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Capital

Combate ao bullying ganha dia e se mostra cada vez mais comum nas escolas

Paula Maciulevicius | 15/09/2011 19:21

Prática que se esconde atrás das brincadeiras tem casos frequentes de extorsão

Prática cada vez mais comum ganha aliado cruel, o aumento em casos de extorsão entre alunos de escolas. (Foto: João Garrigó)
Prática cada vez mais comum ganha aliado cruel, o aumento em casos de extorsão entre alunos de escolas. (Foto: João Garrigó)

A programação nas escolas estaduais nesta quinta-feira deixou de lado os cadernos, a lousa e o giz. No lugar, palestras e atividades voltadas para o combate ao bullying. O projeto vem da Secretaria de Educação do Estado que criou o Dia Estadual de Combate ao Bullying, com programas nas 362 escolas de Mato Grosso do Sul.

A escola estadual Profª Izaura Higa, nas Moreninhas tem como mestre uma vítima de bullying. O diretor Aldemar de Jesus Fernandes tem 58 anos, mas nunca se esqueceu do drama que viveu aos 17. “Eu vou levar até quando for pro caixão”, conta.

O desabafo é sobre o apelido que ele recebeu quando serviu o Exército. “Por eu ter as orelhas em pé me chamavam de orelha de coturno. É uma humilhação, chateação”, relembra.

A missão de conscientizar os alunos para que não pratiquem o bullying ganhou atenção especial do professor. Quem viveu na pele os males da prática não quer ver outras crianças sofrendo no futuro.

“Essa questão está dentro da família, na escola, no trabalho, na rua. E é uma experiência que marca. Eu nunca mais esqueci”.

Vítima de bullying quando jovem, professor é quem ergue a bandeira contra a prática. (Foto: João Garrigó)
Vítima de bullying quando jovem, professor é quem ergue a bandeira contra a prática. (Foto: João Garrigó)

O bullying sempre existiu, mas ganhou características cruéis, dignas de filmes. O caso noticiado pelo Campo Grande News, em maio deste ano, de um garoto de 13 anos que foi extorquido por um colega de classe durante um ano é apenas um dos casos que se escondem atrás das brincadeiras.

O professor mesmo viu dentro da escola uma situação semelhante. Uma aluna de apenas 8 anos teve de dar R$ 50 reais a um garoto de 13.

“Ela sempre comprava lanches e ele pegava, até que chegou ao ponto dele pedir um celular. Ele a intimidou e perguntou se eu pedir uma coisa você me dá? Ela disse que sim, e ele pediu o celular. Depois ele pediu o dinheiro e ela burlou dentro de casa”, narra Aldemar.

Durante todo o dia de programação os alunos foram conscientizados das consequências do bullying. O termo já virou comum e a prática então, nem se fala.

A estudante Aline Figueiredo, de 12 anos, fala que já sofreu e também já praticou. Como aluna empenhada virou “chacota” entre os colegas. “Só porque eu era nerd, tirava notas boas. Mas eu era como eles, como todo mundo, só estudava mais”.

No papel inverso ela acabou também virando autora e admitiu que já ridicularizou uma colega. “Eu xinguei e fiquei falando que ela era isso e aquilo. Quando eu percebi que ela ficou mal, pedi desculpas, mas fui agressiva”, fala.

A atitude intencional e repetitiva, como é o bullying, é vista agora com outros olhos pela menina. “Quando eu vejo, o que é muito normal, eu saio e aviso alguém para ajudar”, comenta.

“O bullying está em todo lugar, nós o vivenciamos cada vez mais pesado. É preciso conscientizar as pessoas, não só os alunos. É uma coisa que você carrega para a vida inteira”, finaliza o professor.

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