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Capital

Como está, combate a droga é "enxugar gelo", avaliam delegados

Viviane Oliveira | 06/05/2012 09:48
Delegado Wellington de Oliveira na frente de vila usada para consumo de drogas. (Foto: Minamar Júnior)
Delegado Wellington de Oliveira na frente de vila usada para consumo de drogas. (Foto: Minamar Júnior)
Para o delegado Balsanini, o principal problema hoje é a legislação inadequada. (Foto: Arquivo)
Para o delegado Balsanini, o principal problema hoje é a legislação inadequada. (Foto: Arquivo)

Vila de quartos que se transformou em cracolândia em bairro tradicional, garota de 12 anos viciada em pasta-base de cocaína, família destruída por causa da droga. São notícias que cada vez mais tomam conta dos noticiários e fazem refletir sobre os tentáculos cada vez mais numerosos e maiores do tráfico de drogas e da dependência química.

Para o delegado da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) de Campo Grande, Marco Antônio Balsanini, a responsabilidade pelas ações de combate tanto ao tráfico quanto do consumo não é apenas da Polícia. Para ele, falta é uma força integrada com ações administrativas da prefeitura, saúde e segurança pública.

O raciocínio do delegado é o mesmo de muitos dos que militam na causa: a realidade não se muda do dia para noite prendendo o traficante ou acabando com as bocas de fumo. Nesse caso, afirma, o usuário está na rua e migra de um lugar par o outro. “Eles são força para movimentar o tráfico de drogas. Hoje a nossa legislação para o usuário é inadequada. A gente sabe onde está o problema, mas a própria lei trava”, explica.

Balsanini diz que nem todo dependente químico deve ser tratado como doente. Para ele, aquela pessoa que perdeu totalmente a capacidade de gerir sua própria vida por conta da droga deve ser internada compulsoriamente para tratamento.

Já a pena, avalia, deveria ser diferente para o usuário eventual, aquele que fomenta o tráfico de droga e tem consciência do mal que causa para a sociedade. “Este deveria ser preso. Com isso o trabalho da Polícia e da Justiça iria melhorar. O principal problema hoje é a legislação inadequada”, afirma.

O delegado explica que o usuário de droga muitas vezes está no Centro, onde de dia faz uma atividade licita como cuidar de carros, e à noite procura uma moradia próxima para consumir o entorpecente.

Ele cita vários pontos da área central como exemplos: o entorno do Camelódromo, do Mercadão Municipal, da avenida Afonso Pena com a Calógeras, a região da antiga rodoviária e o bairro Amambaí, que por ser um local próximo ao centro, se transformou em cracolândia.

“A maioria dos usuários de droga tem passagem pela Polícia, mas a legislação os protege”, completa.

Menina de 12 anos flagrada furtando um supermercado para comprar droga.
Menina de 12 anos flagrada furtando um supermercado para comprar droga.
Pai de Levi, Leandro mostra a foto do filho antes de se envolver com as drogas.
Pai de Levi, Leandro mostra a foto do filho antes de se envolver com as drogas.

Efeito devastador das drogas - No começo do ano foi notícia uma menina de 12 anos flagrada furtando um supermercado para comprar droga. Viciada em pasta-base ela foi encaminhada para tratamento contra a dependência química.

Levi da Costa, de 22 anos, que teve 40% do corpo queimado no dia 10 de março em uma tentativa de homicídio, é mais um retrato do efeito devastador das drogas.

O pai do rapaz, Leandro da Costa, 61 anos, conta que o vício começou na adolescência e foi se agravando, até, chegar ao extremo de tê-lo que expulsar de casa.

No dia 25 de abril, o delegado Wellington de Oliveira da 1ª Delegacia de Polícia, com sua equipe, esteve na vila de quartos que se transformou em cracolândia, na rua dos Barbosas no bairro Amambaí. No local encontraram um menino de 3 anos, dentro de um dos cômodos junto com o pai que foi flagrado consumindo pasta-base de cocaína.

Na última sexta-feira (4), o delegado Wellington fez outra batida no “cortiço”. Os policiais fizeram revistas em todos os quartos e não encontraram nada. “Viemos fazer uma nova batida para ver como estava o lugar”, disse.

Nada foi encontrado. Para Wellington falta materialidade. “Se não tiver uma política pública adequada será a mesma coisa de enxugar gelo”, finaliza.

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