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Cidades

Data histórica, 22 de abril, chega ao fim e passa batida na maioria das escolas

Em Mato Grosso do Sul a secretaria estadual e municipal não organizou uma programação especial para o dia do “descobrimento” do Brasil

Fernanda Palheta | 22/04/2019 19:02
O termo "descobrimento" ainda está em discussão (Foto Divulgação CPDOC/FGV)
O termo "descobrimento" ainda está em discussão (Foto Divulgação CPDOC/FGV)

O dia 22 de abril chega ao fim e a data que marca o “descobrimento” do Brasil passou batida na maioria das escolas sul-mato-grossenses. Nenhuma programação especial foi organizada pela SED (Secretaria Estadual de Educação) e pela Semed (Secretária Municipal de Educação) nesta segunda-feira (22).

As duas pastas informaram que a “comemoração” da data ficou a critério de cada unidade. Conforme a SED, na rede estadual, as últimas programações especiais realizadas, de formas pontuais nas escolas, foram em comemoração ao Dia da mulher (8 de março), Dia do Índio (19 de abril) e Tiradentes (21 de abril).

A “descoberta” do Brasil também não entrou na agenda de escolas particulares de Campo Grande, como é o caso do Colégio Oswaldo Tognini (Funlec) e do Colégio Elite Mace, que não realizaram nenhum evento para marcar a data.

Mesmo não entrando na lista dos feriados nacionais, o dia já fez parte do calendário escolar, como aponta a doutora em história, Lenita Maria Rodrigues Calado. “Já foi comemorada, era registrado nas escolas, mas com essa releitura de entender os processos históricos isso mudou. É uma questão da história do Brasil que não está bem resolvida”, afirma.

O termo que dá nome a data ainda está em discussão. “Porque achavam que era descobrimento, e depois com o crescimento dos trabalhados da historia mudou o termo para achamento. A mudança veio porque já tínhamos o registro da chegada de outros povos em território brasileiro. Hoje como reconhecimento dos povos indígenas, alguns historiadores já estão discutindo o uso do termo invasão”, explica.

A historiadora ainda destaca a importância da discussão ao redor do termo usado. “A tendência é rever esse conceito já que a historia é formada de conceito. Por isso cada palavra usada importa”, reforça.

A mudança ainda reflete na forma de comemoração de outras datas como o Dia do Índio. “Não podemos continuar ensinando coisas de 100 anos atrás. Tanto que o Dia do Índio não pode ser comemorado como antigamente, fazendo cocares por exemplo. Hoje não usamos também o termo índio porque reduz a diversidade cultural, por isso dizemos povos indígenas porque entendemos que são culturas diferentes”, afirma Lenita.

Nacionalismo

Em tempos em que o hino nacional está de volta nas escolas, a historiadora Lenita Lenita Maria Rodrigues Calado, aponta que o nacionalismo não está ligado a programações especiais. “O nacionalismo não é uma coisa que pode ser imposto ao outro, como dizem que tem que criar as crianças para serem nacionalistas. Não é uma coisa que você pode criar, está ligado a outro sentimento”, explica.

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