ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 23º

Capital

"Bandidões" dormem e põem ralé para passar a noite em pé em presídio

Graziela Rezende | 02/08/2013 12:04

Enquanto presos que cometeram uma série de assassinatos, latrocínios (roubo seguido de morte) e outros crimes graves dormem nas celas, por serem considerados os “bandidões” do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima, em Campo Grande, autores de crimes de menor potencial aguardam o banho de sol do outro dia para poder descansar, de acordo com os agentes penitenciários.

“Eles precisam revezar para dormir e em uma cela que caberia quatro pessoas, geralmente tem 20. Fica impossível até para fazer a revista, algo que faz parte das nossas obrigações e impediria, por exemplo, a entrada de celulares nas celas e as ações do crime organizado. Porém, em muitos casos, eles nem aceitam a nossa entrada”, afirma o presidente do Sinsap/MS (Sindicato dos Servidores em Administração Penitenciária), Francisco Sanábria.

Com um número muito maior de presos do que de servidores, Sanábria ressalta que os agentes penitenciários vivem sob altíssimo estresse, já na véspera de assumir o plantão. “Há dois anos, a situação era pior ainda, porque eles davam ordens de que não entraríamos de maneira alguma nas celas. Hoje vivemos assim: eles fingem que mandam e a gente finge que obedece”, diz Sanábria.

A superlotação, segundo Sanábria, também culmina em medo por parte dos agentes e policiais militares que cuidam do complexo penitenciário. “As condições oferecidas são tão péssimas que os agentes vivem com medo. Se aqui imperar a “lei do mais forte”, todos estamos perdidos e com isso a categoria fica impotente”, garante o presidente.

Indignado com a situação, o presidente da Fenaspen (Federação Nacional dos Servidores em Administração Penitenciária), Fernando Anunciação, também diz que o presídio que deveria recuperar as pessoas, se tornou em um “estímulo ao crime”.

“A Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), quando vem aqui, só vistoria uma parte dos seis pavilhões, não passando nem de dois. Até eles não tem estrutura e suporte para averiguar as celas”, ressalta Anunciação.

Por conta disso, continua nos próximos dias a recusa de presos. “Na segunda-feira (5), quando já ocorreram os flagrantes do final de semana, em média 40 presos permanecem nas delegacias. E garantimos que se nenhuma atitude for tomada, não vamos receber ninguém. É só assim para chamar a atenção das autoridades sobre o nosso problema”, finaliza Anunciação.

 Irregularidades: O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, por sua Promotoria de Justiça titular do 50° PJ, recomendou recentemente ao diretor do Instituto Penal de Campo Grande, Erani Antônio Bueno, que tome providências, tais como sanar as irregularidades elétricas das celas em geral, com fiações expostas, soltas e com emendas precárias, além da reforma das paredes das celas, pois estão com mofos e umidade, realização de camas nos concretos, entre outros pedidos.

O órgão aguarda o prazo de 30 dias para uma resposta sobre os pedidos, devendo providenciar as medidas, de acordo com a promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentim.

Nos siga no Google Notícias