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Cidades

Apreensão de carne provoca suicídio e revolta Caracol

Redação | 27/03/2009 08:33

Em Caracol, um comerciante chegou ao extremo depois de ter carne sem inspeção apreendida por fiscais. Armelino Serena se matou com tiro na cabeça´, revoltado com fiscalização da Iagro na manhã de ontem.

Funcionários abateram algumas reses para venda no mercado da família, e foram surpreendidos pelos fiscais que recolheram a carne por falta de licença para o abate.

Ao saber da apreensão, o filho de Armelino conta que o pai foi até o comércio da família, pegou um revólver e desapareceu de moto. O corpo foi encontrado duas horas depois, em uma estrada vicinal, ao lado da arma de 6 tiros, com 5 munições intactas.

"Não tenho dúvidas que foi suicídio. Ele ficou indignado com a situação. A gente tenta trabalhar dentro da lei, mas a burocracia do governo impede que o interior seja atendido. Nenhum abatedouro tem licença na região e por isso temos de carnear as vacas sem licença, para ter o que vender para esse povo", desabafa o filho. A família tem uma chácara e o mercado São Jorge, o maior da cidade.

Celso tenta tirar alguma esperança da tragédia na família. "Precisam olhar para a gente, não é porque vivemos no interior que temos de ser esquecidos. Aqui não tem frigorífico. As pessoas precisam comer, e alguém tem de ser autorizado a fazer isso (abater)",

Os Serena saíram do Paraná com 4 filhos para montar o mercadinho em Caracol, cidade de 5 mil habitantes, uma das menores do Estado.

O negócio cresceu, e o pai começou a abater no próprio sítio a carne que comercializa. Ontem alguém denunciou a prática, um "golpe" para Armelindo, relata o filho. "Ele não suportou, foi traição. Não queremos nem saber quem denunciou porque a revolta vai ficar maior."

Chorando, Celso informa que o velório do pai mobilizou a cidade toda, "é um carinho enorme", agradece. Sobre o pai, ele diz que a morte surpreendeu pela forma. "Meu pai sempre foi alegre, gostava de todo mundo, era divertido. Nunca foi triste ou deprimido. A gente não consegue entender". O sepultamento ocorre no final desta manhã.

Protesto - O presidente do Sindicato Rural de Caracol, Antônio Ferreira dos Reis, relata que os produtores estão de luto, ainda chocados com a atitude do amigo Armelino Serena. Hoje, dia do velório, o sindicato está de portas fechadas.

"Ele era um homem bom. Uma pessoa fora de sério". Conforme Antônio dos Reis, o sindicato vai investigar o caso. "Ainda não podemos tomar uma posição. Porque uma história não justifica a outra. Se toda pessoa que leva uma multa, sofrer sanção do fisco, fosse cometer esse ato", comenta.

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