Fechar a fronteira para combater o crime organizado é “discurso vazio” para a PF
Superintendente avalia que não há soluções mágicas e diz que controle do crime exige integração entre poderes
Durante a posse do novo delegado-chefe da Polícia Federal em Corumbá, Alexsandro Pereira de Carvalho, na manhã desta sexta-feira (31), o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Angelo, afirmou que o combate ao crime organizado não será alcançado com “discursos fáceis e simplistas” que defendem o fechamento das fronteiras do Brasil, especialmente com a Bolívia.
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O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D'Angelo, criticou discursos que defendem o fechamento das fronteiras do Brasil com a Bolívia como solução para o crime organizado. Durante a posse do novo delegado-chefe em Corumbá, ele destacou que mesmo os Estados Unidos enfrentam dificuldades similares com o México. D'Angelo defendeu a integração das forças de segurança como estratégia eficaz, citando Mato Grosso do Sul como exemplo bem-sucedido. O superintendente também ressaltou a importância das delegacias de Ponta Porã e Corumbá no combate ao crime organizado e mencionou a necessidade de recursos para a construção da nova sede em Corumbá.
Ele afirmou, em entrevista ao Campo Grande News, que a tentativa de “jogar o problema no colo do outro” e responsabilizar a segurança pública por situações graves como estão ocorrendo no Rio de Janeiro, “é fazer bandeira política que só tem a contribuir para o mal”.
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Cotta D’Angelo citou as dificuldades dos Estados Unidos, maior potência do mundo, em controlar a migração e a passagem de drogas pela fronteira com o México, muito menor do que a extensão territorial com a Bolívia e o Paraguai. “Não podemos cair nesse discurso vazio e impróprio de que bastaria fecharmos as fronteiras ou exigir uma atuação mais digna do Governo Federal”, ponderou.
Ele defendeu a união de esforços e integração das organizações de segurança pública, citando Mato Grosso do Sul como exemplo bem sucedido, como caminho para combater o crime organizado em todo o país. Lembrou que os estados devem atuar fortemente, responsabilidade prevista na Constituição, se não querem a entrada de droga e outros ilícitos.
“Nós reconhecemos nossa responsabilidade, temos que aprimorar a nossa atuação, mas os estados também devem atuar forte, não é nem uma questão de ser constitucional”, pontuou, reforçando as “ações concretas” no Estado, pela integração das forças, com prisões, apreensões de toneladas de drogas e resolutividade em outros crimes, como descaminho, lavagem de dinheiro e corrupção.
Fronteira e Pantanal - Abordando a questão das fronteiras de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia, o superintendente disse que as delegacias de Ponta Porã e Corumbá são estratégicas no combate ao crime organizado, cuja atuação vai reverberar em todo o resto do país. A nomeação de um delegado com experiência na região, segundo ele, demonstra a importância da Polícia Federal em Corumbá.
“Para manter esse trabalho extenuante e a sinergia, temos procurado fazer uma constante renovação numa região de grande relevância, onde, além das questões fronteiriças, temos o Pantanal, que merece atenção especial pelos crimes ambientais, os quais exigiram uma atuação muito forte no ano passado por conta dos incêndios florestais”, observou.
Em seu discurso de saudação ao novo chefe da delegacia de Corumbá, Carlos Henrique disse que entre os grandes desafios da Polícia Federal na região será concretizar a construção da nova sede da delegacia, que já tem o terreno e projeto, mas faltam os recursos (R$ 30 milhões). Para tanto, pediu o apoio da bancada federal e dos prefeitos de Corumbá e Ladário.


