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Cidades

Secretário diz que recorde de mulheres mortas é efeito colateral de proteção

Na lógica do titular da Sejusp ações têm feito vítimas denunciarem e reação de autores acaba mais violenta

Por Jhefferson Gamarra e Ketlen Gomes | 24/11/2025 17:36
Secretário diz que recorde de mulheres mortas é efeito colateral de proteção
Secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, tem uma lógica própria sobre a disparada dos feminicídios em 2025, ano que já supera os números de 2024 e que fez de novembro o mês mais letal da década para mulheres no Estado.

RESUMO

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Mato Grosso do Sul registra aumento alarmante nos casos de feminicídio em 2025, com 37 ocorrências até o momento, superando os 35 casos de 2024. Novembro tornou-se o mês mais letal da década para mulheres no Estado, com seis assassinatos registrados. Apesar dos números preocupantes, o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, defende a eficácia dos programas de proteção. Segundo ele, o aumento das denúncias e o empoderamento feminino têm provocado reações violentas de agressores que, anteriormente, mantinham suas vítimas sob controle por anos.

Para Videira, muitas vítimas que hoje entram para as estatísticas já vinham de uma vida marcada por violência constante. A diferença, segundo ele, é que agora elas denunciam, encontram acolhimento, e justamente esse processo de ruptura, antes inexistente, tem provocado reações extremas em antigos agressores.

“Essas mulheres estão sendo acolhidas, elas estão sendo recebidas e estão impondo uma resistência àquilo que no passado era uma constante ou uma vida de sofrimento. Então, muitas dessas mulheres, neste processo de resiliência, de luta, acabam sendo vítimas. Mas muitas outras estão sendo resgatadas daquele processo de, às vezes, dezenas de anos, de uma vida inteira de sofrimento.”

O secretário falou sobre o assunto, durante a apresentação do IntegraJus Mulher, realizada nesta segunda-feira (24) no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, reuniu representantes da segurança pública e instituições do Judiciário para detalhar novas ferramentas de enfrentamento à violência doméstica.

Desde janeiro o Estado já contabiliza 37 feminicídios. Só em novembro, ainda com uma semana por encerrar, seis mulheres foram assassinadas, fazendo deste o mês mais violento desde o início da série histórica, em 2015. O total também ultrapassa o registrado no ano passado, quando 35 mulheres foram vítimas de feminicídio.

Mesmo diante do cenário de aumento dos assassinatos, o titular da Sejusp avalia que os programas de proteção têm produzido resultados concretos, especialmente ao permitir que mais mulheres denunciem, saiam do ciclo de agressões e acessem canais de acolhimento que antes não existiam.

Ao analisar o crescimento dos feminicídios, Videira aponta um fenômeno que, segundo ele, tem sido observado entre as equipes de segurança: a reação violenta de autores que, por anos, mantiveram suas companheiras sob controle e agressões contínuas.

“A gente analisa de uma forma que a mulher está não mais aceitando aquilo que no passado ela era obrigada a aceitar. Ela está tendo um empoderamento”, afirmou o secretário.

O secretário afirma que há um novo perfil de casos graves: autores que por décadas foram responsáveis por agressões recorrentes e que, ao perderem o controle sobre a vítima, cometem o feminicídio.

Apesar da escalada dos números, Videira reforça que o Estado tem ampliado sua capacidade de proteção, o que, na análise dele, demonstra que as ações estão surtindo efeito ao retirar mulheres de ambientes violentos e facilitar o acesso a denúncias.

“Na medida em que nós estamos aumentando a capacidade do Estado, de uma forma integrada, de preservar vidas [...] você está tirando do sofrimento mulheres que eram vítimas de violência e que não tinham como nem canais para denunciar.”

Ele destaca que a integração entre instituições e a adoção de soluções tecnológicas têm permitido respostas mais rápidas e eficientes. Um dos exemplos citados é o modelo de intimações realizadas pela Polícia Militar, que antes dependiam exclusivamente de serventuários da Justiça.

“Hoje, você compartilhar ferramentas, você compartilhar forças é você garantir aquilo que é o bem mais precioso para todos, que é a vida.”

O evento desta segunda-feira marcou a exposição das ações da Coordenadoria da Mulher e dos projetos que compõem o IntegraJus Mulher, iniciativa que interliga Judiciário, Ministério Público, Defensoria, delegacias especializadas e equipes de atendimento psicossocial. A agenda integra ainda a campanha internacional dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Questionado sobre os planos para 2026, para evitar a disparada de feminicídios em Mato Grosso do Sul, o titular da segurança publica afirmou que o Estado deve continuar expandindo espaços e estruturas voltadas ao acolhimento.

“O IntegraJust já é uma realidade em todas as delegacias de atendimento à mulher no Estado, como o Promuce e as salas lilases estão sendo ampliadas. Então, a ideia do projeto é você ampliar cada vez mais essa capacidade de levar atendimento em um ambiente que permita a ela relatar o que, de fato, ela vem sofrendo.”