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Cidades

Acusação quer júri popular para sobrinho de promotora

Redação | 12/12/2009 09:16

O advogado Fábio Trad, contratado pela família da jovem Rayssa Favaro, vítima de acidente em abril, pede punição exemplar, cobra do Ministério Público Estadual denúncia contra o sobrinho da promotora de Justiça Regina Broch, Marcelo Olendzki Broch, e até juri popular para o rapaz, apontado pela Polícia como responsável pelo acidente que deixou gravemente ferida a filha do superintendente da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Walter Favaro.

"Estamos esperançosos de que o Ministério Público denuncie o rapaz por tentativa de homicídio com dolo eventual", diz o advogado em relação à expectativa da família, que recebeu o Campo Grande News para entrevista, mas, preferiu não se manifestar em relação ao indiciamento do rapaz, feito após sete meses de investigação.

Para ele, a atuação o MPE em relação ao jovem, que conduzia o veículo Honda Civic sem habilitação e acima da velocidade permitida, deve servir como exemplo para que coibir esse tipo de direção "criminosa".

"A sociedade não pode mais aceitar que se use veículos para fazer racha e testar velocidade. Um carro usado do jeito errado pode virar uma arma", pontua Fábio Trad.

Em relação à conduta da promotora, que teria emprestado o carro para o sobrinho, à época com 18 anos, que sequer possuía CNH, o advogado prefere ainda não se manifestar.

Mesmo assim, afirma que o MPE deve "agir de acordo com a Justiça" e apurar a responsabilidade de Regina Broch em relação ao acidente. "Sem a proteção de quaisquer pessoas que estejam envolvidas nesse caso", completa.

Sequelas - Rayssa se recupera aos poucos do acidente. Sete meses após a colisão, ela ainda não consegue andar, fala e se movimenta com dificuldade e não se lembra de nada do que ocorreu no dia, que mudou sua vida e a rotina de toda a família.

A faculdade de Direito na Uniderp teve que ser trancada, e o trabalho na Superintendência Regional do Trabalho abandonado. A rotina cheia da jovem foi substituída por duas sessões diárias de fisioterapia, além de fonoaudiologia e de consultas médicas.

A família conta que ela só conseguiu entender o acidente e a mudança abrupta na sua vida há dois meses, antes dizia estar hipnotizada. "Foi difícil de assimilar, até hoje eu acho que é mentira", revela.

Para a família, a mudança também foi grande. A irmã de Rayssa, Lariane Favaro, de 17 anos, conta que a casa que antes ficava sempre vazia por conta dos compromissos, hoje tem sempre alguém para fazer companhia a ela.

"Hoje a gente vive mais pela Rayssa, isso uniu muito", detalha.

Rayssa e a irmã moram com a mãe em um apartamento, mas já estão de mudança para uma casa no bairro Estrela do Sul, que não possui tantas escadas. Além das duas, quatro enfermeiras se revezam para cuidar de Rayssa 24h.

Cercada pelo carinho da família, a jovem conta que o apoio tem sido fundamental para suportar todas as dificuldades causadas pelo acidente, do qual ela nem se lembra.

Ainda com dificuldades na fala, a jovem conta que a parte mais difícil de toda a história é ter que ficar em uma cadeira de rodas. Sobre as expectativas, Rayssa diz que esperar voltar para a faculdade e poder dirigir. "Eu espero que eu volte à minha rotina normal", diz.

O superintendente da PRF, Walter Favaro, comemora a recuperação da filha, mas diz que os médicos são claros quanto à recuperação e não dão esperanças de que ela volte a andar.

Para ele, o fato de Rayssa ter sobrevivido é uma vitória que surpreendeu até os médicos. Ele lembra do atendimento adequado que ela teve e que isso foi providencial. "Depois do acidente uma testemunha que pediu socorro ligou direto para o Samu, que foi ao local com viatura avançada. Ela já chegou ao pronto socorro entubada", explica.

Como socorrista, o superintendente da PRF garante que se ela não tivesse recebido esse atendimento avançado imediato, não teria sobrevivido. Por conta do atendimento emergencial, Rayssa não sofreu nenhuma lesão no cérebro por falta de oxigênio.

Contudo, houve lesões cerebrais com a pancada. Mas, o pai explica que nenhuma delas comprometeu partes consideradas "nobres" do cérebro. Por isso, ela continua com o juízo e a memória perfeitos, não se lembra apenas do dia do acidente e levou certo tempo para conseguir assimilar o que havia acontecido.

Favaro confessa que não imaginava que suportaria tanto sofrimento quanto o que passou com a tragédia que quase tirou a vida da filha. Para ele, o fato de Rayssa ter sobrevivido e as melhoras do dia-a-dia são verdadeiros milagres.

Agora, a família tenta conseguir uma vaga no hospital Sara Kubitscheck, em Brasília, que possui tratamento avançado. Isso porque os médicos responsáveis pelo caso da menina confessam ser um milagre sua recuperação, mas não dão esperanças de que ela volte a andar.

Caso consigam a vaga, Rayssa, a mãe e a irmã se mudam para o Distrito Federal, na tentativa de fazer com que um dia ela se recupere.

Caso - O acidente que deixou Rayssa gravemente ferida ocorreu no dia 21 de abril deste ano, no cruzamento da avenida Mato Grosso com a rua Bahia, em Campo Grande. Laudos periciais apontaram que Marcelo conduzia o veículo da promotora Regina Broch a 103 km/h.

Na ocasião, a promotora chegou a afirmar que o sobrinho pegou o carro sem autorização, após um baile no Clube Estoril. Entretanto, as investigações não comprovam a declaração da promotora, que chegou a registrar boletim de ocorrência para investigar suposto furto do carro.

Após o acidente, Rayssa chegou a ser desenganada pelos médicos e ficou meses no hospital.

Durante quase sete meses de investigação, feita pelo 1º DP (Distrito Policial), 18 pessoas prestaram depoimento. Foram funcionários de prédios e estabelecimentos perto do local do acidente, o porteiro do apartamento onde mora a promotora e o segurança do clube onde Marcelo estava com um primo.

Ele foi indiciado por lesão corporal dolosa grave, por deixar de prestar socorro às vitimas e por dirigir sem habilitação.

A investigação sobre o suposto furto do veículo da promotora foi arquivada.

Laudo pericial revelou que Marcelo estava em velocidade superior a 103 km/h pela Avenida Mato Grosso, via onde o máximo permitido é 60 km/h. Rayssa estava a 40 km/h no momento do acidente.

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