ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, SEGUNDA  01    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Gaeco foi às ruas para prender clã Razuk e 17 suspeitos, mas 3 estão foragidos

Quarta fase de operação também cumpriu 27 mandados de busca e apreendeu euros

Por Ângela Kempfer | 01/12/2025 19:51
Gaeco foi às ruas para prender clã Razuk e 17 suspeitos, mas 3 estão foragidos
Casa no Monte Castelo onde funcionou o primeiro "QG" do grupo investigado; no local, foram encontradas máquinas do jogo do bicho (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

A quarta fase da Operação Successione foi às ruas na terça-feira passada, dia 25, para prender o clã Razuk e outros 17, mas três suspeitos escaparam das “garras” do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado). Roberto Razuk e os filhos são investigados por comandar organização criminosa, armada e violenta, dedicada à exploração de jogos de azar. Segundo a investigação, os contraventores, para manter o negócio ativo, se valem de corrupções e crimes como roubos, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Operação Successione, em sua quarta fase, resultou na prisão de 17 dos 20 suspeitos de integrar organização criminosa liderada pelo clã Razuk. O grupo é investigado por exploração de jogos de azar, corrupção, roubos e lavagem de dinheiro em Mato Grosso do Sul. Durante as buscas em cinco cidades sul-mato-grossenses e três estados, foram apreendidos R$ 274,9 mil em espécie, euros, armas, munições e máquinas de jogo do bicho. Roberto Razuk e dois de seus filhos foram detidos, mas três suspeitos permanecem foragidos. A defesa da família nega as acusações e aguarda manifestação nos autos do processo.

Conforme balanço divulgado nesta segunda-feira (1º) pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), 17 dos 20 mandados de prisão expedidos para a Successione 4 foram cumpridos. Pendentes de cumprimento, conforme apurado pelo Campo Grande News, são os expedidos contra Flávio Henrique Espíndola Figueiredo, de 36 anos, e Gerson Chahuan Tobji, 48. Outro investigado, Willians Ribeiro de Oliveira, de 43 anos, também tem mandado de prisão contra si em aberto, mas não se trata de ordem expedida pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna para o Gaeco.

Flávio é apontado pela investigação como integrante da organização criminosa responsável por locar o primeiro imóvel que serviu como “QG” do grupo em Campo Grande, onde máquinas do jogo do bicho foram apreendidas. Em conversas interceptadas, ele diz que inicialmente “não estava mexendo”, mas depois reconheceu que alugou a casa para “a turma”.

Gaeco foi às ruas para prender clã Razuk e 17 suspeitos, mas 3 estão foragidos
Conversa de Flávio interceptada pelo Gaeco (Foto: Reprodução)

Para pedir a prisão de Flávio, o Gaeco também demonstra que ele recebia valores via PIX para redistribuir, funcionando como espécie de “laranja financeiro” para ocultar repasses efetuados pelo deputado estadual Robert Razuk Filho, o Neno Razuk, apontado como um dos líderes do bando, mas que não foi alvo da fase 4 da Successione. Flávio é considerado foragido e tem contra si mandado com validade até 19 de novembro de 2045.

Gerson Chahuan Tobji é nome mais “antigo” na organização criminosa, segundo o Gaeco. Ele já havia sido identificado na 2ª fase da Successione, quando foi indicado como “guardião” de um pen drive com dados sensíveis. Na ocasião, houve busca e apreensão, mas o dispositivo não foi encontrado.

Mais tarde, contudo, a investigação descobriu que Gerson é membro ativo do esquema. Atuava no gerenciamento do jogo do bicho, especialmente na cooptação de rivais na Capital, onde os Razuk “brigavam” pelo domínio da loteria ilegal no vácuo deixado pela derrocada da família Name em decorrência da Operação Omertà. As evidências levantadas contra ele são comprovante de depósito e conversa em grupos de WhatsApp onde ele era cobrado a “organizar o jogo”.

Gaeco foi às ruas para prender clã Razuk e 17 suspeitos, mas 3 estão foragidos
Caixa contendo a maquininhas apreendidas no "QG" do clã Razuk na Capital (Foto: Direto das Ruas)

Balanço – Roberto Razuk e dois dos filhos dele, Rafael Godoy Razuk e Jorge Razuk Neto, foram presos pelo Gaeco no dia 25. Além das 20 ordens de prisão, os investigadores cumpriram 27 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã e nos estados do Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Conforme balanço divulgado hoje pelo Gaeco, nos endereços vasculhados, foram apreendidos R$ 274,9 mil em espécie, além de € 1,06 mil (o equivalente a R$ 6.257,32). O material encontrado pelas equipes também inclui diversas folhas de cheque, duas armas de fogo, munições, dezenas de máquinas do jogo do bicho, documentos, anotações, notebooks e celulares utilizados em atividades ilícitas, reforçando, segundo o MP, o alto poder financeiro do grupo investigado.

O termo italiano “Successione” – que dá nome à operação – faz referência exatamente à disputa pela sucessão do jogo do bicho em Campo Grande.

Outro lado – Em nota, a defesa dos Razuk, formada pelos advogados André Borges e João Arnar, afirmou que as informações divulgadas sobre a nova fase da Successione ainda não lhes foram comunicadas oficialmente e que, quando isso ocorrer, irão se manifestar nos autos. Ressaltou que, pela Constituição, ninguém pode ser considerado culpado antes do fim do processo e negou qualquer envolvimento em crimes. Disse que jamais foi ouvida pelas autoridades sobre os fatos citados e que, se tivesse sido intimada, tudo seria esclarecido sem dificuldade.

Afirmou ainda ser falsa a existência de organização criminosa, de plano para disputar espaço com grupos do jogo do bicho de São Paulo e Goiás e de qualquer ato de violência no Mato Grosso do Sul ou em outros estados, destacando que parte dessas acusações já está em análise judicial com defesa apresentada.

A nota conclui que todos os pontos serão esclarecidos no momento adequado e que a família aguardará uma decisão justa da Justiça, instituição que diz respeitar. Roberto Razuk já está em prisão domiciliar.

A reportagem não encontrou informações sobre as defesas dos demais citados, mas o espaço segue aberto para futuras manifestações.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.