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Cidades

Empresa investigada por desvios na saúde integra grupo que disputa gestão do HR

Health Brasil está em consórcio habilitado em concorrência; leilão será definido amanhã (4) em São Paulo

Por Jhefferson Gamarra | 03/12/2025 15:38
Empresa investigada por desvios na saúde integra grupo que disputa gestão do HR
Prédio do Hospital Regional que terá a gestão entregue a iniciativa privada (Foto: Osmar Veiga)

A Health Brasil Inteligência em Saúde Ltda, empresa investigada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por supostas fraudes, corrupção, superfaturamento e desvio de recursos públicos envolvendo contratos de saúde no Estado, integra um dos consórcios habilitados a disputar a concessão dos serviços não assistenciais do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul pelos próximos 30 anos.

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A Health Brasil Inteligência em Saúde Ltda, investigada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul por supostas fraudes e desvios de recursos públicos, integra um dos consórcios que disputam a concessão dos serviços não assistenciais do Hospital Regional de MS. A decisão será definida nesta quinta-feira (4), na Bolsa de Valores, em São Paulo. O contrato prevê investimentos de R$ 5,6 bilhões ao longo de 30 anos, incluindo obras de ampliação, reforma e gestão de serviços de apoio. O HRMS continuará como hospital público, mantido pelo SUS, com assistência médica sob responsabilidade do Estado. Outras quatro propostas concorrem à concessão.

A decisão da concorrência acontecerá nesta quinta-feira (4), na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, onde será batido o martelo para definir qual empresa ou grupo assumirá a administração do hospital.

A empresa faz parte do Consórcio ZHEM MS, formado em conjunto com Engenharia de Materiais Ltda, Zetta Infraestrutura e Participações S.A. e M4 Investimentos e Participações Ltda, conforme registro em ata da sessão de recebimento de envelopes realizada no dia 1º de dezembro de 2025.

A habilitação confirma que o grupo está apto a disputar o contrato de concessão administrativa, que envolve a execução de obras, aquisição de equipamentos médico-hospitalares e gestão de serviços de apoio no complexo hospitalar, com previsão de investimentos bilionários ao longo de três décadas.

Além do consórcio liderado pelo grupo da Health Brasil, outras quatro propostas foram recebidas. Conforme a ata da sessão, entregaram envelopes a Construcap CCPS Engenharia e Comércio S.A., a OPY Healthcare Gestão de Ativos e Investimentos S.A., o Consórcio Sonda Saúde MS e o Consórcio Saúde MS.

Os dois primeiros concorrem individualmente, enquanto os demais participam em grupos empresariais, compondo um cenário de disputa que reúne conglomerados com experiência nacional no setor de infraestrutura e na gestão de unidades hospitalares.

A presença da Health Brasil no certame ocorre em meio as investigações da Operação Turn Off, conduzida pelo MPMS, que apura o suposto envolvimento de empresários e servidores públicos em um esquema para manipular licitações na SES (Secretaria de Estado de Saúde) e na SED (Secretaria de Educação), beneficiando empresas que forneciam insumos e equipamentos com preços superfaturados.

A operação teve duas fases, em novembro de 2023 e junho de 2024, com cumprimento de mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão. Este foi um dos desdobramentos que revelou supostos pagamentos de propina e favorecimentos em licitações da rede pública estadual.

A investigação envolve contratos firmados com diversas empresas ligadas aos irmãos Lucas e Sérgio Coutinho, apontados pelos promotores como responsáveis por articular o esquema com servidores públicos das secretarias estaduais, operando fraudes em licitações, peculato e lavagem de dinheiro para garantir a venda de equipamentos e serviços sobrevalorizados. A promotoria aponta que fraudes teriam favorecido a empresa, inclusive com a participação de servidores que atuaram para beneficiar sua proposta em detrimento de concorrentes.

O MP relatou ainda que a existência de direcionamento em licitações provocou a desistência da multinacional Siemens, uma das maiores fabricantes de equipamentos médicos do mundo, que decidiu não prosseguir em um procedimento após identificar supostas tentativas de manipulação em favor da Health Brasil. De acordo com os promotores, os equipamentos produzidos pela Siemens foram posteriormente utilizados pela empresa investigada no contrato com o Estado, reforçando indícios de que o processo licitatório teria sido estruturado para seu benefício.

Gestão do HR - A concessão em disputa prevê que o consórcio vencedor ficará responsável pela execução de obras de ampliação do hospital, reforma da atual estrutura, aquisição e instalação de mobiliário e equipamentos médico-hospitalares, além da prestação de serviços como limpeza, lavanderia, cozinha, jardinagem, segurança, portaria e parte administrativa.

O HRMS permanecerá como hospital público, mantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), com assistência médica e profissionais de saúde sob responsabilidade do Estado. Segundo o edital, o contrato prevê cerca de R$ 5,6 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos, destinados principalmente à ampliação da capacidade de atendimento, com construção de novos blocos hospitalares, expansão de leitos e aumento da estrutura física de 37 mil para 71 mil metros quadrados.

O envelope com a proposta técnica e comercial permanece lacrado e será aberto durante o leilão desta quinta-feira, quando será definida a empresa responsável por administrar os serviços.

Com a habilitação formalizada, a Health Brasil, que tem sido alvo contínuo de ações, denúncias e operações desde 2023, passa a disputar o controle administrativo do maior hospital público de Mato Grosso do Sul, em uma concessão que poderá render receitas mensais estimadas em até R$ 13 milhões, em um contrato que prevê investimentos, ampliação de estrutura e gestão operacional por três décadas.

A reportagem tentou localizar a defesa da empresa, mas não conseguiu contato até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.