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Cidades

Após queda em 2019, assassinatos voltam a crescer na pandemia

Estado registrou queda em roubos e estupros, mas já apresenta alta em casos de homicídios dolosos, latrocínios e feminicídios

Silvia Frias | 19/10/2020 11:39
Equipe recolhe o corpo de Graziele Quele, vítima de feminicídio, em maio deste ano, em Campo Grande (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)
Equipe recolhe o corpo de Graziele Quele, vítima de feminicídio, em maio deste ano, em Campo Grande (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

A pandemia da covid-19 não foi capaz de reduzir os índices de mortes violentas em Mato Grosso do Sul este ano, que registrou aumento nos casos de homicídios dolosos, feminicídios e latrocínios no 1º semestre de 2020. Essas tipificações tiveram queda no comparativo dos anos integrais de 2018/2019.

Os dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, elaborado e divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo a publicação, 261 pessoas foram vítimas de homicídio doloso de janeiro a junho deste ano em Mato Grosso do sul. Em 2019, foram 246, o que representa aumento de 6,1% no resultado. As mortes por latrocínio passaram de 7 para 10 no semestre.

Os mesmos crimes no período integral de 2018/2019 tiveram redução. Em relação aos homicídios dolosos, a queda contabilizada foi de 9,1%, passando de 516 para 502. Nos latrocínios, redução de 45,1%, passando de 36 para 20 casos no Estado.

Os dados de MS acompanham tendência verificada de maneira geral no País. Nos primeiros seis meses deste ano, houve aumento de mortes violentas no Brasil: 25.712 pessoas assassinadas, alta de 7,1% em relação a igual período de 2019.

No ano passado, foram 47.773 pessoas assassinadas, contra 57.341 em 2018, redução de 17,7%.

 "É um pouco surpreendente porque, embora os homicídios já estivessem em trajetória crescente desde outubro, com a pandemia era de se esperar que fosse interrompida, porque reduziu-se mobilidade, pessoas na rua à noite, em bares", afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista ao UOL.



Quarentena – O anuário traz aumentos significativos nos índices de violência contra mulher em Mato Grosso do Sul neste 1º semestre de 2020. As organizações de combate à violência contra mulher já haviam alertado para os índices, decorrentes do período de isolamento social e proximidade forçada de parceiros violentos. Campanhas como a do site "Não se cale", do governo estadual, foram criadas para incentivar a denúncia contra violência doméstica.

Este ano, 49 mortes de mulheres foram relatadas como homicídio doloso, alta de 11,4% em relação a 2019, quando foram relatadas 44 homicídios naquele ano. Classificadas como feminicídios, são 24 mortes, uma mais do que havia sido registrado no ano passado, no primeiro semestre.

As duas classificações haviam registrado queda no comparativo 2018/2019 no Estado. Foram 87 homicídios dolosos em 2018 e 75 no ano passado. Os classificados como feminicídio foram 42 em 2018 e 34 no ano passado, queda de 19,5%.

O semestre de 2020 também registrou queda em outros crimes. Os de estupro (mulheres e de vulneráveis) chegaram a 1.239, redução de 27,2% em comparação aos 1.698 registrados em igual período de 2019.

O Estado também contabilizou queda no número de roubos este ano, passando de 3.885 no ano passado para 2.882 em 2020. Os flagrantes de tráfico caíram de 2.212 para 2.095.

Na opinião do presidente do Fórum, Renato Sergio de Lima, os dados mostram o quanto o Brasil perdeu oportunidades de converter as quedas de 2018 e 2019 em uma tendência permanente de redução de violência e da criminalidade.

"A gente viu vários políticos, incluindo o ex-ministro Sergio Moro, se vangloriando dos seus feitos, mas os números agora mostram que pouca coisa de fato foi realizada", avalia.

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