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Cidades

Pelo futebol ou música preferida, "prontuário afetivo" conecta UTI com a vida

Família repassa informações pessoais para que equipe médica estimule o paciente e ajude na recuperação

Lucia Morel | 14/05/2021 07:22
Paciente entubado recebendo chamada de vídeo de familiares na janela, do lado de fora e com fotos deles junto ao leito. (Foto: Divulgação HU)
Paciente entubado recebendo chamada de vídeo de familiares na janela, do lado de fora e com fotos deles junto ao leito. (Foto: Divulgação HU)

Um dos desafios da assistência à saúde é humanizar os atendimentos e também o acolhimento às famílias de quem está internado. Em época de pandemia esse desafio se torna ainda maior, com as restrições de visita impostas diante da fácil propagação do vírus.

Quem tem familiares em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, conta com certo alento nesse sentido, que começa pela entrevista com as famílias.

A covid fortaleceu a necessidade do "prontuário afetivo", uma abordagem que entrou na rotina em fevereiro, como forma de aproximar a pessoa internada da vida que tinha fora do hospital. São coletados dados bem pessoais dos pacientes, como a  música que gostam de ouvir ou o time para qual torcem. Depois, essas dados entram no tratamento como conversa, para que a pessoa continue conectada com o mundo externo.

Profissionais de saúde que atendem esses pacientes testemunham dos benefícios.


Segundo a terapeuta ocupacional Janaína Siman Naki, “com os dados em mãos, compilo as informações mais relevantes no papel e deixo exposto no leito do paciente para que os outros profissionais que lidam com eles tenham acesso e possam estimular o paciente de alguma forma, interagir com eles, estabelecendo um vínculo que traz vida, uma história, valores sobre o paciente que está ali”.

O HU também incentiva o contato com o paciente pela janela ou por chamada de vídeo. E não, não importa se o internado está sedado e consciente. "Essa troca de informações vai ajudá-lo de alguma forma, nem que seja aproximando profissional e paciente. O importante é tentar fazer essa estimulação cognitiva”, avalia a terapeuta.

Ela cita, inclusive, que colegas da saúde que adotaram essa postura de estabelecer vínculo com o paciente através das informações no leito disseram perceber as reações diferentes.

“É uma observação clínica, mas notamos que os pacientes tendem, nesses momentos de vínculo – citando o nome de algum familiar, por exemplo - a ficarem mais tranquilos”, diz Janaína. Isso, principalmente, nos momentos de extubação, quando costumam ficar agitados e com medo.

Atualmente, o método é adotado apenas no CTI (Centro de Terapia Intensiva) de atendimento a pacientes com covid-19, mas a terapeuta pretende estender o serviço a todas as unidades intensivas do hospital, onde os pacientes permanecem, em sua maioria, sedados. “A ideia é ampliar”, reforça.

Na janela – Desde agosto do ano passado o HU em Campo Grande adotou a visita pela janela e as chamadas de vídeo entre internados e familiares. O prontuário afetivo veio somar acolhimento e qualidade de tratamento a essa prática já humanizada.



As visitas acontecem de segunda a sexta-feira, às 16h, com duração de 30 minutos, podendo cada paciente receber a visita de dois familiares. Os resultados estão sendo muito positivos e os familiares estão agradecidos com essa possibilidade.

"Gostaria de agradecer a todos por proporcionar uma emoção única entre familiares e pacientes internados. Mesmo através das janelas pudemos sentir toda energia e amor aflorados. Momento único de emoção. Gratidão a todos os envolvidos", relata um visitante que pediu para não ser identificado.

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