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Capital

Ao mesmo tempo em que levanta poeira, tempo seco coloca os ipês no cenário de Campo Grande

Paula Maciulevicius e Viviane Oliveira | 18/08/2011 19:04

Número de queimadas continua alto e a esperança é a frente fria que está por vir

Cenário de poeira visto na Capital faz até com que a foto pareça envelhecida. É a característica da estiagem. (Foto: Simão Nogueira)
Cenário de poeira visto na Capital faz até com que a foto pareça envelhecida. É a característica da estiagem. (Foto: Simão Nogueira)

A meteorologia não deixa mentir, a estiagem tomou conta da cidade desde o último dia 22 de julho, quando a chuva deu o ar da graça pela última vez. Sem água significativa há quase um mês, é a poeira que tomou conta das ruas e trouxe incômodo aos campo-grandenses.

A poeira, personagem principal da época se espalha ainda mais por conta das rajadas de vento, que chegaram a atingir na manhã desta quinta-feira 60 quilômetros por hora. E o alerta permanece “ventos de 45 a 55 quilômetros por hora podem atingir o centro-sul do estado”, avisa o meteorologista da Anhanguera/Uniderp Natálio Abrahão.

O reflexo de tanta poeira é sentido nas ruas e dentro de casa. No bairro Lageado, região sul da Capital, o Campo Grande News encontrou crianças, que aproveitam o tempo seco e fazem da refrescância, uma brincadeira.

Os primos Evelin, de 7 anos, Joalison de 6 e Adriele de 7, se esbanjam na piscina de plástico em frente de casa. A mãe de Evelin, Irene de Deus Lima, de 27 anos, cuida com olhos atentos e acredita que eles são os que menos sentem os danos da estiagem.

“O cheiro da poeira é muito forte e a gente tem dificuldade de respirar, mas as crianças, acho que elas não sofrem tanto quanto os adultos, porque eles brincam na água o tempo todo”, conta.

Mãe e tia de crianças acredita que brincadeira dentro d'água pode ser a saída para amenizar indisposição da época. (Foto: Simão Nogueira)
Mãe e tia de crianças acredita que brincadeira dentro d'água pode ser a saída para amenizar indisposição da época. (Foto: Simão Nogueira)

Se para fora de casa é a piscina quem resolve, para dentro, só mesmo toalha e bacia de água.

E com a umidade em níveis tão críticos, como chegou a atingir menos de 12% nesta semana, não há saúde que aguente. A médica infectologista Roberta Mello confirma, o número de pacientes que procuram atendimento nesta época aumenta. “É por faringite, sinusite, asma, bronquite, quem já tem pré-disposição, acaba tendo”, diz.

As doenças respiratórias são o pacote que vem junto com a baixa umidade. A médica explica ainda que o tempo causa ressecamento do nariz, olhos, irritação na garganta.

A receita da especialista é bem parecida com as caseiras, ingestão de muita água, evitar exposição ao sol entre o horário das 10h às 16h, uso mais do que obrigatório do umidificador ou de uma toalha molhada e até mesmo baldes ou bacias com água no ambiente.

Truques que a dona Luiza Loveira Enz, de 68 anos, não deixa de lado. Moradora do bairro Nashiville, ela deu entrevista logo que voltava do posto de saúde. Ainda ofegante ela responde que sente falta de ar e muita canseira. “A pele também fica seca, nem mesmo com creme adianta. E a casa, é aquele terror, ainda mais porque não é forrada”, lembra.

Para aliviar só com um jeitinho mesmo. “A noite a única coisa que eu faço para amenizar esse ar seco é utilizar uma bacia com água no quarto. Não ajuda muito, mas ameniza um pouco”, relata.

Enquanto o lixão do Noroeste queima, as consequências do tempo seco ficam ainda mais à flor da pele. (Foto: Simão Nogueira)
Enquanto o lixão do Noroeste queima, as consequências do tempo seco ficam ainda mais à flor da pele. (Foto: Simão Nogueira)
Se contrapondo à cortina de fumaça, a beleza dos Ipês amarelos ganham as ruas e admiração dos campo-grandenses. (Foto: João Garrigó)
Se contrapondo à cortina de fumaça, a beleza dos Ipês amarelos ganham as ruas e admiração dos campo-grandenses. (Foto: João Garrigó)

Se de um lado a paisagem é marrom de poeira, os campo-grandenses não estão sujeitos só as consequências ruins da estiagem. É nessa época que florescem os Ipês amarelos, que exuberantes dão um toque delicado durante a seca.

Pela cidade, os Ipês ganham vida e também a atenção das pessoas. Um belo exemplo é o que está na Marques de Lavradio, no bairro Tiradentes. De tão bonito, enquanto a equipe do Campo Grande News fotografava, pessoas também “clicaram” a imagem.

Contemplando os Ipês parece até mais fácil encarar os resultados da estiagem. Mas a boa notícia vem também da meteorologia, uma frente fria acompanhada de ar frio avança pelo sul do país e deve mudar os típicos dias de inverno sul-matogrossense.

No sábado, a queda de temperatura traz também o aumento na umidade relativa do ar, que pode chegar aos 84% na Capital e 88% na região Norte.

Altas temperaturas e estiagem é a combinação que tem resultado em constantes queimadas. O céu da Capital ganhou característica constante, cor cinza, de tanta fumaça. Na região do lixão no bairro Noroeste, as queimadas não param.

Só neste ano, o Corpo de Bombeiros registrou 480 ocorrências até o dia 09 de agosto, contra 620 atendidas até final de julho do ano anterior.

Já quanto aos incêndios florestais, na última segunda-feira o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) registrou 92 focos espalhados por todas as regiões do estado. Número equivalente a 18,5% de todos os focos registrados na primeira quinzena de agosto, que é de 496.

Segundo o coordenador do programa PrevFogo do Ibama, Márcio Yule, a previsão da chegada da frente fria e com o aumento da umidade deve diminuir o número de queimadas.

Entre ontem e hoje o índice já reduziu, na quarta-feira o sensor termal não registrou nenhum ponto quente, o que não significa que não houve casos de incêndios florestais. “Ele registra parte do dia através do sensor, então pode ter tido sim”, acredita Yule.

A previsão para sexta-feira é de céu parcialmente nublado, muitas nuvens com aberturas de sol e pode até chuviscar na região sul do estado. Para a região norte, máxima prevista de 32ºC, em Campo Grande e no centro do estado os termômetros podem marcar 28°C, entre as regiões leste e oeste, temperaturas de 25 a 28°C.

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