Saga de venezuelanos revela limites da assistência social em Campo Grande
Uma das famílias de imigrantes que veio para Capital vive há meses em situação de rua com 5 crianças

Refugiada do país de origem, família de venezuelanos que busca moradia e emprego recorre a abrigo temporário em uma escola abandonada para sair das ruas de Campo Grande. A reportagem do Campo Grande News encontrou, na tarde desta quinta-feira (4), a família em frente ao Terminal Rodoviário de Campo Grande, composta por cinco adultos e cinco crianças, com idades entre 2 e 13 anos, que vive há meses em situação de rua no Estado.
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Uma família venezuelana composta por cinco adultos e cinco crianças encontrou abrigo temporário em uma escola abandonada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O grupo, que estava em situação de rua, busca emprego e moradia estável na cidade após tentativas frustradas de estabelecimento em outras localidades, incluindo Presidente Prudente (SP) e Corumbá. A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, oferece acolhimento para imigrantes através do Centro Pop e das Unidades de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (UAIFA). A UAIFA II, recentemente inaugurada, é dedicada exclusivamente ao atendimento de imigrantes em situação de vulnerabilidade.
Anthony Jimenez, esposo de Paola Graterol e pai das crianças, relatou à reportagem que a família está em busca de emprego e moradia e, para fugir dos perigos da rua, como as ameaças de usuários de drogas, aceitou a ajuda de moradores da região, que levaram os venezuelanos a se abrigarem em uma escola abandonada. Apesar de vários projetos da Prefeitura para amenizar as dificuldades dessas pessoas, nesse caso a família admite que não quer essa ajuda.
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O grupo tentou se estabilizar em outras localidades e chegou a sair do Estado para buscar vida melhor em Presidente Prudente (SP). Porém, lá passou por dificuldades e garante que até enfrentou tentativas de abuso cometidas por usuários de drogas que ficavam em um abrigo do município paulista.
De volta a Mato Grosso do Sul, o destino foi Corumbá, com planos de voltar para casa, mas os venezuelanos foram convencidos de que, em Campo Grande, eles conseguiriam ajuda. "Em Corumbá ficamos em uma praça, mas estava complicado também, tinham outros estrangeiros fazendo maldades por lá, e por isso o povo não queria venezuelanos na cidade, a polícia chegou a nos ameaçar lá e dizem para voltarmos ao nosso país", relatou o venezuelano.
Durante a entrevista, uma família ligada à igreja, que não quis se identificar à reportagem, levou a família de venezuelanos para uma escola abandonada que serviria de "abrigo" improvisado para os imigrantes ficarem até conseguirem um local para morar.
Em conversa informal, a família disse que está buscando ajuda com amigos e conhecidos para garantir água, comida, colchões e roupas, entre outras necessidades, aos venezuelanos, para que consigam se manter na cidade, em busca de emprego e moradia.

Diante da situação de vulnerabilidade social, a reportagem também entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande. A conclusão é que projeto existe, mas os venezuelos têm de aceitar e procurar de forma espontânea.
Em resposta aos questionamentos sobre o que pode ser feito, o município, por meio da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), informou que famílias de imigrantes que necessitam e desejam receber auxílio social para ficarem em um abrigo devem procurar o Centro POP, localizado na Rua Joel Dibo, nº 555, que é a unidade da prefeitura responsável por regular todas as vagas das unidades de acolhimento do município.
Caso a família de imigrantes não consiga se dirigir à unidade, a prefeitura disponibiliza o número 156 para acionar o SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social), que encaminhará uma equipe para atender e conversar com as pessoas vulneráveis, a fim de direcionar o atendimento e a regulação de vagas no Centro POP.
No caso de famílias de refugiados, a SAS encaminha os estrangeiros para as unidades I ou II da UAIFA (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias).
Na UAIFA I, por exemplo, a SAS informa que existem alas reservadas só para abrigar famílias. No mês de agosto, 150 vagas foram abertas pela prefeitura, sendo que 90 vagas são direcionadas para uma nova unidade da casa de passagem resgate, que é específica para atender à população em situação de rua.
A UAIFA II, localizada na rua Maracaju, foi inaugurada recentemente para atendimento exclusivo a imigrantes. Caso a família tenha interesse em receber o auxílio do município, é o local indicado pela prefeitura para acolhimento.
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