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Cidades

Com menor cobertura vacinal em oito anos, risco é de aumento de casos de sarampo

MS teve seis casos confirmados, mas estado vizinho, São Paulo, encerrou 2021 com 145 e este ano já tem 70

Lucia Morel | 29/04/2022 07:51
Criança recebe dose de vacina em Campo Grande. (Foto: Prefeitura Municipal)
Criança recebe dose de vacina em Campo Grande. (Foto: Prefeitura Municipal)

O ano de 2021 fechou com a menor cobertura de vacinação contra sarampo desde 2013 em Mato Grosso do Sul. Não foi diferente nos demais estados do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde através da base de dados do Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde).

A primeira dose da vacina – incluída na tríplice viral, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola – teve cobertura de 75,55% do público, que são crianças de 12 a 15 meses de idade. Já na segunda dose, necessária para completar o esquema vacinal, o alcance foi de apenas 34,74%. Estes são os menores índices em oito anos.

No período, a menor taxa de segunda dose havia sido justamente em 2013, quando a vacina passou a ser em duas doses. De lá para cá, a cobertura sempre havia ficado acima da meta do Ministério da Saúde, que é de 95% para praticamente todas as vacinas. No entanto, entre 2020 e o ano passado, o alvo ficou bem abaixo do necessário.

No entanto, apesar da pandemia parecer a principal razão para a queda, pesquisa nacional feita pelo Nippis (Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão Social) da Faculdade de Medicina da UNIFASE, em Petrópolis (RJ), apontou que a queda acentuada, como já mostrou o Campo Grande News aqui e aqui, vem ocorrendo desde 2016 e não apenas em relação à vacina contra o sarampo.

Gráfico com dados de Mato Grosso do Sul.
Gráfico com dados de Mato Grosso do Sul.

Para os pesquisadores, a situação é preocupante, porque a baixa cobertura de imunizações pode acarretar o retorno de doenças até então erradicadas, como a poliomielite.

O médico infectologista e pediatra, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Felipe Moliterno, “nesse momento, o país se encontra em extrema vulnerabilidade a doenças infecciosas já controladas no nosso território e que podem ressurgir, que são a poliomielite e o sarampo”, sustentou.

Sobre o sarampo, ele cita que o possível aumento de casos não trará apenas sequelas da doença, mas desnutrição e óbitos. Boletim do Ministério da Saúde mostra que em 2021, Mato Grosso do Sul teve seis casos confirmados, sem mortes. Mas estado vizinho, São Paulo, encerrou o ano passado com 145 confirmações e este ano, já tem 70. O MS, em 2022, ainda não registrou positividade em sarampo.

Em relação à poliomielite, erradicada, “muitas vezes, a pessoa se recupera, mas além de poder levar a óbito, é uma doença que acarreta na saturação das equipes e equipamentos de saúde rapidamente, com crianças evoluindo com gravidade para ventilação mecânica”, frisa o médico.

Neste ano, nenhum óbito por sarampo ocorreu no Brasil até agora, mas em 2021, foram registrados dois, no estado do Amapá, em bebês menores de um ano de idade.

Causas - A professora e pesquisadora Patrícia de Moraes Mello Boccolini, responsável pela pesquisa, analisa que os pais e responsáveis têm acreditado em notícias mentirosas, as famosas “fake news”, o que os afasta da imunização.

“Muitas vezes, os pais estão colocando os próprios filhos em risco. Essas vacinas são conhecidas e consagradas, há pelo menos quatro décadas, sendo o melhor método de prevenção”, ressalta, citando que “todos devem buscar informações em fontes seguras, com base na ciência.”

(Fonte: Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde volume 15)
(Fonte: Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde volume 15)

Dia D – Neste sábado, 30, acontece o “Dia D” das campanhas de vacinação contra sarampo e influenza em Campo Grande, conforma campanha do Ministério da Saúde. Ao todo, serão 17 locais de imunização, tanto em unidades de saúde como no polo de vacinação e pontos volantes, que estarão em dois shoppings da cidade.

Os públicos da campanha do contra o sarampo são as crianças entre seis meses e menores de cinco anos de idade, além de trabalhadores da saúde que não possuem registro ou não se lembram de terem sido imunizados com a tríplice viral.

Estes dois grupos também estão entre os que podem receber a vacina contra a gripe, assim como idosos, gestantes e mulheres que tiveram bebê há até 45 dias.

Vacinação - Para diminuir o risco da ocorrência de casos graves e óbitos por sarampo, o Ministério da Saúde adotou, em agosto de 2019, a estratégia da Dose Zero da vacina tríplice viral para crianças de 6 a 11 meses de idade.

Ainda a partir de 23 de novembro de 2020, o órgão suspendeu essa dose nos locais que interromperam a circulação do vírus, mantendo-a nos estados que continuavam com a circulação do vírus do sarampo.

Já este ano, diante do risco de aumento, desde 4 de abril teve início uma ação de vacinação nacional específica contra o sarampo direcionada aos trabalhadores da saúde e às crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias). A ação ocorre de forma concomitante à campanha de vacinação contra a influenza.

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