Abadia retorna ao trono com direito a catedral lotada e sacrário novo
Em tom de ansiedade, devoção e fé, fiéis lotaram a Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, no Centro da cidade, em missa que marcou não só o retorno à igreja da imagem de Nossa Senhora de Abadia, mas também a reabertura do sacrário, que há cinco meses havia sido depredado durante invasão.
A imagem só foi revelada ao final da celebração, ministrada pelo bispo Dom Mariano, esta noite (20). Devido ao peso, três fiéis entraram com a imagem na igreja e a entronizaram, no altar de onde precisou sair há quatro meses, período em que passou por processo minusioso de restauração, realizado pela restauradora curitibana, Mara Inês da Cruz Silva.
A imagem já havia passado por retoques em outras duas ocasiões, ainda nos 90 e meados de 2000, como explica o pároco da igreja, Pedro Fenelon. “Por mais que ela esteja em um ambiente fechado, a imagem sofreu com a ação do tempo, começou a ficar toda quebradiça e por isso precisou ser recuperada novamente”, comentou.
Pedro relembra que devido ao contato com devotos que por hábito, colocavam as mãos na imagem, um dedo do menino Jesus e da própria santa, haviam sido quebrados. Novas técnicas e a dedicação integral da restauradora nestes últimos quatro meses, permitiram que cada detalhes da santa fosse ressaltado à aparência original nos mínimos detalhes. “Até uma lupa gigante foi utilizada no processo”, contou Pedro.
Emocionada, mas ao mesmo tempo feliz com o retorno da imagem ao local a artesã Suelen Carlos Alvez Nogueira, de 61 anos, contou que a devoção por Nossa Senhora de Abadia foi uma tradição passada há gerações na família e resumiu.
“O retorno dela à igreja é uma alegria muito grande para toda a comunidade. Uma benção pois ela é uma relíquia de Campo Grande. Representa tudo para nós. Mãe da igreja, nossa mãezinha”, disse.
De origem francesa, a imagem, com cerca de 116 anos, chegou em 3 de agosto de 1912 à Capital.
Sacrário – Repaginado e sem o pano preto que encobria a sua entrada, representando o luto de toda a igreja após uma invasão em julho, a sala onde fica o sacrário da catedral, também não remete mais cenário de destruição, deixado por bandidos. À época, o sacrário avaliado em R$ 45 mil, foi arrancado da parede e jogado no chão.