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Capital

"Pancadão" acaba com a fama de família e calmo do Santo Antônio

Helton Verão | 18/09/2013 15:58
A boate na rua Taquari no Santo Antônio está estragando o bairro, acusam moradores (Foto: Cleber Gellio)
A boate na rua Taquari no Santo Antônio está estragando o bairro, acusam moradores (Foto: Cleber Gellio)

O bairro Santo Antônio, que sempre foi conhecido por ser residencial e “família” como os próprios moradores classificam, em pouco mais de um ano, está ganhando um estereótipo indesejável e perdendo o sossego por conta da baderna que acontece nas redondezas de uma boate, conhecida como o “pancadão”, que acontece na rua Taquari.

Desde 2011 instalada no local, recentemente mudou seu foco e se dedica a festas de funk. Onde os moradores identificaram o início do problema. “Quando era sertanejo no início, não aconteciam tantos problemas, parecia um povo mais tranquilo. Com o funk, a região está ficando toda suja, barulhenta e com problemas do vandalismo. O som da casa em si não incomoda, mas quem ela atrai que é o problema”, conta a artesã de 46 anos, Joseane de Matos.

De acordo com Joseane, em dias de evento na casa é impossível trafegar pela Taquari e ruas vizinhas. “Não tem como carro, nem o ônibus passar, fora que os carros ficam estacionados por toda região em frente as residências. Não temos mais sossego. Outro dia um carro bateu no meu portão. A vizinha outro dia teve que dar várias voltas no quarteirão para entrar em sua casa, pois haviam uns rapazes escorados na grade da casa dela”, reclama a artesã.

Quando a boate se preparava para inauguração, moradores e empresários se reuniram para definir um acordo para não haver atrito. Entre eles estava a preservação da região, com limpeza e a limitação do som para apenas o ambiente interno da casa. “Nós que estamos limpando o local após as festas” acusa o grupo de moradoras.

A academia ao ar livre que foi construída há menos de um ano, já tem equipamentos danificados e as moradoras dizem que a partir das 22 horas o público, que frequenta a casa, já ocupa aparelhos e o playground. “Conseguiram destruir um aparelho não sei como, guardei ele lá em casa para ver se ainda tem como instalar ele de volta. Foram oito anos para conseguirmos essa academia, em menos de um ano já destruíram”, lamenta Joseane.

Nossa equipe encontrou uma camisinha usada em frente a boate (Foto: Cleber Gellio)
Nossa equipe encontrou uma camisinha usada em frente a boate (Foto: Cleber Gellio)
Aparelho da academia ao ar livre foi arrancado em menos de um ano da sua inauguração  (Foto: Cleber Gellio)
Aparelho da academia ao ar livre foi arrancado em menos de um ano da sua inauguração (Foto: Cleber Gellio)

Outra moradora indignada é Solange Aparecida, 38 anos. Ela relata que os frequentadores fazem de “mijodromo” qualquer lugar na região. “Agora, a frente da boate virou de boca de fumo e até uma casa de prostituição já abriu próximo ao local. Temos a certeza que menores entram na casa sem problemas, até bater palmas de madrugada em nossas casas eles fazem para pedir dinheiro para entrar na boate”, conta Solange.

A previsão por mais problemas está por vir, de acordo com os moradores, as festas aconteciam as sextas-feiras e nos sábados, mas nesta semana acontecerá de quinta a domingo. “Ouvimos a promessa do encontro de gangues no domingo aqui, parece que a (gangue) do Pioneiros vai descer para cá. As brigas são frequentes, ali no chão tem marcas de sangue de uma moça que ficou ferida numa confusão”, avisa Joseane.

Um abaixo assinado está sendo providenciado pelos moradores do Santo Antônio para retirar a boate do local.

Outro lado - Responsável pelo local, o empresário Jean Paçoca, minimizou os problemas citados pela população, mas diz estar se mexendo para mudar a rotina ao redor de sua boate. “Já encaminhei um ofício à Polícia Militar para proibir os vendedores ambulantes no local. Se eles não estiverem aqui os problemas diminuem, como do lixo de copos, papeis e garrafas”, ressalta Paçoca.

Sobre não estar cuidando da limpeza, Jean nega a situação e diz estar pagando R$ 200 por noite para uma pessoa limpar os arredores da casa noturna. “Pago seguranças particulares para ficar na parte da academia em frente e no playground, não concordo com o que eles estão acusando”, responde Paçoca.

O comandante da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto Davi dos Santos, diz que a situação do incomodo dos moradores não é recente, vem de longa data. “Por mim já não estaria funcionando. Mas uma série de documentos de outros órgãos permitem o funcionamento, então o que cabe a Polícia Militar estamos fazendo. Vamos continuar com a fiscalização”, avisa coronel.

Na última semana uma jovem ficou ferida com um caco de vidro após confusão em frente a boate. O Polícia Militar investiga o caso.

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