Com artes e brechó, sarau reúne artistas em protesto contra Parque Tecnológico
Artistas defendem que Armazém Cultural deve ser de uso exclusivo para shows, mostras e exposições artísticas
Sarau na noite desta quarta-feira (20), reuniu parte da classe artística da Capital em manifestação contra a instalação do Parque Tecnológico no Armazém Cultural da Esplanada Ferroviária, em Campo Grande. Os artistas alegam não ter sido consultados sobre a obra no espaço, que eventualmente é utilizado para shows, mostras e exposições.
Previsto para ser licitado até setembro o Parque Tecnológico deve ocupar o Armazém Cultural e outros dois imóveis da Esplanada Ferroviária, além de empreendimentos na Rotunda.
Coordenadora do fórum municipal de cultura, Romilda Pizani explica que a prefeitura ainda não teria indicado outro endereço para a realização das atividades culturais, que até então são realizadas na Esplanada.
"Eles estão apresentando um projeto, mas não estão nos dando opção para onde ir. Entendemos que o armazém é onde devemos ficar. Se caso nos dessem outro lugar, tudo bem, mas esse prédio deve contemplar as linguagens artísticas. Queremos que a política pública cultural atenda as pessoas de fato e que toda população possa contemplar a arte", comentou.
Roberto Figueiredo, presidente do conselho municipal de proteção ao patrimônio histórico defende que o espaço não deve ser descaracterizado devido ao seu valor histórico para a cidade. "Várias atividades culturais acontecem aqui. Exposições, teatros. Esse prédio é um patrimônio imaterial que não pode ser descaracterizado. O projeto (do parque tecnológico) é maravilhoso, mas não precisa ser aqui. Esse espaço agrega a arte em Campo Grande. Acabar com esse acesso é o mesmo que acabar com o o patrimônio imaterial. Esse é um momento de sensibilizar as autoridades", completa.
O evento desta noite reúne artesanato, música, teatro e artes visuais. Tem exposição de roupas de brechó e apresentações de dança do street ao estilo regional. Alguns políticos que dão apoio ao movimento também estiveram no local.
Segundo os artistas, a frequência de eventos no local diminuiu por conta da pandemia, mas o espaço continua sendo um dos preferidos e mais valorizados pelos produtores culturais da cidade. O setor cultural também alega que teria sido a aventada a possibilidade de que o armazém divida espaço com o Parque o que para eles também é inviável.
"A gente lota do início ao fim esse armazém quando realizamos eventos então não tem como dizer que vamos dividir espaço com o Parque Tecnológico, precisamos do espaço vazio para montar nossos eventos, porque é o único local que nós temos. Aqui em Campo Grande temos mais de 3 mil artesãos. Não da. Esse espaço é uma conquista nossa", comenta Beatriz Barros que é vice-presidente da Federação dos Artesãos de Mato Grosso do Sul.
O parque - O complexo do Parque Tecnológico prevê Museu Imaginativo, Estação Digital e o Complexo da Rotunda. Os espaços terão espaço convívio social, de lazer, além de quatro Hubs de Inovação em bairros distintos. O projeto integral prevê investimentos no valor de R$ 91.492.702,89, abrangendo a restauração do Complexo de Rotunda da Ferrovia, um Museu Interativo sobre a Ferrovia Noroeste do Brasil com imagens, textos e instalações multimídias.
No local, o visitante vai “viajar” de forma virtual na história do modal ferroviário que teve um papel crucial no desenvolvimento e ocupação populacional de Campo Grande. O projeto se inspira no Porto Digital de Recife (PE), além de parque tecnológico em São José dos Campos (SP), que emprega oito mil pessoas. O local terá parceria entre universidades e governo, para que empresas se instalem no espaço. Estão planejadas salas de reunião, auditórios e estúdios, com foco em startups.