Suzano consolida projeto e reina entre os gigantes do "Vale da Celulose"
"A empresa faz parte da transformação socioeconômica de Mato Grosso do Sul", diz Maurício Miranda

Há 16 anos em Mato Grosso do Sul, a Suzano, maior empresa de celulose do mundo, consolida seus negócios bilionários no estado e mantém a liderança na produção de papel e celulose no Leste do Estado, região que concentra os principais players nacionais e internacionais do setor.
RESUMO
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Suzano, maior produtora global de celulose, consolida liderança em Mato Grosso do Sul com três unidades e capacidade de 5,8 milhões de toneladas anuais. Desde 2009, a empresa expandiu sua produção no estado em 346%, com investimentos bilionários em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, impactando positivamente a economia local. Além do crescimento produtivo, a Suzano investe em projetos sociais, geração de empregos (mais de 9 mil diretos e terceirizados) e práticas sustentáveis. A empresa destaca a geração de energia limpa, reutilização de água e tecnologias para redução de emissões. Com a nova fábrica em Ribas do Rio Pardo, a Suzano reforça sua posição no mercado e contribui para o desenvolvimento socioeconômico do estado.
A capacidade de produção instalada da Suzano no estado cresceu 346,15% desde 2009, quando construiu sua primeira fábrica em Três Lagoas – saltando de 1,3 milhão para os atuais 5,8 milhões de toneladas de celulose ao ano.
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Fundada há quase 100 anos pela família Feffer, no Ipiranga, em São Paulo (SP), a companhia hoje possui três unidades em operação em Mato Grosso do Sul: duas em Três Lagoas e uma em Ribas do Rio Pardo. Juntas, essas unidades lideram a capacidade instalada de produção em Mato Grosso do Sul, com 5,8 milhões de toneladas de papel e celulose ao ano, entre os demais players presentes no estado.
Em entrevista ao Campo Grande News, o diretor industrial da Regional Sul da Suzano, Maurício Miranda destacou a trajetória da companhia no estado, seus investimentos e os impactos socioeconômicos da atuação.
“A Suzano faz parte da transformação socioeconômica de Mato Grosso do Sul ao longo de 16 anos. Nesse período, investimos em educação, qualificação profissional, apoio à agricultura familiar e fortalecimento do comércio local, sempre alinhados ao nosso direcionador que diz que ‘só é bom para nós se for bom para o mundo’”, afirmou.
A consolidação da Suzano no estado se intensificou a partir de 2017, com a inauguração da segunda linha de produção em Três Lagoas, com capacidade de 1,95 milhão de toneladas anuais, elevando a produção para 3,25 milhões de toneladas ao ano no estado.
A terceira unidade entrou em operação em julho de 2024, em Ribas do Rio Pardo. Batizado de Projeto Cerrado, o empreendimento recebeu investimentos de R$ 22,2 bilhões e tem capacidade de mais de 2,55 milhões de toneladas de celulose ao ano.
“Recentemente, a unidade de Ribas do Rio Pardo atingiu a marca de 2 milhões de toneladas de celulose produzidas em 321 dias de operação, definindo um novo marco para o setor e reforçando a excelência técnica das operações da Suzano”, destacou Miranda.
A capacidade de produção das três unidades da Suzano no estado representa hoje quase metade (47,15%) do total de 12,3 milhões de toneladas de celulose vendidas em 2024, quando a receita líquida somou R$ 47,4 bilhões – alta de 19% sobre o ano anterior.
Ampliação das exportações

Mato Grosso do Sul é hoje o maior exportador de celulose do Brasil, responsável por cerca de 35% do volume nacional. A tendência é de aumento dessa fatia em curto prazo com os novos projetos anunciados pelos players internacionais, na avaliação de especialistas do mercado. A capacidade instalada do estado – nos atuais 7,6 milhões de toneladas por ano – deve quase dobrar em curto prazo e somar 14,7 milhões de toneladas anuais, apontam os dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Atualmente, quatro fábricas estão em operação: as três da Suzano; e uma da Eldorado Brasil Celulose, com sede em Três Lagoas, com capacidade de 1,8 milhão de toneladas produzidas ao ano.
Acirrando a concorrência em meio aos bilionários incentivos fiscais estaduais e federais, a Arauco, da família chilena Angelini Rossi, prevê iniciar operações em Inocência, em 2028, com capacidade inicial de 3,5 milhões de toneladas anuais e investimento de US$ 4,6 bilhões (R$ 25,1 bilhões).
Outro projeto, em licenciamento em Bataguassu, é o da Bracell, do grupo indonésio Royal Golden Eagle (RGE). Com investimento de R$ 16 bilhões, a unidade terá capacidade de produzir 2,6 milhões de toneladas de celulose ao ano.
Para fazer frente à demanda crescente das indústrias, a produção de árvores de eucalipto deve atingir um recorde acima de 1,7 milhão (1.753.340) de hectares na safra 2024/2025, conforme estimativas da Semadesc. Esses números devem colocar o estado como líder nacional e superar Minas Gerais.
Impactos socioeconômicos e ambientais

Maurício Miranda também destacou a geração de empregos pela Suzano: são mais de 9 mil postos, entre diretos e terceirizados. Nas operações industriais, são 1,4 mil empregos diretos (800 em Três Lagoas e 650 em Ribas do Rio Pardo). Já nas florestas, são mais de 7,1 mil colaboradores (mais de 5 mil em Três Lagoas e 2.100 em Ribas).
A política de gênero também é ressaltada. Na unidade de Ribas são 655 mulheres empregadas. “Isso significa 27% do efetivo na indústria/área corporativa e 24% no setor florestal da unidade. Em todo o MS, incluindo Três Lagoas e Ribas, são mais de 1.400 mulheres nas operações.”
Sem entrar no mérito de impactos ambientais, o executivo explicou ainda que a empresa gera excedentes significativos de energia limpa: 150 MW médios em Três Lagoas (suficientes para abastecer 1,9 milhão de pessoas) e 180 MW médios em Ribas do Rio Pardo (equivalentes ao consumo de 2,3 milhões de pessoas).
A unidade de Ribas também adota tecnologias pioneiras, como a gaseificação da biomassa para substituir combustíveis fósseis nos fornos de cal, contribuindo com a redução de emissões. É autossuficiente em insumos químicos, como ácido sulfúrico, peróxido de hidrogênio e oxigênio, e reutiliza 85% da água captada, devolvendo-a tratada ao Rio Pardo.
A Suzano possui 808 mil hectares de base florestal no estado, sendo 250 mil hectares destinados à conservação ambiental. A logística na unidade de Ribas é otimizada com raio médio de 65 km entre floresta e indústria, e cerca de 50% do transporte é feito por hexatrens, reduzindo emissões de carbono.
Desde 2023, a empresa opera o primeiro módulo mecanizado de plantio de eucalipto do Brasil, desenvolvido com a Komatsu.
Agricultura familiar
A companhia também investe em inclusão produtiva e agricultura familiar. Em 2024, foram cerca de R$ 5 milhões aplicados em cinco projetos de desenvolvimento rural, em parceria com prefeituras e instituições.
Um dos destaques é o projeto de fortalecimento da bovinocultura de leite e hortifruticultura, em 12 municípios sul-mato-grossenses. Além da capacitação de famílias nos assentamentos Mutum e Avaré, para colheita e comercialização de sementes florestais nativas.
Diante da alta demanda por moradia, a Suzano investiu ainda mais de R$ 300 milhões em Ribas no período de construção da fábrica. Foram entregues 954 casas, além de um centro médico, melhorias urbanas e apoio a 21 projetos sociais.