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Cidades

Sorria, abrace e cante uma música: saiba como identificar o AVC

Dia 29 de outubro é comemorado o Dia Mundial do AVC, data escolhida para campanhas de conscientização da prevenção e tratamento

Paula Maciulevicius Brasil | 29/10/2020 09:54
Desconfia de um AVC? Samu deve ser acionado para encaminhar paciente dentro de janela terapêutica de 4h30. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Desconfia de um AVC? Samu deve ser acionado para encaminhar paciente dentro de janela terapêutica de 4h30. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

"Samu", o que a sigla significa é Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, mas para a neurologia, resume como identificar os sintomas de AVC (Acidente Vascular Cerebral). "S de sorria, que assim você consegue ver se a boca do paciente está torta, A de abraço, para ver se há perda de força de um lado do corpo, M de cante uma música para ver se houve perda de linguagem deste paciente e se tiver algum destes alterados, ligue U de urgência para o Samu", explica o neurologista Gabriel Braga.

Responsável técnico pela unidade de AVC do Hospital Universitário de Campo Grande, o neurologista explica a importância de divulgar para a população a forma mais correta de acionar e procurar ajuda. Desde 2006, a Organização Mundial de AVC instituiu no dia 29 de outubro a data para campanhas de conscientização tanto de prevenção quanto do tratamento de AVC.

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"Hoje em dia existe a possibilidade de tratar, principalmente AVC isquêmico desde que o paciente chegue rápido. Essa janela terapêutica é só de 4h30", explica Gabriel Braga. O AVC é uma doença de grande importância epidemiológica não só no Brasil como no mundo e a 2ª doença que mais causa morte no País, perdendo apenas para doenças cardíacas, e quanto às sequelas, a primeira causa de incapacidade.

"No mundo acontecem 14 milhões de AVC por ano, 2/3 sobrevivem com graus variáveis de sequelas gerando grande ônus pessoal. A gente fala até que quanto acontece um AVC não é só o paciente que fica doente, é toda a família que precisa se adequar à situação. Parar de trabalhar, contratar um cuidador", descreve o médico.

Quem não fica com sequelas físicas pode ter comprometimento cognitivo de memória e até psiquiátrico, como transtornos de humor e depressão. "O que faz com que até 70% dests pacientes não consigam retornar ao trabalho", destaca.

Tomografia é um dos exames necessários no tratamento de AVC. (Foto: Arquivo)
Tomografia é um dos exames necessários no tratamento de AVC. (Foto: Arquivo)

Socorro - A janela terapêutica de 4h30 significa que este é o tempo que pode definir tratamento e sobrevivência do paciente, desde que chegue ao hospital de referência dentro deste horário. "Imagine você que mora em Campo Grande, em uma periferia, qual a chance de você chegar ao hospital de referência? Seria necessário uma grande coincidência de fatores para que isso possa acontecer. No entanto, a ideia é a gente organizar o sistema para que isso aconteça não coincidentemente, mas de forma automática", ressalta Gabriel.

O primeiro passo então, explica o neurologista, é que pacientes e familiares reconheçam os sinais e sintomas, para depois acionarem o serviço do Samu pelo 192. "Acione o Samu que ele já leva direto para o hospital qualificado e a gente consegue fazer este tratamento", reforça o médico.

Dentro do Sorria, Abrace, cante uma Música e ligue para a Urgência (que forma o Samu descrito no início da matéria), o médico explica que AVC se manifesta como o início súbito da perda de alguma função corporal e que na maioria das vezes, não vem acompanhada de dor, como o infarto.

Vistoria à unidade do AVC no Hospital Universitário. (Foto: Divulgação)
Vistoria à unidade do AVC no Hospital Universitário. (Foto: Divulgação)

"O que acontece na maior parte das vezes é um sintoma como a boca torta, a perda da fala, da força do braço. É o início súbito destes sintomas que a gente consoegue identificar", relata.

Não existe um perfil específico de pessoas mais sujeitas ao AVC, no entanto, fatores de risco podem contribuir. "Pode acontecer em qualquer dia, com qualquer pessoa, em qualquer lugar. Então a medida que a gente vai envelhecendo, a chance do AVC acontece com maior frequência somada também a algumas instruções como pressão não controlada, uso abusivo de bebida alcóolica, descontrole do colesterol e taxas de açúcar, sedentarismo, obesidade e até depressão ou estresse também são fatores de risco", enumera o neurologista.

E não é mito, existe mesmo uma discrepância em relação ao sexo quando se compara fatores de risco específicos da mulher, o neurologista explica que elas têm uma questão hormonal. "O estrógeno, os hormônios feminimos, eles aumentam o risco de eventos, especialmente na gravidez, um período em que a mulher está muito vulnerável e ali a gente pode ser um AVC isquêmico, hemorrágico e trombose venosa cerebral", diz.

Neurologista, Gabriel Braga junto com o Samu na unidade de AVC em momento anterior à pandemia. (Foto: Arquivo)
Neurologista, Gabriel Braga junto com o Samu na unidade de AVC em momento anterior à pandemia. (Foto: Arquivo)

Nas mulheres, os fatores que aumentam o risco são ainda histórico de eclâmpsia, de aborto, uso de anticoncepcional ou terapia de reposição hormonal e ainda algumas mulheres com enxaqueca com aura. "As mulheres costumam ter uma evolução mais grave e depois que acontece o evento, infelizmente, acabam sendo mais institucionalizadas do que os homens", comenta.

Neurologista, Gabriel tem a subespecialidade de neurovascular, que estuda especificamente AVC e é o responsável pela unidade de AVC do Hospital Universitário de Campo Grande, inaugurada em maio de 2019 com leitos hospitalares dedicados para atendimento de pacientes com AVC.

"Em um ano, de maio a maio, conseguimos atender 286 pacientes com AVC, 30% deles dentro da janela das 4h30 e 23% foram efetivamente tratados. A nível de Brasil, é um número muito expressivo você conseguir tratar este percentual de pacientes que chegam num hospital, esta porcentagem gira em torno de 4 a 6%", resume.

Referência no atendimento a pacientes com AVC, Hospital Universitário tem unidade especializada no atendimento. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)
Referência no atendimento a pacientes com AVC, Hospital Universitário tem unidade especializada no atendimento. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)


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