistiu de que treinava na última posição, mas a capitã rebateu, dizendo que ele havia trocado sem ordem de ninguém. A militar explicou em depoimento que as alterações eram sempre simuladas no caso da falta de alguma pessoa. No caso em questão, era por conta da altura dos cadetes e que Matias deveria ir para a última posição, o que já vinha ocorrendo nos ensaios.

Segundo depoimento da capitã, o rapaz saiu e, logo depois, a militar ouviu barulho que vinha do mezanino, no bloco 4, onde estavam os 53 cadetes que participariam da cerimônia. Chegando ao local, foi abordada por vários cadetes e foi informada que o “cadete PM Franco estava agredindo o cadete PM De Souza”.

Franco estava sendo imobilizado pelos colegas e dizia “me solta”.

Um dos cadetes que apartou a briga, segundo relato da capitã, deu voz de prisão ao cadete Franco, o que foi ratificado por ela. O rapaz teria ficado nervoso e dizia que não seria preso. Equipe do Choque que estava na academia foi chamada para imobilizar o rapaz enquanto os outros iriam participar da cerimônia.

Nos depoimentos prestados à Corregedoria-Geral da PM consta que a briga envolveu os cadetes Franco e Fharis Abdel Aziz de Souza, 26 anos.

O cadete De Souza, como é denominado, disse que antes da confusão, ouviu a conversa entre o rapaz a cadete Matias sobre a posição no dispositivo. Depois, viu quando o colega voltou para a sala, aparentemente nervoso. Perguntou a ele se tinha resolvido a situação.

Segundo ele, Franco respondeu que sim e transtornado, desferiu soco no ombro esquerdo do colega. Surpreso, De Souza disse que se levantou para se defender e foi nesse momento que outros colegas imobilizaram Franco.

Posicionamento na formação da fila, o motivo da briga entre cadetes (Foto/Divulgação)
Posicionamento na formação da fila, o motivo da briga entre cadetes (Foto/Divulgação)

Outros colegas que prestaram depoimento apresentaram mesma versão, acrescentando que Franco ainda tentava dar socos a esmo enquanto era levado para outra lado da sala.

Em depoimento, Arthur Soares de Oliveira Franco, 29 anos, confirmou o desentendimento com a cadete Matias, mas diz que ela o tratou de forma ríspida. Também disse que foi conversar com a capitã e voltou para a sala.

Neste momento da briga é que a versão muda. Ele diz que, ao passar pelo cadete De Souza, ouviu a seguinte frase “e daí, bebezinho, falou com capitã?”. Disse que fez movimento brusco com as mãos e lhe perguntou “tá maluco?”.

O cadete disse que não tocou no colega, mas, por conta do movimento brusco, alguns colegas o seguraram pela cintura. Depois, quando já imobilizado, foi agredido por outro cadete que não estava na discussão inicial, com soco no tórax.

Depois, conta que recebeu voz de prisão da capitã Danielle sem que lhe perguntasse nada e se sentiu injustiçado e perturbado, pois acredita que o colega que o agrediu é que deveria ser preso. Começou a gritar pelo pai e pelo advogado.

Sobre a ordem na fila, afirmou ter sido trocado duas vezes por conta da estatura, por vontade da cadete Matias. O cadete disse que tinha problemas anteriores com De Souza, que fazia “muita mula”, brincadeiras, inclusive de teor sexual, e que não gostava disso.

No final do depoimento, disse que pretende se desligar do curso de formação de oficias da PMMS.

As alegadas agressões foram negadas pelos cadetes ouvidos no depoimento.

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