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Cidades

Antes restrito à Copa e protestos, verde e amarelo está de volta

Em Campo Grande, comércio está decorado para promoções da Semana da Pátria. Nas fazendas, produtores atendem chamado de ministra

Marta Ferreira, Maressa Mendonça e Helio de Freitas | 05/09/2019 18:27
Fazenda em Maracaju agora tem bandeira na placa que identifica a propriedade. (Foto: Arquivo pessoal)
Fazenda em Maracaju agora tem bandeira na placa que identifica a propriedade. (Foto: Arquivo pessoal)

Convocado pelo presidente Jair Bolsonaro, o verde-amarelo está de volta às ruas de Campo Grande. Pelo menos no Centro da cidade, onde as lojas estão fazendo promoção para a Semana da Pátria, as cores, que andavam meio esquecidas e só eram usadas em época de Copa do Mundo ou em dia de protestos, estão decorando as lojas. No campo, fazendas estão recebendo quem chega com a bandeira do Brasil hasteada, também atendendo chamado do governo federal, mas por parte da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM/MS), que está abastecendo suas redes sociais com imagens recebidas de todo o Brasil, parte delas de Mato Grosso do Sul.

Tereza Cristina fez a convocação no sábado e, em seu perfil de Instagram, criou um destaque específico para receber as fotos e vídeos enviados. É possível ver imagens de fazendas em Costa Rica, Sidrolândia e Maracaju, municípios emintemente agrícolas no Estado. Enquete realizada pela deputada federal licenciada e produtora rural mostra que quase 40% dos produtores dizem já ter atendido ao pedido.

Um deles é o fazendeiro Renê Ferreira de Souza, 65 anos, de Maracaju, a 160 quilômetros de Campo Grande. Dono da fazenda Erva, de 2,2 mil hectares, onde se produz gado e soja, ele soube da convocação de Tereza Cristina, e “prontamente”, atendeu. Colocou o símbolo brasileiro bem na entrada e pretende manter definitivamente. “Apoio totalmente esse movimento, tanto pelo patriotismo quanto para mostrar a força do agronegócio”, diz. Também em Maracaju, a Agrícola Panorama, empresa de revenda de produtos rurais, está presenteando os clientes com bandeiras.

Em Dourados, rotatória virou "Trevo da Bandeira", desde que símbolo foi instalado. (Foto: Helio de Freitas)
Em Dourados, rotatória virou "Trevo da Bandeira", desde que símbolo foi instalado. (Foto: Helio de Freitas)

Em Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, quem chega já é recebido pelo verde amarelo desde a década de 1990 no Trevo da Bandeira, como é conhecida a rotatória no final da Avenida Hayel Bon Faker, embora o nome oficial seja Praça Praça Walter Guaritá Marquez. Ligação das BRs 163 e 463, o trecho é bastante usado por moradores de outras cidades por ser um dos acessos a Ponta Porã, vizinha ao Paraguai.

Agora, com a campanha desencadeada por Brasília, outros locais em Dourados estão nas cores do Brasil, como a fachada da Associação Comercial da cidade. A Avenida Marcelo Pires, uma das principais vias, também está decorada para o desfile de 7 de Setembro.

Entrada da loja foi revestida de verde e amarelo para a "Promocentro". (Foto: Paulo Francis)
Entrada da loja foi revestida de verde e amarelo para a "Promocentro". (Foto: Paulo Francis)

Na Capital – Em Campo Grande, uma volta pelo centro comercial mostra que há muito verde amarelo. Mais de 300 lojas estão participando da “Promocentro”, iniciativa divulgada esta semana para aproveitar a data e tentar turbinar as vendas e, de quebra, fazer frente à Black Friday na fronteira. O movimento de compras ainda é fraco, o que é atribuído ao fato de o trabalhador em sua maioria não ter recebido o salário ainda.

Líder dos vendedores em loja de semijoias, Catiane Souza Ferreira, de 30 anos, contou à reportagem que desde o começo da semana começaram a mudar a cor das roupas dos manequins fazendo referências às cores da bandeira do Brasil. Os panfletos sobre a promoção foram distribuídos a partir da tarde de quarta-feira (4) e, segundo ela, por esse motivo ainda não é possível perceber aumento na clientela. “As pessoas estão entrando aqui e perguntando sobre a promoção e dizem que não receberam. A gente explica que não tem problema porque é do dia 5 ao dia 10”. Os descontos nesta loja variam de 10% a 30%.

“A gente espera uma procura maior nos dias 6, 7 e 8. Normalmente não abrimos no domingo, mas vamos abrir por conta dessa liquidação”, comenta a gerente administrativa de loja das Casas Bahia, Jucilene Pinheiro de Azevedo. Segundo ela, além dos enfeites na loja, funcionários estão usando as redes sociais para chamar a clientela.

No mesmo ramo de comércio, Marcos Enéias Magalhães, gerente da Magazine Luiza, comentou ter notado diferença no número de clientes, mas diz ainda não ser possível quantificar. Para ele, a decoração está chamando a atenção, mas são os descontos que estão mantendo o cliente no estabelecimento. “O que vai pegar mesmo é no dia 7 porque é feriadão e o comércio vai estar aberto”. Segundo ele, os descontos oferecidos na loja chegam a 70% dependendo do setor.

Quando a reportagem chegou ao local a prateleira onde antes estavam várias bonecas Barbie a R$ 10 estavam vazias. Os vendedores disseram que haviam sido vendidas todas esta tarde. Há brinquedo de R$ 59,90 que também baixou para R$ 10 e a fritadeira foi de R$ 279 para R$ 159.

A costureira Zilda Basílio da Silva, de 46 anos, foi atraída pela placa de promoção. “Por acaso entrei e vi a placa de promoção, aí comprei”, declarou, com um jarra de vidro em mãos.

A aposentada Marisa Dantas, 61 anos, percebeu a decoração, mas queria mais. (Foto: Paulo Francis)
A aposentada Marisa Dantas, 61 anos, percebeu a decoração, mas queria mais. (Foto: Paulo Francis)

Opiniões - Entre frequentadores da região central, a iniciativa é bem recebida. Marisa Dantas, de 61 anos, aposentada, percebeu a decoração na tarde desta quinta-feira (5) enquanto esperava pelo motorista de aplicativo. “Podia ser melhorzinho, mas é válido. Melhor isso que nada”, disse.

Quem também considera importante relembrar o feriado que marca a Independência do Brasil é a balconista Maria Filomena, de 39 anos. “Eu acho bom para não esquecer nossa origem”, disse, fazendo elogios aos enfeites no centro da cidade.

O vendedor Vitor Vilalba, de 25 anos, também acha importante o movimento patriótico. “Eu acho que tinha que estar mais festivo, tinha que ter comemoração a semana inteira, festa, barulho”, comentou, considerando “pouco” apenas ver a cidade decorada.

Para quem comercializa produtos verde e amarelo, a convocação feita pelo governo federal é uma chance de ampliar as vendas para além da época de Copa do Mundo ou de protestos nas ruas. Dono do Bazar São Gonçalo, Adilson Assis, diz que fora dessas situações, nunca houve muita procura dos itens. O usual, contou, era manter o produto no estoque fora das épocas citadas. “Eu tenho bandeira verde e amarela no estoque”, diz, num recado para quem pretende aderir à onda patriota.

Nesse trecho da 14 d Julho, bandeirolas nas cores do Brasil foram colocadas. (Foto: Paulo Francis)
Nesse trecho da 14 d Julho, bandeirolas nas cores do Brasil foram colocadas. (Foto: Paulo Francis)
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