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Capital

Ataques homofóbicos em cartas e cartazes intrigam moradores

Filipe Prado e Adriano Fernandes | 05/12/2015 10:05
O cartaz foi colado na Rua Dona Florencia, na Vila Ieda (Foto: Fernando Antunes)
O cartaz foi colado na Rua Dona Florencia, na Vila Ieda (Foto: Fernando Antunes)

A notícia do surgimento de uma suposta “seita” homossexual em Campo Grande causou alvoroço. Bilhetes e cartazes contra o movimento foram espalhados por bairros da Capital, para tentar acabar com a organização da nova igreja, mas acabaram intrigando a comunidade LGBT e moradores da região.

A caixa Lucynnda Ramos, 28 anos, encontrou o bilhete no último sábado (29) em sua caixa de correspondências. A carta, escrita a mão, alegava que a seita chegaria à Capital em breve, então propôs aos moradores, para afastar os fieis, pichar muros e colar cartazes em paredes de escolas e postos de saúde com os dizeres: “LGBT. Lei do Diabo 666”.

A mulher é homossexual e mora com a esposa no Bairro Moreninhas II, porém acredita que o bilhete tenha sido entrega a ela por coincidência. “Só queremos nosso direito de viver em paz, tanto eu quanto minha esposa”, comentou.

O Campo Grande News percorreu a região procurando os cartazes ou moradores que tivessem encontrado o bilhete, porém nenhum afirmou ter recebido a carta. O aposentado Aparecido Ivo, 57, discordou da ação do grupo. Para ele cada um deve se preocupar com a sua vida.

“Tem pessoa que gosta de cuidar mais da vida dos outros do que da vida dela”, alertou. Ele não acredita que a ação seja correta e prefere não se envolver na polêmica. “Cada um deve cuidar da sua vida”, ressaltou o aposentado.

Nos postes da Vila Ieda foram encontrados alguns cartazes. A mensagem foi exatamente como foi proposta no bilhete. Mas a maioria já estava depredado, como se tivessem tentado arrancar os papeis e não precisar ver as mensagens homofóbicas.

Trecho do bilhete encontrado por Lucynnda (Foto: Direto das Ruas)
Trecho do bilhete encontrado por Lucynnda (Foto: Direto das Ruas)

Glória de Carvalho, 77, disse não ter visto quem pregou o cartaz, mas não entendo o motivo das ofensas. “Pra que por? Se é para ofender, é ruim, não é!?”, afirmou.

Mesmo que muitos tenham sido arrancados, na Rua Dona Florência um deles insiste em permanecer em um poste. O empresário César Knapp, 72, tenta não se envolver nas brigas, mas não concorda com a ação, mas afirmou que ninguém reclamou ou tentou retirar o papel.

O delegado Sidnei Alberto, da comunicação social da Polícia Civil, explicou que os cartazes e o bilhete podem ser caracterizados como apologia ao crime, porque pode incitar pessoas a praticar ato contra a lei. Porém para que o caso seja investigado, é necessário o registro da ocorrência ou o flagrante do ato.

Ele ainda esclareceu que a homofobia não é tipificado como crime, mas um sentimento que pode levar ao ato ilícito, como o homicídio, injúria, calúnia, difamação, entre outros.

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