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Capital

“Cada um tomou a sua decisão na vida”, diz enteada após marido matar o padrasto

Sogra e esposa de assassino confesso do sogro prestaram depoimento à Polícia Civil, nesta quinta-feira (03)

Adriano Fernandes e Liniker Ribeiro | 03/09/2020 22:34
Esposa de Renaldo Luiz Torquato, que foi morto pelo genro, chegando à delegacia para prestar depoimento. (Foto: Henrique Kawaminami)
Esposa de Renaldo Luiz Torquato, que foi morto pelo genro, chegando à delegacia para prestar depoimento. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Cada um tomou a sua decisão na vida”. A frase é da esposa de Ricardo Ribeiro Alves da Silva, de 33 anos, ao lembrar a tumultuada relação entre o marido e o seu padrasto, Renaldo Luiz Torquato, de 40 anos, assassinado por ele na manhã da última segunda-feira (31), no Jardim Los Angeles, em Campo Grande.  Ao lado da mãe, esposa da vítima, a mulher conversou com a reportagem após prestar depoimento na 5ª DP (Delegacia de Polícia) da Capital, nesta tarde (03). A duas testemunhas terão as identidades preservadas.

“Ambos tinham uma ficha extensa. Cada um tomou sua própria decisão da vida. Infelizmente a parte pior sobrou para o meu padrasto e para minha mãe”, lamenta a mulher. Renaldo,  conhecido como “Gazeiro”, somava mais de 22 anos em condenações na justiça e, inclusive, já havia ficado preso com o assassino, que também estava foragido do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.

Sogra foi baleada na perna pelo genro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Sogra foi baleada na perna pelo genro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo a jovem as agressões que ela sofria do marido eram um dos principais motivos das desavenças entre os dois. Para ela o assassinato era uma tragédia anunciada. “Meu marido me agredia e meu padrasto não aceitava. Sempre falei que eu não sou criança, sei muito bem o que fazer. Eu já sabia que isso ia acontecer qualquer hora, meu marido usou droga, bebeu, acabou...”, diz. Apesar do ocorrido a mulher conta que vai continuar casada com o assassino confesso do padrasto.

“Infelizmente eu vou continuar com ele. Eu não tenho a culpa deles terem brigado. Quero que tudo se resolva, tenho uma filha que não é dele, que gosta muito dele, quero que dê tudo certo e daqui a uns anos ele saia da cadeia”, justifica.

A testemunha também detalha que na noite anterior ao crime o marido saiu de casa por volta das 19h, depois de beber conhaque e usar drogas. “De domingo para segunda ele passou a noite fazendo isso. Sou da igreja, fiz minha oração e fui dormir depois que ele saiu no domingo. De manhã sai para ir na minha mãe perguntar se ela tinha visto ele, quando cheguei na esquina, escutei os tiros”, comenta.

A mulher conta que viu o marido saindo correndo da residência da Rua Marcos Feliz, onde a vítima morava. No local também estava a sogra de Ricardo, que também foi baleada com um tiro no pé pelo genro.

“O que aconteceu vida? O que está acontecendo vida?” teria perguntado logo após ser atingido por pelo menos 6 tiros, segundo a sua esposa.

Residência onde ocorreu o crime. (Foto: Henrique Kawaminami)
Residência onde ocorreu o crime. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Eu estava deitada, meu marido sentado. Olhei pra janela e vi a mão com o revólver para dentro do quarto. Foi tudo muito rápido. Ele não teve tempo de fazer nada, só perguntou 'o que aconteceu vida? o que está acontecendo vida? Foram as últimas palavras, nem pra janela ele olhou”, lamenta a esposa da vitima.

Ela também confirma que o marido e o genro, se desentendiam por conta das agressões que a filha sofria.  “Falaram em briga por droga, mas só porque eles eram viciados, não teve isso. Há oito dias o meu marido tinha falado para ele (Ricardo) ficar de boa com ela porque se não eles iam acabar brigando”, comenta.

A mulher acredita que o genro possa ter se arrependido do crime. “Espero que ele pague pelo que ele fez, a gente era tão legal, a gente atendia tudo o que eles pediam. Às vezes não tinham condições, mas sempre estávamos ali para servir. Matar a pessoa é uma covardia”, conclui.

O caso – Após os disparos Ricardo fugiu do local do crime com a ajuda de Dalmir Fellipe Carvalho da Silva, de 29 anos, em um Fiorino. Dalmir foi preso minutos depois do crime, na casa em que mora no Vespasiano Martins. O Fiorino também estava no local e foi apreendido. Dentro dele, policiais do Batalhão de Choque encontraram a arma usada no crime, um revólver calibre 38. Em depoimento, Felipinho negou participar do crime, mas confessou ter “dado carona” para Ricardo.

Já Ricardo foi preso de noite, em Ribas do Rio Pardo, depois que equipes da Delegacia de Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo e da Polícia Militar da cidade receberam informações de que um homem “estranho” havia chegado à cidade em uma moto Honda Twister preta.

Ricardo confessou o crime e disse que agiu em legitima defesa, que recebia ameaças constantes de Renaldo “desde o tempo que puxaram cadeia juntos” e que matou por conta dos “desaforos que vinha sofrendo”. A dupla continua presa.

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