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Capital

Barão da cocaína mira juiz Odilon para anular operação e alega "arapongagem"

Defesa quer suspeição do magistrado e revisita denúncias de Jedeão de Oliveira

Aline dos Santos | 03/08/2021 14:59
Contra tráfico de cocaína, operação foi realizada pela Polícia Federal, em 2016. (Foto: Arquivo)
Contra tráfico de cocaína, operação foi realizada pela Polícia Federal, em 2016. (Foto: Arquivo)

Condenado a 51 anos de prisão na operação Nevada, o traficante Odir Fernando Santos Corrêa, alçado ao rol dos barões da cocaína, mira o juiz federal aposentado Odilon Oliveira, para pedir a nulidade da ação da PF (Polícia Federal).

O enredo apresentado pela defesa em habeas corpus no TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) questiona a parcialidade do magistrado, cita equipe particular de "arapongagem" (investigação clandestina), formada por policiais federais e revisita as acusações de Jedeão de Oliveira, que por duas décadas, foi o assessor de confiança do juiz Odilon.

O pedido é assinado pelo advogado Luiz Gustavo Battaglin Maciel, que já atuou na defesa de narcotraficantes como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar; o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía (extraditado para os Estados Unidos em 2008); e Antônio Francisco Bonfim Lopes, o “Nem da Rocinha”.

O documento aponta sete motivos para a suspeição do juiz federal aposentado. Um dos pontos se sustenta nas acusações de Jedeão.

“Tendo acompanhado toda a citada operação, comprovaria os fatos relatados, inclusive, a fragilidade das diligências de interceptações telefônicas praticadas pelo, então, magistrado titular da Vara, Dr. Odilon de Oliveira, que segundo consta, teria sua ‘equipe particular de arapongagem’ composta por agentes da Polícia Federal, que praticariam ilegalidades de toda sorte, tais como interceptação clandestina de telefones – incluindo escutas ambientais, a partir de suspeitas levantadas em razão de patrimônio elevado ou ostensivo poder econômico”.

Para a defesa, o juiz ainda “deu um jeito” de conduzir o processo para ganhar projeção na mídia em 2016, quando o filho, que leva o mesmo nome do juiz Odilon, foi candidato a vereador em Campo Grande.

Outro ponto questionado foi o período da interceptação telefônica, com monitoramento por períodos de trinta dias (e não os quinze previstos na lei), durante onze meses. Até a apreensão de roupas (inclusive as íntimas), sapatos e perfumes foram classificados como exposição excessiva e “humilhação”.

“O juiz Odilon de Oliveira não teria poupado esforços para proceder rapidamente ao leilão dos bens apreendidos, ocorrido em junho de 2017, visando sua exposição midiática, pois já pretendia se aposentar, para ingressar na política, tanto que se candidatou ao cargo eletivo de governador do Estado de Mato Grosso do Sul, em 2018, não obtendo êxito”, sustenta a defesa.

O condenado pede que o TRF 3 reconheça a atuação parcial do juiz e decrete a nulidade a operação, incluindo a fase investigativa, ação penal e leilões. O relator do habeas corpus é o desembargador Fausto De Sanctis. Odir Fernando Santos Corrêa cumpre pena no penitenciária Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, em Campo Grande.

Realizada em 2016, a operação Nevada apreendeu 805 quilos de cocaína, mais de 2 milhões de dólares,  vários imóveis e carros de luxo (como automóveis Land Rover e BMW). À época, chamou a atenção o luxo de mansão na Rua Serra Nevada, em Campo Grande.

Não me surpreende – O juiz federal aposentado Odilon Oliveira afirma que não ficou surpreso com esse tipo de pedido. “Esse tipo de alegação é comum na Justiça criminal. Mas esse negócio de arapongagem foi esclarecido. A Polícia Federal abriu inquérito a meu pedido e o Jedeão foi indiciado por essas acusações falsas”, afirma.

Sobre a duração do monitoramento, o magistrado diz que as prorrogações têm amparo legal. Odilon conta que, no próximo mês, anuncia seu novo partido, pelo qual será candidato ao governo do Estado.

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