Com apoio da PM, fim de "gatos" deixa 150 famílias sem energia e gera revolta
Comunidade existe há 2 anos e diz que desde então busca regularizar o fornecimento do serviço elétrico.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Energisa realizou uma operação na Agrovila Campão Orgânico, em Campo Grande, que resultou no corte de energia de mais de 150 famílias. A ação, que contou com apoio policial, incluiu a retirada de aproximadamente mil metros de cabos que abasteciam a comunidade. Moradores relataram que a operação ocorreu sem aviso prévio e causou revolta na população local. A comunidade, estabelecida há dois anos às margens da BR-262, alega buscar a regularização do fornecimento desde sua instalação. Lideranças comunitárias destacam que famílias, agricultores e pessoas com deficiência foram afetadas, ficando sem acesso à água e energia.
Uma operação da Energisa, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, gerou confusão e revolta na manhã desta quarta-feira (25), na Agrovila Campão Orgânico, comunidade instalada às margens da BR-262, saída para São Paulo, em Campo Grande. Mais de 150 famílias ficaram sem energia após a retirada de fios que abasteciam a comunidade.
Segundo moradores, a ação começou por volta das 8h30, quando equipes da concessionária, com apoio policial, entraram no local e retiraram cerca de mil metros de cabos. A comunidade existe há dois anos e, desde então, segundo os moradores, busca regularizar o fornecimento de energia.
“Levaram mais de mil metros de fios nossos. Entraram na comunidade arrancando, levando tudo”, desabafou Jonas Lima Vieira, 40 anos, liderança comunitária. Ele lembra que ali vivem pessoas com deficiência, agricultores e famílias que dependem da energia para bombear água e manter os animais. “Eu me sinto morto aqui dentro hoje. Água e energia são vida. Vieram aqui e tiraram isso da gente”.
A indignação também foi registrada por outros moradores que alegam invasão das casas. “Falaram que, se eu ficasse no caminho, iam me levar junto. Não entraram na minha, mas entraram na casa da frente”, contou a moradora Janaína Pedrosa de Souza, 36 anos.
Para o advogado Joaquim Soares de Oliveira Neto, 54 anos, a forma como a operação foi conduzida foi equivocada. “A ligação irregular não é correta, mas como ficam 215 famílias sem água e luz? Precisava de diálogo, não da força policial”, afirmou. Ele defende a criação de uma comissão para negociar com a Energisa, a prefeitura e a concessionária de água.
Outra liderança, Emília Deniz, 39 anos, reforça que a comunidade tenta regularizar desde o início. “Temos noção de que estamos errados, mas as famílias precisam. O mínimo seria notificar antes, para que a gente pudesse se precaver”, declarou.
A Energisa informou que a área conhecida como Agrovila Campão Orgânico é uma ocupação irregular com ligações clandestinas de energia, que oferecem risco de choques elétricos, incêndios e acidentes fatais.
Segundo a empresa, o desligamento realizado nesta quinta-feira (25), com apoio da Polícia Militar e da PRF, teve como objetivo garantir a segurança e o cumprimento da lei, já que no local havia fiação em contato direto com a rede elétrica e materiais fora dos padrões técnicos.
A distribuidora reforça que, além de colocar a população em perigo, as ligações clandestinas comprometem o sistema elétrico e prejudicam o fornecimento regular. A concessionária diz que seguirá atuando para manter um sistema seguro, eficiente e justo, priorizando o bem-estar dos consumidores.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.