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Cidades

PF investiga 8 pessoas e 12 empresas por “esquentar” madeira ilegal

Conforme a investigação, a quadrilha fraudou documentos para viabilizar a venda de ao menos 1,3 mil metros cúbicos de madeira

Anahi Zurutuza e Clayton Neves | 29/08/2019 12:03
Policial federal em escritório da madeireira na Guaicurus (Foto: Henrique Kawminami)
Policial federal em escritório da madeireira na Guaicurus (Foto: Henrique Kawminami)

Oito pessoas e 12 empresas são suspeitas de fazer parte de esquema para “esquentar” madeira ilegal. A organização criminosa na mira da PF (Polícia Federal) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) tem três líderes.

Conforme apurou a Operação Ghostwood, a quadrilha foi responsável por fraudar documentos para viabilizar a venda de ao menos 1,3 mil metros cúbicos de madeira, o que corresponde a ao menos 30 carretas carregadas com o produto serrado.

O esquema - A investigação começou depois que o Ibama fez auditoria no sistema on-line onde produtores, transportadores e madeireiras tem de registrar as compras e vendas do material.

Segundo o superintendente do órgão em Mato Grosso do Sul, coronel Luiz Carlos Marchetti, distribuidoras, de fachada ou não, compravam lotes de madeira inexistente para ficar com o “crédito” no sistema e depois revender a madeira ilegal com registro.

Delegado Alex Sandro Biegas (à esquerda) e superintendente do Ibama, coronel Luiz Carlos Marchetti, durante coletiva (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegado Alex Sandro Biegas (à esquerda) e superintendente do Ibama, coronel Luiz Carlos Marchetti, durante coletiva (Foto: Henrique Kawaminami)

O produto comprado ilegalmente é mais barato, por não ter de enfrentar toda a burocracia exigida para a produção e comercialização, além de não ser taxada. O lucro das madeireiras, portanto, é maior.

Marchetti revelou que as informações falsas quem eram inseridas no sistema chamaram a atenção da fiscalização. “Uma coisa tosca. O mesmo IP (endereço de computador) vendia e recebia o produto, entrega em curtíssimo espaço de tempo, que não condiz com a realidade e inversão de fluxo, quando, por exemplo, Caarapó vendia para Ponta Porã, sendo que Ponta Porã é uma cidade produtora de aroeira. Fraude visível”, destacou.

O delegado regional executivo da PF no Estado, Alex Sandro Biegas, explica que a investigação constatou que algumas das empresas eram de fachada e as que trabalhavam no ramo realmente, tinham no pátio quantidade de madeira muito inferior a registrada. “Um das empresas investigada foi interditada em 2018, abriu uma nova filial, com novo CNPJ para driblar o sistema de controle”.

A operação – Equipes da PF e do Ibama foram às ruas para cumprir 10 mandados da busca e apreensão, 12 de interdição e 12 de suspensão de atividade econômica contra madeireiras. Os mandados são para Campo Grande, Ponta Porã, Dourados, Sete Quedas e Umuarama (PR).

A reportagem apurou que por volta das 6h30, as equipes estavam em uma madeireira localizada na Avenida Guaicurus, em Campo Grande. Funcionários da Camilo Madeiras foram dispensados e a loja não abriu enquanto policiais federais vasculhavam documentos no local.

A força-tarefa também foi a endereço próximo à Avenida Fernando Corrêa da Costa, na região central da Capital. O imóvel é residencial, mas sede da empresa G1 Importadora e Exportadora Ltda., que trabalha compra, venda e transporte de madeira.

A operação foi batizada de Ghostwood, na tradução do inglês para o português “Madeira Fantasma”.

Estoque de madeira em empresa investigada (Foto: PF/Divulgação)
Estoque de madeira em empresa investigada (Foto: PF/Divulgação)
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