ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
OUTUBRO, TERÇA  07    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Álcool no sangue de jovem morto em UPA era 4 vezes acima do limite

Matheus, de 21 anos, foi 1º caso suspeito de contaminação por metanol em MS, mas a hipótese foi descartada.

Por Ângela Kempfer | 07/10/2025 14:37
Álcool no sangue de jovem morto em UPA era 4 vezes acima do limite
Matheus antes de morrer, quando de entrada na UPA, no dia 3 de outubro. (Foto: Reprodução)

O exame toxicológico realizado no sangue de Matheus Santana Falcão, de 21 anos, revelou um nível de álcool quatro vezes acima do limite máximo permitido para dirigir no Brasil, por exemplo. O resultado aponta 8,59 decigramas por litro de sangue (0,859 g/L), concentração que o levou à morte.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O exame toxicológico de Matheus Santana Falcão, jovem de 21 anos que faleceu em uma UPA de Campo Grande, revelou concentração de álcool no sangue 4,3 vezes superior ao limite permitido para direção. O laudo apontou 8,59 decigramas por litro, descartando suspeita inicial de envenenamento por metanol. Segundo relatos familiares, Matheus iniciou o consumo de bebidas alcoólicas ainda na infância, tendo seu primeiro episódio de embriaguez aos 9 anos. Antes do óbito, passou seis dias bebendo continuamente, principalmente cachaça de baixo custo e alto teor alcoólico.

Matheus faleceu cerca de 1h30 após dar entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário, em Campo Grande, no dia 3 de outubro, depois de vomitar um líquido escuro e apresentar sinais de intoxicação severa. A princípio, o caso foi tratado como suspeita de envenenamento por metanol, o mesmo tipo de álcool usado em bebidas adulteradas, mas o laudo pericial descartou essa hipótese.

A análise confirmou apenas a presença de etanol (álcool comum), indicando que a morte não foi causada por contaminação, mas possivelmente pelos efeitos da ingestão contínua e excessiva de bebida alcoólica.

Para comparação, o Código de Trânsito Brasileiro estabelece o limite de 0,2 g/L como suficiente para caracterizar embriaguez ao volante. O nível encontrado em Matheus foi 4,3 vezes superior a esse valor, o equivalente a 330% acima do máximo tolerado.

De acordo com peritos, essa taxa corresponde a um quadro de intoxicação aguda em que o corpo perde rapidamente a capacidade de eliminar o álcool. A concentração pode causar depressão respiratória, queda de pressão e até parada cardiorrespiratória.

Conforme relato da família, Matheus havia passado seis dias bebendo sem interrupção. O jovem costumava ingerir o chamado “corotinho”, uma garrafinha de cachaça barata, de alto teor alcoólico.

A mãe contou que ele começou a beber ainda na infância, e o primeiro episódio de embriaguez ocorreu aos 9 anos. Mesmo com tentativas da família de restringir o consumo, o hábito se agravou nos últimos anos.

Laudo e procedimentos

O material foi analisado pelo Instituto de Análises Laboratoriais Forenses, vinculado à Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, com apoio da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso e da Universidade Federal de Mato Grosso.

Os peritos utilizaram o método de cromatografia em fase gasosa com detector de ionização de chama, técnica de alta precisão usada para identificar substâncias voláteis. O documento confirma que não havia metanol, mas sim etanol em nível tóxico. Parte da amostra foi armazenada como contraprova, conforme o CPP (Código de Processo Penal).

A morte de Matheus foi o primeiro caso registrado em Mato Grosso do Sul com suspeita de intoxicação por metanol desde que o país passou a monitorar o problema, após notificações em outros estados. O caso reforça o alerta das autoridades para os riscos do consumo excessivo de bebidas de procedência duvidosa e o impacto devastador do alcoolismo precoce.