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Capital

Campanha iniciada por pais de estudantes mortos já tem 6 mil apoios

Elverson Cardozo e Luciana Brazil | 30/09/2012 12:15
Assinaturas são colhidas em apoio a pedido de endurecimento das punições a assassinos. (Foto: Minamar Junior
Assinaturas são colhidas em apoio a pedido de endurecimento das punições a assassinos. (Foto: Minamar Junior

Cerca de 400 pessoas, segundo estimativa da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), compareceram neste domingo (30) à campanha pela paz promovida por familiares dos estudantes universitários Breno Luigi Silvestrini de Araujo, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, 19 anos, assassinados há 1 mês, após serem sequestrados na saída de um bar, no bairro Miguel Couto, em Campo Grande.

Durante o ato, foram colhidas assinaturas de apoio a uma campanha por mudança nas leis no Brasil, que incluem, entre os pedidos, a ampliação da pena máxima no País de 30 anos, como hoje, para 50 anos. Desde que começou, a campanha já tem mais de 6 mil apoios.

Vestido de roupas brancas, os manifestantes pediram o fim da impunidade, mas resolveram trocar a passeata por uma oração em frente à Casa do Natal, nos altos da avenida Afonso Pena. Um momento que trouxe nova carga de força e coragem aos presentes. A campanha contra a violência foi intitulada "Um abraço pela paz".

Segundo familiares de Breno, o nome da campanha surgiu das brincadeiras que Breno e os amigos faziam. Expressões como “hoje é o dia do Breno” ou “hoje é o dia do abraço do Breno” eram comuns entre eles.

Hoje pela manhã, os participantes também divulgaram o site www.pelofimdaimpunidade, pedindo assinaturas para petição de reformulação de alguns itens do Código Penal Brasileiro. A adoção de penas mais rígidas e aumento da pena mínima para homicídio simples, por exemplo, são algumas das propostas.

A mãe de Breno Silvestrini afirmou que a população fala, “mas ninguém faz muita coisa” e a dor ainda não bateu à porta. Para ela, o Código Penal é “frouxo”. “Se o réu é primário ele logo volta para as ruas”, disse. “Todos nós podemos ser vítimas”, acrescentou.

Já o pai de Leonardo, Paulo Fernandes, aproveitou para pedir o julgamento dos envolvidos na morte do filho, mas também teceu críticas à justiça. “Infelizmente a lei que a gente tem é a que todo mundo está vendo”, afirmou.

Familiares e dor: Parentes e amigos de outras vítimas da criminalidade e da violência também participaram da campanha pela paz nos altos da Afonso Pena. Rogerinho, Brunão, Jonh Eder, Alan Dionísio, Ronaldo Rocha, entre outros, se tornaram nomes conhecidos e agora as famílias tentam por meio deles mobilizar a sociedade contra a impunidade. As vítimas deixaram saudade e um questionamento, "até quando esses crimes vão continuar acontecendo?", se perguntavam os presentes.

Prestes a completar três anos, o caso Rogerinho ainda indigna os familiares. "O homem recorreu do júri e conseguiu reduzir dois anos da pena. Ele está em regime semi-aberto. Eu tive filho há dois meses e daqui a pouco o meu filho vai estar por aí, andando na rua, podendo encontrar o criminoso", lamentou a mãe de Rogerinho, Ariana Mendonça Pedra, 25 anos.

O menino de apenas dois anos, Rogerinho, como ficou conhecido, foi morto com um tiro, após uma briga de trânsito, no dia 18 de novembro de 2009.

"A sensação é de humilhação ao ver que ele (autor) está em regime semi-aberto e que conseguiu reduzir a pena. Depois que a gente já sentiu tanta dor e angústia", completou Ariana.

Enquanto fazia caminhada na rua Marques de Pombal, o militar Alan Dionísio Ojeda, 19 anos, foi atropelado no dia 3 de junho, por uma motorista, que segundo a tia do jovem, está em liberdade. "Estamos juntos nessa campanha contra a impunidade", disse a tia do rapaz, Marta Dionísio.

Familiares do segurança Jonh Eder Cortiana Gonçalves, 35 anos, morto com dois tiros em frente a boate Voodoo em Campo Grande, no dia 11 de setembro de 2011, também se solidarizaram com a campanha e se mostravam indignados com a liberdade de um dos envolvidos no crime. "29 dias depois que meu filho morreu, ele já estava solto", disse o pai de Jonh Eder.

Parentes de Ronaldo Rocha, 38 anos, assassinado em Anastácio vieram, para Campo Grande manifestar o sentimento de insatisfação. "O cara que matou meu irmão está solto nas ruas, andando pela cidade como um cidadão normal", falou Helena Maria Aparecida, irmão mais nova da vítima.

O promotor de justiça da 27° Vara da Infância e Adolescência de Campo Grande Sérgio Harfouche foi categórico ao afirmar que algumas legislações estão minando o guerra contra o crime. Como um dos exemplos, o promotor citou a súmula 492 do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que veda a internação de adolescentes presos por tráfico de drogas. Além disso, Harfouche relatou que adolescentes se envolvem em crimes por acreditarem que "não vai acontecer e não vai", frisou.

 

Momento de oração em frente à Cidade do Natal, nos altos da avenida Afonso Pena. (Foto: Minamar Junior)
Momento de oração em frente à Cidade do Natal, nos altos da avenida Afonso Pena. (Foto: Minamar Junior)

Crime – A Polícia Civil encerrou o inquérito sobre o assassinato de Breno Luigi e Leonardo Batista Fernandes em 11 de setembro, 13 dias depois do crime.

Os universitários foram sequestrados quando saiam de um bar, no dia 30 de agosto, em um veículo Pajero, que foi achado em Corumbá. Os corpos deles foram encontrados na manhã do dia seguinte, na região do Indubrasil. Breno e Leonardo foram mortos com um tiro na cabeça.

Cinco pessoas que participaram do assassinato foram indiciadas: Dayane Aguirre Clarindo, 24 anos; o marido, Rafael da Costa Silva, de 22 anos; Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos; Raul Andrade Pinho, 18 anos, e um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael.

A sexta pessoa suspeita de envolvimento no crime, o homem que encomendou o veículo onde estavam os estudantes, foi identificado, mas ainda não foi preso.

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