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Cidades

Escutas mostram influência dos presos de MS na direção nacional do PCC

PF deflagrou operação contra expansão do PCC no Rio de Janeiro e, em MS, identificou uma das lideranças como "Bigode"

Silvia Frias | 25/08/2020 17:22
PF cumpre mandados no Rio de Janeiro, contra expansão do PCC (Foto/Divulgação)
PF cumpre mandados no Rio de Janeiro, contra expansão do PCC (Foto/Divulgação)

A Operação Expurgo da PF (Polícia Federal) deflagrada hoje em Mato Grosso do Sul e outros cinco estados tinha como objetivo evitar a expansão do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Rio de Janeiro. As escutas telefônicas captadas na investigação mostram a ação de integrantes da facção nos morros e presídios cariocas.

Em uma delas, liderança presa em Mato Grosso do Sul recebe relatório sobre a atitude de um dos “irmãos”, que resolveu sair da facção e está no “seguro” no Complexo Penitenciário de Gericinó – Bangu IV, presídio de regime fechado no Rio de Janeiro.

Segundo a PF, as investigações que culminaram na Operação Expurgo tiveram início em dezembro de 2018 e apontaram que os líderes da organização tinham o objetivo de expandir sua atuação no Rio de Janeiro, inclusive contando com aproximação e parceria de outras facções já atuantes no Estado. Uma delas, segundo as gravações telefônicas é o TCP (Terceiro Comando Puro), facção formada a partir dos dissidentes do TC (Terceiro Comando).

Os 27 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Bangu (RJ): Rio de Janeiro (7), São Paulo (9), Pernambuco (2), Minas Gerais (5), Pará (1) e Mato Grosso do Sul (3).

Mandados também foram cumpridos em presídios (Foto/Divulgação)
Mandados também foram cumpridos em presídios (Foto/Divulgação)

Deste total, segundo assessoria da PF, dos 27 mandados de prisão, 14 foram cumpridos dentro de presídios e 6 de pessoas em liberdade (RJ, SP, MG e PA). Outros 7 alvos não foram localizados. Em Mato Grosso do Sul, os 3 alvos eram dois internos do Presídio de Segurança Máxima, em Campo Grande e outro do presídio da Gameleira.

Nas escutas telefônicas, os integrantes do PCC falam sobre o tráfico de armas e drogas no Rio de Janeiro, sobre levar “amostra” da maconha para aquele estado, com objetivo de expandir os negócios e do cadastramento de novos faccionados.

As diligências identificaram que os líderes, mesmo já presos, desempenhavam a gestão criminosa de dentro de presídios estaduais, de onde replicavam ordens e tomavam decisões a exemplo dos chamados “salves” dados pela cúpula da organização.

Apurou-se também que a comunicação da organização criminosa era facilitada pelo uso de aplicativos e orientava a divisão de tarefas, permitindo a definição de atividades diárias, a realização de debates e a tomada de decisão; bem como a difusão de diretrizes a serem adotadas pelos membros e o monitoramento das atividades das forças de segurança estaduais.

No início de agosto, reportagem do Campo Grande News mostrou o rito de entrada na facção com origem em São Paulo, em que elaborado questionário precede o batismo, respondido sob anuência de várias lideranças pelo país, muitas delas, em Mato Grosso do Sul. Em uma das escutas, o sintonia de MS acompanha severo castigo dado a um infrator das normas do PCC.

Novamente, na operação comandada pela PF do Rio de Janeiro, as escutam mostram a grande influência dos presos de MS na composição do PCC país afora. Em uma delas, de 17 de setembro de 2019, o preso identificado como “Da Leste” passa relatório a uma liderança identificada apenas como “Bigode”, que está em MS.

De acordo com investigação, umas das atribuições de “Da Leste” passar todas as alterações sobre os integrantes do PCC, em ligações feitas todas as noites. Na conversa interceptada, o superior recebe a informação sobre a deserção de um dos “irmãos”.

“Da Leste” diz apenas que o “irmão” estava em Bangu IV e, sem qualquer explicação, “pulou”, ou seja, trocou de facção. Na conversa, entende-se que o preso pediu para sair da cela em que estava, indo para o seguro, o que não fica claro se apenas foi para outro módulo ou acabou ficando em isolamento. Bigode limita-se a ouvir e comentar: “Tendeu, barato novo, hein?”. O outro encerra a conversa: "Fechou irmão, fechou, tamo juntão, falô? Bom trabalho pro irmão aí também".

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