ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SÁBADO  17    CAMPO GRANDE 28º

Capital

“É como se você tivesse pedindo para morrer”, diz vítima no Dia da Mulher

Nem no 8 de Março, agressores deram trégua; na Deam, Campo Grande News conversou com mulher que havia acabado de ser agredida

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 08/03/2020 17:50
“É como se você tivesse pedindo para morrer”, diz vítima no Dia da Mulher
Dia desses na Deam, exausta, uma mulher aguarda atendimento; a entrevistada topou conversar, mas pediu que de forma alguma, fosse fotografada. (Foto: Marcos Maluf)

Nem no 8 de Março, agressores deram trégua. A equipe do Campo Grande News chegou por volta das 10h deste domingo, o Dia Internacional da Mulher, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e lá já estavam duas vítimas de violência doméstica esperando para registrar boletim de ocorrência, pedir socorro contra seus algozes.

Uma delas, quase havia sido morta. A depiladora, de 43 anos, topou conversa com a reportagem, mesmo depois de sofrido violência sem medida. A entrevistada foi salva, na noite desse sábado (7), por um vizinho, que tirou o companheiro de cima dela, depois que ela, sendo asfixiada, conseguiu empurrá-lo e gritar por ajuda.

A vítima, que estava pela segunda vez nesta semana na Casa da Mulher Brasileira, dá um recado para quem também vive um relacionamento abusivo: ao menor sinal, fuja!

“Na primeira vez, se tiver um aperto mais forte no braço, pode largar mão. A pessoa não muda, não tem jeito. Começa assim, do nada. Não deixa esperar chegar na agressão física”, faz o alerta.

Na opinião da depiladora, quando o agressor chega ao ponto de bater e tentar estrangular, como aconteceu com ela, a mulher já se tornou tão propriedade, que ele tem direito de decidir se ela pode continuar a viver. Tudo isso na visão deste homem, claro. “A agressão é como se a mulher já tivesse pedindo para morrer. Não deixe chegar a esse ponto”.

A vítima conheceu o companheiro há 1 ano e com pouco tempo de namoro, os dois foram morar juntos. No começo, ela relevou o ciúme desmedido, as reclamações por causa de suas roupas e idas à casa da mãe. Até que um dia, ele saiu para trabalhar e a trancou em casa. “Disse que eu não saía da casa da minha mãe e que não era para eu ficar andando sozinha”.

As discussões se tornaram mais frequentes e a primeira agressão foi em julho do ano passado. O marido quebrou o braço esquerdo dela. Mas, não foi diferente de muitos outros casos de violência doméstica por aí. Ela não registrou queixa e o perdoou.

No domingo passado, a depiladora decidiu por um fim no relacionamento. Ele bateu na companheira e a ameaçou de morte e desde então, ela está sob medida protetiva.

O homem deu a desculpa de que precisava de tempo para tirar as coisas dele da casa do casal, mas nesse sábado, quando depois de se encontrar com advogado, descobriu que se chegasse perto da mulher, poderia ser preso, se descontrolou novamente, segundo o relato da vítima. “Ele ficou louco, começou a quebrar tudo, partiu para cima de mim, me jogou no chão, me enforcou com as duas mãos”.

O vizinho ajudou, a PM (Polícia Militar) foi chamada, mas não conseguiu localizar o agressor. Na manhã de hoje, ele voltou à casa da ex, na companhia de outro homem, e começou a bater na janela, mas desapareceu em poucos minutos, antes que fosse preso. Tudo o que a depiladora precisava nesta manhã é que ele ficasse atrás das grades.

Ela tomou consciência, atitude e buscou socorro para se defender. Mas, hoje, medo define o que sente a cada segundo. Resta fazer apelo para que outras não passem pelo que está passando.

Ligue 180! Ligue 190 (PM)!

Nos siga no Google Notícias