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Capital

"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja

Crime aconteceu no Bairro Zé Pereira, em 2020 e réu alega que foi agredido e vítima estava armada

Silvia Frias e Bruna Marques | 20/10/2022 09:54
"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja
Luís Henrique Faustino está sendo julgado por homicídio qualificado, em crime de 2020. (Foto: Marcos Maluf)

Julgado por matar a tiros o comerciante Eudes Fonseca Vieira, 54 anos, o auxiliar de pedreiro Luís Henrique Barros Faustino, 21 anos, apresentou como justificativa a legítima defesa, mas também disse que estava bêbado e se “sentiu tirado” durante a discussão sobre venda da cerveja. “Vai me dar 4 latinhas por R$ 40 reais?”.

A morte com apenas um tiro aconteceu na madrugada de 21 de setembro de 2020, na porta da conveniência de propriedade de Eudes, na Rua Eugênio Perón, Bairro Zé Pereira.

Luís Henrique está sendo julgado hoje, em sessão da 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande por homicídio qualificado por motivação fútil e sem chance de defesa à vítima.

"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja
Réu presta depomento ao juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete. (Foto: Marcos Maluf)

Pela denúncia formulada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul, no dia 19 de novembro de 2020, consta que o rapaz foi até a conveniência da vítima e começaram a discutir por causa da cerveja. Depois do bate-boca, Luís Henrique foi para casa, voltou armado e matou o comerciante. Logo depois, fugiu.

Em depoimento hoje durante o julgamento prestando para o juiz titular, Carlos Alberto Garcete e promotora Lívia Guadanhim, o réu disse que já tinha desavença anterior e que a vítima não gostava dele. diz que morava no imóvel na parte de cima da conveniência de Vieira. “Descobri que ele tinha comprado um revólver para me pegar”, contou. Depois disso, se mudou e foi morar com a avó.

"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja
Corpo foi encontrado na porta de conveniência. (Foto/Reprodução)

Sem detalhar intervalo de tempo desde a mudança, contou que foi até a conveniência para comprar cerveja. “Você voltou aqui de novo, bicho”, teria dito o comerciante ao ver o rapaz. O atendimento foi feito através da porta gradeada, pela janelinha.

A venda da cerveja reiniciou a briga. “Ele queria vender a caixa por 50 e eu só tinha 40 reais, ele me deu 4 latinhas. Eu pedi uma caixinha e ele me deu 4 e eu dei os 40 reais”, lembra. “Joguei a lata na parede ao lado, aí ele pegou a arma e veio me agredir”, justificou.

“Me senti tirado, falei ‘vai me dar 4 latinhas por 40 reais?’”, contou. “Aí ele apontou um revólver preto pela janela para mim, saí correndo”. Foi aí que Luís Henrique voltou para casa e buscou arma artesanal. Ao voltar, diz que o homem se abaixou, indicando que iria pegar novamente o revólver que estava dentro de capacete.

"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja
Réu alega legítima defesa. (Foto: Marcos Maluf)

Durante o depoimento, o réu disse que não tinha intenção de matar, mesmo levando a arma ao local. “Fui pra gente ficar tranquilo, fui conversar com ele, na tranquilidade”, disse. Mas também alegou que pensou na ameaça feita anteriormente. “Se eu não fizer nada, ele vai me matar”.

O réu diz que atirou apenas uma vez. Um outro disparou atingiu a porta de carro parado próximo, mas esse ele diz que não foi dado por ele. “Eu só tinha um tiro”.

O que matou o comerciante o atingiu no ombro esquerdo. Vieira caiu na porta da conveniência, morto. Em seguida, Luís Henrique fugiu e jogou a arma no mato, perto de ponte.

"4 latinhas por R$ 40?": réu justifica homicídio após briga por cerveja
Marcas de sangue na conveniência, no bairro Los Angeles. (Foto: Marcos Maluf)

O juiz Carlos Alberto Garcete questionou a versão de legítima defesa alegada, já que nenhuma arma foi encontrada com a vítima. “Tinha um monte de gente na região, a rapaziada arrancou um monte de coisa lá de dentro”, justificou Luís Henrique. “Abriram portão e levaram monte de coisa dele”.

O magistrado voltou a questionar a versão, já que a perícia da Polícia Civil encontrou R$ 63 no caixa da conveniência. O réu insistiu dizendo que “pessoal roubou até bolacha” do lugar e que o dinheiro teria ficado para trás na ação. “O senhor acha que um dono de conveniência ia ter só 63 reais?”.

Luís Henrique alega que não foi motivação fútil. “O cara dá um tapa na minha cara?, fala que vai me matar? Se eu não corro na hora, ele pega a arma e ia me matar pelas costas”. A defesa não fez questionamentos.

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