ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

“Fiquei assustado”, afirma desembargador de MS “grampeado”

Carlos Martins | 28/11/2012 12:35
Desembargador Júlio Roberto disse que recebeu a notícia com
Desembargador Júlio Roberto disse que recebeu a notícia com

Foi com “espanto” que o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) Júlio Roberto Siqueira Cardoso recebeu a informação que, juntamente com outras autoridades, foi alvo de uma quadrilha que roubava dados sigilosos. “Fiquei assustado”, disse à reportagem o desembargador na manhã desta quarta-feira. Operação iniciada pela Polícia Federal na segunda-feira apurou que entre as vítimas também apareceu os nomes do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

A “Operação Durkhein”, que mobilizou delegados e 400 agentes federais, resultou até agora na prisão de 27 pessoas (de um total de 33 prisões temporárias) e no cumprimento de 87 mandados de buscas. Segundo informações da PF, agentes encontraram contas de Cardoso em poder da quadrilha e descobriu-se, também, que o sigilo telefônico dele foi quebrado. O desembargador foi uma das 180 vítimas da quadrilha identificadas até agora, mas calcula-se que pode chegar a 10 mil o número de pessoas afetadas.

Cardoso disse que tomou conhecimento por meio do noticiário. “A Rede Globo entrou em contato”, revelou sobre o caso. Na noite de ontem, o Jornal Nacional exibiu reportagem sobre a operação e do número de pessoas atingidas até agora. Cardoso disse que ainda não foi notificado pela Polícia Federal que teve informações sigilosas interceptadas pela quadrilha, que as vendiam para empresários e escritórios de advocacia.

“Estou aguardando esclarecimentos. Não tenho a mínima ideia do que eles poderiam fazer com as informações e o que pretendiam. Não sei quem pediu, nem para o que foi”, afirmou, destacando que o TJ-MS já está adotando medidas em relação ao caso.Também foram vítimas o ex-ministro da Previdência Social Carlos Eduardo Gabas e o desembargador Luiz Fernando Salles Rossi, do TJ Paulista, que também teve o sigilo violado.

Natural de Mogi das Cruzes (SP), o desembargador Júlio Roberto tem 63 anos, é formado em Direito e Administração de Empresas e iniciou a carreira na magistratura em 1984 no cargo de juiz substituto na Comarca de Dourados. Em abril de 1995 foi promovido à entrância especial nomeado para a 1ª Vara do Tribunal do Júri. Em seu currículo consta ainda a atuação como juiz titular nas comarcas de Aparecida do Taboado e Paranaíba, juiz eleitoral, delegado do Instituto dos Magistrados Brasileiros para Mato Grosso do Sul, de 1986 a 1992, e professor de Direito em várias faculdades. Em abril de 2009 foi promovido, por merecimento, ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Espionagem - O vice-prefeito eleito da cidade de Nazaré Paulista (SP), Itamar Ferreira Damião (PSC), 54 anos, foi apontado pela PF como o líder da quadrilha. Itamar, conhecido como Pequeno, é um dos presos. Segundo a PF ele está na atividade de espionagem há um bom tempo. Ele é suspeito de usar para obter informações sigilosas de forma ilegal policiais civis, militares e federais, empregados de empresas de telefonia e também funcionários públicos, além de um gerente de banco, O advogado de Itamar disse que o seu cliente não é chefe de nenhuma organização criminosa e que ainda não conseguiu fazer uma análise completa das acusações.

A investigação durou quase dois anos. A PF afirma que os criminosos se apresentavam como detetives particulares e agiam em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, Goiás e no Distrito Federal. A PF afirma que um extrato bancário vendido pela quadrilha custava R$ 30, enquanto o valor de uma escuta telefônica clandestina podia chegar a R$ 7 mil.

(Com informações do G1 e Estadão)

Nos siga no Google Notícias