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Capital

Com repasse atrasado, maternidade da Capital pode fechar UTI neonatal

A entidade aguarda o pagamento de R$ 1,1 mi do Ministério da Saúde, mas o recurso está "preso" na Prefeitura

Chloé Pinheiro | 01/09/2016 09:18
Fachada da Maternidade Cândido Mariano, uma das referências de atendimento neonatal e obstetrício da capital. (Foto: Fernando Antunes)
Fachada da Maternidade Cândido Mariano, uma das referências de atendimento neonatal e obstetrício da capital. (Foto: Fernando Antunes)

A Maternidade Cândido Mariano, uma das mais tradicionais de Campo Grande, está passando por apuros para fechar as contas do mês. Com 70% do atendimento destinado a pacientes da rede pública, a instituição recebe mensalmente R$ 1.162.000,00 do SUS (Sistema Único de Saúde), que devem ser repassados pela Prefeitura. O problema é que o recurso de agosto não foi disponibilizado até agora. 

"A Prefeitura nos diz que está sem dinheiro em caixa e estamos sem saber o que fazer. É muito desagradável a situação, porque os funcionários dependem desse dinheiro", relata Alfeu Duarte de Souza, médico e presidente da maternidade. São cerca de 500 colaboradores, entre médicos, anestesistas e outros funcionários, a serem pagos com a verba. 

Segundo o dirigente, o dinheiro veio do Ministério da Saúde no dia 08/08 e, por lei, deveria ser repassado em cinco dias úteis, ou seja, 15/08. "Emitimos a nota fiscal no dia 16, mas até agora não recebemos e esse recurso é destinado para nós", conta Duarte. 

A situação, se não remediada, pode acarretar na suspensão do atendimento na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que conta com 20 leitos ao custo de R$800 mil por mês. Além disso, o gestor teme que, sem receber, os funcionários interrompam seus serviços.

O atraso é a situação mais urgente, mas não a única a ser resolvida na maternidade, que há 78 anos atende a população campo-grandense. A verba de pouco mais de R$ 1,1 mi não é reajustada há cinco anos. "Temos prejuízo todo mês porque temos que tirar de outros lugares para cobrir a diferença entre o que gastamos e o que recebemos, cerca de R$500 mil", desabafa Duarte. 

"É uma tristeza muito grande termos que recorrer à Justiça para resolver a situação", aponta Duarte, que hoje entrará com uma ação no Ministério Público Estadual para conseguir receber. Nas outras ocasiões em que o pagamento atrasou, foi só assim que a entidade garantiu o repasse. 

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não se manifestou até o fim da reportagem. 

Tradição

A Cândido Mariano, localizada na região central da capital, é uma das principais maternidades não só de Campo Grande, mas do estado. Isso porque, além dos campo-grandenses, ela atende também pacientes vindos de municípios vizinhos, onde não há maternidades. 

No total, são cerca de 700 atendimentos do SUS e o maior volume de partos da cidade, até 20 partos do dia, ou 600 nascimentos ao mês. Recentemente, a capacidade de partos ao mês estabelecida pelo SUS foi aumentada para 460 e subirá para 555, sem subir, contudo, a verba. 

Para dar conta da demanda sem entrar no vermelho, o hospital precisa de ajuda do poder público. "Temos que mobilizar nossos senadores e deputados para melhorar esse repasse no Governo Federal", pede Duarte. 

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