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Capital

Amigos dizem que delegado distribuiu 11 dossiês antes de morrer

Paula Maciulevicius e Luciana Brazil | 26/06/2013 11:20
Dossiê descrevia as investigações levantadas por Paulo e era uma forma de manter as informações mesmo que ele viesse a ser morto. (Foto: reprodução/Facebook)
Dossiê descrevia as investigações levantadas por Paulo e era uma forma de manter as informações mesmo que ele viesse a ser morto. (Foto: reprodução/Facebook)

Por segurança em caso de ser executado, o advogado e delegado aposentado Paulo Magalhães, de 57 anos, entregou dossiês a 11 amigos de Mato Grosso do Sul e fora do Estado que continham informações de uma pessoa específica do Judiciário e também de policiais civis envolvidos em esquemas de corrupção. A informação foi repassada ao Campo Grande News durante o velório do delegado, por um amigo que preferiu não se identificar.

O dossiê descrevia as investigações levantadas por Paulo e era uma forma de manter as informações mesmo que ele viesse a ser morto, como aconteceu na tarde desta terça-feira, na saída da escola da filha, no bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande.

O fato dos dossiês é apenas um de uma série de possíveis explicações para a execução do delegado. Marcado como figura polêmica, Magalhães disparava críticas principalmente contra servidores públicos, políticos e integrantes da Polícia.

No vídeo abaixo, da participação dele em uma audiência pública no Conselho Nacional de Justiça, em 2010, o delegado apresentava o site criado por ele, ONG Brasil Verdade, como defensor do patrimônio público e com objetivo de combate à corrupção.

Como mostra a gravação, ele inicia narrando que tudo o que será exposto são fatos já sabidos e reconhecidos pelas autoridades. “Que até podem ser inertes, mas não são cegas e nem surdas”, completou.

No pronunciamento, Magalhães fala de juízes envolvidos abertamente com a contravenção e que a desfaçatez é tamanha que já existe um ditado popular local entre os advogados. “Há mais desembargadores tomando uísque na casa do chefe do jogo do bicho do que em reunião do pleno”. A declaração termina em aplausos.

No mesmo vídeo, o delegado relata ações como favorecimento a esquema criminoso para acobertamento de peculato, prevaricação, extorsão, esquentamento de veículos roubados e dados fraudulentos patrocinados pelo Judiciário. “Promotores de Justiça usando o poder de denunciar como arma de coação e juízes que aceitam denúncias de fatos criminosos inexistentes e até mesmo de imputação não relacionada ao código penal”. Fatos que segundo ele, eram de pleno conhecimento da Corregedoria de Justiça, além da prática de arquivamento de denúncias pelo Ministério Público com a conivência do Judiciário para proteger delegados de Polícia, peritos criminais e funcionários ligados à força política.

Durante o velório de Magalhães, outro amigo disse ao Campo Grande News que atribui a execução à investigação das câmeras clandestinas instaladas no presídio federal que resultaram no livro censurado pela Justiça, “Conspiração Federal”, onde cinco agentes penitenciários federais denunciavam a existência das câmeras destinadas aos encontros íntimos dos presos e inúmeras outras irregularidades no local, a mando de juiz federal.

Paulo Magalhães respondia na Justiça, até ano passado, 21 ações criminais e 8 cíveis sob a alegação de calúnia e difamação contra servidores públicos federais e estaduais. Na mesma publicação, na página da ONG Brasil Verdade, ele garantiu já ter sido alvo de 3 pedidos de prisão preventiva, inclusive, pela Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul “sob argumento de que pratica reiteradamente calúnias e difamações”.

A investigação da morte de Magalhães está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios com auxílio do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros).

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