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Capital

Bancários radicalizam greve e “pane” pode atingir caixas eletrônicos

Mariana Lopes | 08/10/2013 16:26
Bancos estão em greve há 20 dias e amanhã 100% das agências devem aderir à paralização (Foto: Cleber Gellio)
Bancos estão em greve há 20 dias e amanhã 100% das agências devem aderir à paralização (Foto: Cleber Gellio)

Em 20 dias de greves, muitas agências bancárias de Campo Grande já aderiram à greve e voltaram a funcionar. Porém, a previsão para amanhã é de que 100% dos bancos fechem as portas e funcione apenas com 5% do efetivo. Nesta terça-feira, 97% das agências fecharam. A radicalidade dos bancários pode atingir, inclusive, os caixas eletrônicos, segundo funcionários de algumas agências.

Segundo a presidente do Sindicato dos Bancários, Iaci Azamor, das 100 agências da Capital, 97 ficaram fechadas nesta terça-feira (8). O Banco do Brasil, que até ontem estava com as portas abertas, hoje aderiu à greve e fechou todas as agências.

Embora a paralisação seja um direito da categoria, que luta por reajuste salarial, quem sente a consequência são os próprios clientes. Na tarde de hoje, o movimento nos bancos era menor do que o de ontem, que foi dia de pagamento de muitos trabalhadores, mas ainda assim houve pessoas reclamando que não conseguiu realizar alguns serviços.

Desempregado e esperando para retirar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), Norimar da Silva, 42 anos, está desde o dia 20 de setembro com o dinheiro liberado pela empresa e sem poder retirar, pois preciso de uma chave da Caixa Econômica Federal.

“Estou há mais de 15 minutos aqui parado e ninguém veio aqui nem conversar comigo para tentar resolver meu problema, o banco fechado e eu sem poder receber, preciso do dinheiro para consertar minha moto”, reclama Norimar.

Na mesma agência, a costureira Janete Franco, 57 anos, precisava fazer um depósito, mas não conseguiu nem envelope para realizá-lo pelo caixa eletrônico. “Está difícil, na boca do caixa não dá, porque não tem funcionário, e aqui não tem envelope, a mulher do banco disse que ia ver pra mim, mas até agora nada, tenho que depender da boa vontade deles”, comenta a costureira.

Ela afirma que já tentou depositar o cheque em outras agências, mas não conseguiu. “Fui até uma Caixa na saída para Aquidauana, e moro perto do Morenão, é um transtorno, temos que ficar perambulando a cidade para achar uma agência que funcione, mas aprece que não tem”, diz Janete.

No Itaú da avenida Afonso Pena, quem também deixou a agência desapontado foi o vendedor Wellington Person de Souza Cavalcante, 26 anos. Ele precisava pagar o boleto vencido do financiamento do carro, mas não conseguiu fazer o serviço pelo caixa eletrônico, que não calcula os juros.

“Me senti prejudicado, mas não tenho o que fazer, só esperar a greve acabar para poder pagar a parcela atrasada”, diz Wellington, com tom de conformismo.

Quem não conseguiu fazer o serviço nas agências bancárias, teve que apelar para as Lotéricas. A cozinheira Rosana da Silva Goes, 39 anos, por exemplo, costuma depositar o cheque do salário na própria conta e já pagar os boletos que tem.

Mas neste mês, precisou pedir à patroa dela que a pagasse em dinheiro e ela acabou pagando as contas na Lotérica. “Na verdade eu tive sorte, se minha patroa não tivesse me dado o dinheiro, não sei o que ia fazer como ia fazer para pagar minhas cobranças”, relata Rosana.

Ontem, os bancários rejeitaram a contraproposta apresentada na última sexta-feira (4) pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e decidiram continuar em greve. A proposta da Fenaban, que elevou o reajuste de 6,1% para 7,1%, foi considerada “melhoria irrisória” pelo Comando Nacional dos Bancários, que orientou as federações e sindicatos a rejeitar o ganho salarial de 0,97% – parcela acima da inflação de 6,1% acumulada nos últimos 12 meses.

Os bancários pedem reajuste de 11,93% (aumento real de 5%) e valorização do piso salarial e dos vales refeição e alimentação, entre outros benefícios.

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