Preso com arma em operação, dono de empresa investigada paga fiança e é solto
Alvo da Apagar das Luzes declarou renda de R$ 50 mil; investigação apura R$ 62 milhões
O empresário Jorge Lopes Cáceres, de 72 anos, foi preso em flagrante na manhã desta sexta-feira (19), durante o cumprimento de mandado da operação “Apagar das Luzes”, mas acabou sendo solto horas depois após pagar fiança de R$ 2 mil. Ele é dono de uma das empresas investigadas por superfaturamento de R$ 62 milhões em contratos de iluminação pública de Campo Grande.
RESUMO
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O empresário Jorge Lopes Cáceres, de 72 anos, foi preso e posteriormente liberado após pagar fiança de R$ 2 mil durante a operação "Apagar das Luzes". A prisão ocorreu quando policiais encontraram um revólver sem documentação em sua residência em Campo Grande. A operação investiga um esquema de superfaturamento de R$ 62 milhões em contratos de iluminação pública na capital sul-mato-grossense. Cáceres é sócio da Construtora JLC, uma das três empresas investigadas, junto com dois servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos.
A prisão ocorreu durante diligência do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), quando policiais localizaram um revólver calibre .38 e 6 munições na residência do empresário, no Bairro Santa Fé. Como não foi apresentada documentação da arma, Jorge recebeu voz de prisão por posse irregular de arma de fogo de uso permitido, conforme o Estatuto do Desarmamento.
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O flagrante foi registrado na Depac Cepol. Durante o interrogatório, acompanhado por advogado, o empresário afirmou exercer as atividades de engenheiro civil, empresário e pecuarista, declarando renda média mensal de R$ 50 mil. Mesmo diante dessa informação, a autoridade policial arbitrou fiança no valor de R$ 2 mil, quantia que foi paga, resultando na liberação ainda no início da tarde.
A arma e as munições foram apreendidas e o caso segue sob análise da Justiça.
Empresa no centro da investigação - Jorge Lopes Cáceres é sócio da Construtora JLC Ltda., uma das empresas investigadas na operação “Apagar das Luzes”, deflagrada nesta sexta-feira pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc). A apuração mira três empresas e dois servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep).
Segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, a licitação que resultou nos contratos investigados foi realizada em 2021, antes de ele assumir a pasta, em 2023. As empresas investigadas mantêm sete contratos, um para cada região urbana da cidade, com renovação anual, modelo semelhante ao adotado no serviço de tapa-buracos.
O secretário afirmou que, até o momento, não há previsão de suspensão dos contratos nem abertura de procedimento administrativo disciplinar contra os servidores investigados. Ele ressaltou que não há condenação e que o serviço não pode ser interrompido.
Contratos e valores - De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande, a Construtora B&C, outra empresa alvo da operação, possui contratos que somam R$ 10.039.077,77 com a Sisep. Os recursos são provenientes da Cosip (Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública).
Os contratos investigados estão em vigor. Foram firmados em 2024 e passaram por aditivos, segundo o Gecoc (Grupo Especial de Controle Operacional).
“Apagar das Luzes” - Deflagrada na manhã desta sexta-feira (19), a operação cumpriu 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande e Balneário Piçarras, em Santa Catarina.
Em Campo Grande, equipes estiveram na Secretaria Municipal de Infraestrutura, no setor de energia, além de sedes de empresas contratadas e residências de investigados. Documentos foram apreendidos para análise.
O nome da operação faz referência às fraudes investigadas nos contratos de iluminação pública e à falta de transparência na gestão dos serviços, segundo o Ministério Público.
As investigações indicam que o esquema pode ter causado prejuízo estimado em R$ 62 milhões aos cofres públicos.
Posicionamento da Prefeitura - Em nota, a Prefeitura de Campo Grande informou que a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos está colaborando com as investigações e fornecendo todo o material solicitado pelo Gecoc.
Segundo a administração municipal, a investigação refere-se a processos licitatórios realizados em gestões anteriores, relacionados à execução do serviço de manutenção da iluminação pública em Campo Grande.
As empresas citadas não se manifestaram até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.



