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Economia

MS cresce em "estrangeiros", mas fica atrás de MT e GO em saldo migratório

MS tem saldo migratório positivo, mas crescimento é quatro vezes menor que em estados vizinhos

Por Ângela Kempfer | 27/06/2025 09:46
MS cresce em "estrangeiros", mas fica atrás de MT e GO em saldo migratório
Trecho da BR-163, rota de chegada e partidas para Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)

Enquanto estados do Sudeste registraram perdas no saldo migratório, o Centro-Oeste se consolidou como uma das regiões mais atrativas do país. Mato Grosso do Sul aparece nesse movimento de mais gente chegando do que saindo. Porém, entre 2017 e 2022, surge apenas na 7ª posição no Brasil, muito longe de outros estados vizinhos. O crescimento é quatro vezes menor que Mato Grosso e Goiás.

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Mato Grosso do Sul registrou saldo migratório positivo de 48.865 pessoas entre 2017 e 2022, ocupando a 7ª posição no ranking nacional, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE. O estado apresentou crescimento de 0,64% no fluxo de trabalhadores, índice inferior aos vizinhos Mato Grosso (2,8%) e Goiás (2,6%). O Centro-Oeste se consolidou como segunda região mais atrativa do país, com saldo positivo de 208,8 mil pessoas. O dinamismo econômico impulsionado pelo agronegócio é apontado como principal fator de atração, especialmente em áreas de fronteira agrícola e polos urbanos de crescimento acelerado.

O Estado teve saldo positivo de 17.520 pessoas, com mais gente chegando no território. Foram 106.122 vindo e 88.267 deixando MS. Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (27) pelo IBGE. O índice é de 0,64% positivo nesse fluxo de trabalhadores, contra crescimento de 2,8% registrados no Mato Grosso e 2,6% em Goiás. Santa Catarina é recordista no Brasil, com espantosos 4,63% na diferença entre quantos chegaram e os que deixaram a região.

No recorte regional, o Centro-Oeste teve o segundo maior ganho proporcional do país, atrás apenas do Sul. O saldo migratório positivo da região foi de 208,8 mil pessoas, sendo que 26,5% da população residente é composta por migrantes, um em cada quatro moradores nasceu em outra parte do país ou no exterior.

MS cresce em "estrangeiros", mas fica atrás de MT e GO em saldo migratório

De onde são ? - Até 2022,  0,97% dos habitantes do Estado eram de fora. Em território sul-mato-grossense, dados do Censo mostram que em relação ao fluxo internacional, a maioria dos 10.028 novos moradores veio da Venezuela, com 4.249 imigrantes, seguida por 3.065 vindos do Paraguai. Países com menor representação foram Malta e Turquia, com apenas quatro pessoas de cada nacionalidade que escolheram o Estado como destino.

Na capital, Campo Grande, o cenário se repete em menor escala: 1.964 moradores chegaram de outros países, sendo 830 venezuelanos. Na outra ponta, a cidade registrou apenas 18 imigrantes oriundos de Uganda. O fluxo internacional revela mudanças ao longo do tempo. Em 2000, predominavam imigrantes vindos do Paraguai, Japão e Bolívia. Já em 2010, os principais países eram Paraguai, Japão e Portugal. Em 2022, a liderança ficou com Venezuela, Paraguai e Bolívia.

No que diz respeito à migração interna, de brasileiros, Mato Grosso do Sul recebeu 116.245 pessoas que viviam em outros estados cinco anos antes do levantamento. A maior parte, 30.652, veio de São Paulo.

A capital também segue essa tendência: entre os novos moradores, 7.722 moravam em território paulista em 2017. É importante destacar que esses dados referem-se ao local de residência anterior, não necessariamente ao estado de nascimento dos migrantes.

MS cresce em "estrangeiros", mas fica atrás de MT e GO em saldo migratório
 O levantamento é até 2022, não registra o possível boom no interesse por setores como da celulose (Foto: Divulgação)

O principal fator de atração, segundo o IBGE, é o dinamismo econômico impulsionado pelo agronegócio, especialmente em áreas como a fronteira agrícola e os polos urbanos de crescimento acelerado. Porém, como o levantamento é até 2022, não registra o possível boom no interesse por setores como da celulose, que deve atrair mais trabalhadores de fora.

Mais perderam -  O dado do Centro-Oeste contrasta com o cenário do Sudeste, que registrou, pela primeira vez desde 1991, um saldo migratório negativo de 120,6 mil pessoas.

Entre as maiores cidades brasileiras, São Paulo fez o caminho inverso do histórico. Destino tradicionalmente mais procurado por quem vem de fora, nos anos pesquisados mais moradores deixaram o estado do que chegaram, revertendo uma liderança histórica no ranking populacional. No Rio de Janeiro, a perda foi ainda maior: 165,4 mil pessoas saíram a mais do que entraram no estado.

Mas nesse ranking negativo, quem mais perdeu no fluxo migratório foi o Distrito Federal, com saldo negativo de 3,64%.

Brasil - Entre 2010 e 2022, o número de residentes nascidos no exterior no Brasil passou de 592 mil para 1 milhão, representando um aumento de 70,3%. É a primeira vez desde 1980 que o país volta a registrar um contingente tão alto de estrangeiros e naturalizados. O dado quebra uma tendência de queda observada desde o Censo de 1960, quando o número de imigrantes vinha diminuindo progressivamente a cada década.

A América Latina passou a responder pela maior parte dessa população: os nascidos na região saltaram de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022. O destaque é a Venezuela, com 272 mil imigrantes, tornando-se o principal país de origem de estrangeiros no Brasil e ultrapassando Portugal. Em contrapartida, a presença de europeus caiu de 263 mil para 203 mil. Entre os que migraram mais recentemente, 399 mil chegaram ao país entre 2018 e 2022, consolidando esse novo perfil migratório.

Além disso, a proporção de latino-americanos entre os imigrantes aumentou de 27,3% para 72% em 12 anos, enquanto houve retração dos fluxos vindos da Europa (de 29,9% para 12,2%) e da América do Norte (de 20,4% para 7%).

O crescimento da imigração latino-americana, principalmente da Venezuela, alterou o perfil dos fluxos migratórios para o Brasil, que agora se concentram em estrangeiros vindos do Sul global, ao contrário do passado, quando predominavam brasileiros retornando de países desenvolvidos.

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