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Capital

População mora em área regular, mas sem estrutura

Ana Maria Assis | 27/01/2011 14:53
Bairro não possui escola, posto de saúde ou até mesmo linha de ônibus. (Foto: João Garrigó)
Bairro não possui escola, posto de saúde ou até mesmo linha de ônibus. (Foto: João Garrigó)

Distante pouco mais de cinco quilômetros do centro da Capital, o Parque dos Laranjais II, que fica atrás do José Abraão, não consta ainda no mapa da cidade na internet, e nem na lista de bairros que possuem saneamento básico, escola, creche, posto de saúde ou até mesmo uma linha de ônibus para que os moradores possam ir de transporte coletivo buscar esses serviços.

Quanto à segurança pública, a repressão a ação de bandidos na região fica por conta dos próprios moradores, que vivem na comunidade temendo pelos filhos que têm que atravessar um matagal para ir à escola e ainda caminhar quase três quilômetros para frequentar as aulas.

Nas férias, as crianças na rua Balsemim, não possuem opção de lazer próximo. O avô colocou pedaços de madeira na árvore que ele plantou, para que elas brinquem ali, onde ficam o dia todo. Animais como tamanduás, cobras e capivaras aparecem com frequencia, e os insetos estão sempre incomodando as crianças e os adultos, que em sua maioria já tiveram dengue.

O maior incômodo que serve de morada dos insetos bichos e também de esconderijo para bandidos da região, é o matagal que fica em terreno inclinado entre a rua Balsamim e o fundo do condomínio Jardim das Paineiras. Luciene Pereira Ferreira, de 33 anos, mora com o marido e três filhos na casa que fica ao lado do terreno. Ela conta que já foi surpreendida por um homem que estava escondido no matagal e tentou estuprá-la, quando foi socorrida pelos vizinhos.

A falta de linha de ônibus no bairro, faz com que as pessoas utilizem o matagal como um “atalho” para sair do local. O difícil acesso, conforme Luciene e outros moradores, faz com que as pessoas desistam até de fazer tratamentos de saúde.

Benedito Nogueira, 61 anos, afirma que ele e sua mulher sofrem com falta de estrutura do bairro. (Foto: João Garrigó)
Benedito Nogueira, 61 anos, afirma que ele e sua mulher sofrem com falta de estrutura do bairro. (Foto: João Garrigó)

Justina de Lourdes Lopes, 64 anos, é sogra de Luciene e mora na casa ao lado. Ela tem diabetes e alteração de tireoide e, segundo a nora, toda vez que ela sai de casa para ir ao médico costuma cair na rua, por desequilibrar-se nos buracos da via.

Justina mora com Benedito Nogueira, 61 anos, que não tem filhos, mas que trata as crianças da rua e os netos de Justina como seus também. Ele sofre de labirintite aguda e pressão alta e caminha com a ajuda de um cabo de vassoura. Conforme Benedito, os dois vivem com uma renda mensal que não chega a R$ 700,00, dinheiro que "mal dá pra pagar luz, água, gás de cozinha e ainda os remédios, que custam muito caro”, comenta.

Outra moradora que reclama do abandono da região é Laurinda Gomes, 70 anos. Ela mora com os dois netos e disse que esperava mais da região quando chegou ao lugar. “Eu morava no Sayonara e tivemos que sair de lá porque era área pública, falaram que nós já tínhamos para onde ir, e ‘jogaram’ a gente aqui”, contou ela falando que “esse lugar podia pelo menos passar por uma limpeza”.

População mantém trilha e crianças atravessam matagal para ir á escola. (Foto: João Garrigó)
População mantém trilha e crianças atravessam matagal para ir á escola. (Foto: João Garrigó)

O secretário Estadual de Habitação e das Cidades, Paulo Matos, enviou uma equipe técnica ao local após ser procurado pelo Campo Grande News para verificar a regularidade das habitações. A resposta dele foi que a rua Balsamim não foi identificada oficialmente, no mapa a via é reconhecia como Rua Imbirussú, e segue como Rua Vinhático até “encostar” no muro do Condomínio Jardim das Paineiras.

Paulo Matos contou que em um trabalho anterior realizado já foram retiradas 29 famílias da área e as famílias entrevistadas pela reportagem, estão todas de acordo com a documentação, e não estão em área irregular.

Os técnicos acabaram identificando apenas um família irregular, que recentemente invadiu a área que fica após o matagal, encostando o barraco no muro dos fundos do “Paineiras”.

Quanto a situação, o secretário afirmou que as providências serão tomadas. Paulo Matos reforçou que a intenção de sua gestão é resolver as questões habitacionais de forma a “acabar com a moradia irregular e em área de risco”.

O secretário de obras do município João Antonio de Marco foi procurado pelo Campo Grande News para ser questionado se há projetos de melhorias para o local, no entanto não respondeu aos telefonemas.

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