ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

Servidores do HU se revoltam com proposta que altera insalubridade

Proposta pode resultar em perda de R$ 3 mil nos ganhos de médico, segundo exemplo de sindicato

Silvia Frias | 26/03/2021 12:09
Percentual de insalubridade não é pago a todos os servidores do HU e depende de avaliação (Foto: Kisie Ainoã)
Percentual de insalubridade não é pago a todos os servidores do HU e depende de avaliação (Foto: Kisie Ainoã)

Em assembleia, profissionais da saúde do HUMAP-UFMS (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian-Universidade Federal de MS), em Campo Grande, foram contra proposta de mudança no cálculo de pagamento de insalubridade que pode reduzir até 30% no rendimento. A discussão terá segunda rodada, hoje à tarde, e pode terminar em briga judicial e até provocar "debandada" de servidores da saúde em plena pandemia.

A assembleia desta manhã discutiu proposta feita pela Ebserh (Empresa Brasileira e Serviços Hospitalares), que administra os HUs no Brasil.

Pela proposta da empresa, o adicional de insalubridade pago aos profissionais da saúde que trabalham em situação de risco teria alteração no cálculo. Hoje, o teto é de 40% sobre o salário base, sendo percentual calculado caso a caso, conforme laudo expedido pelo hospital.

O novo cálculo seria feito com o que rege o artigo 192 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), sendo classificado como grau máximo (40%), médio (20%) e mínimo (10%). Também está previsto adicional de R$ 500 para todos os servidores dos hospitais, mesmo os que não recebem insalubridade. Segundo assessoria da empresa, 15 mil servidores dos HUs do País teriam ganho real com a mudança.

Proposta foi discutida em assembleia virtual, realizada hoje (Foto/Divulgação)
Proposta foi discutida em assembleia virtual, realizada hoje (Foto/Divulgação)

Na assembleia de hoje, dos 322 participantes, 279 foram contra a proposta e apenas 43 favoráveis. O secretário-geral do Sintsep-MS (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal em MS), Wesley Cássio Goully, diz que, na prática, a mudança no cálculo pode incidir redução considerável nos ganhos.

Um exemplo dado por ele é de salário hipotético de médico especialista, com ganho de R$ 11,5 mil e que, sem a insalubridade de 30% (abaixo do teto), terá o rendimento cortado para R$ 8 mil. “Eles querem trocar R$ 3,4 mil por R$ 500”, comparou. A insalubridade é paga não somente a médicos, mas a todos os profissionais envolvidos na cadeia de risco, como enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, por exemplo.

A medida, de acordo com sindicato, afetaria cerca de 1,5 mil servidores de Campo Grande e Dourados.

Goully disse que a proposta ainda será discutida em assembleia com os profissionais de Dourados e acredita que dificilmente o resultado será revertido. A negativa, então, deve ser remetida à Justiça do Trabalho, para mediação.

A assessoria a Ebserh informou que a mudança afeta quem ganha adicional de insalubridade e que nem todos os servidores recebem esse percentual e não afetaria a totalidade.  Porém, na proposta, o aporte de R$ 500 será dado a todos os servidores, sejam considerados em atividade insalubre ou não. Também explicou que as mudanças somente seriam implementadas após o fim da pandemia, já que, atualmente, existe situação excepcional de risco.

Sobre a negativa da proposta, a empresa diz que as assembleias estão ocorrendo em várias cidades do país e ainda não foi informada do resultado em Mato Grosso do Sul, mas que a discussão ainda está em aberto.

Nos siga no Google Notícias