Contra o tempo roubado por fila, tem quem leve até crochê para esperar os R$ 600
Trabalhadores aguardam horas na fila para receber auxílio emergencial do governo
Em véspera de feriado, o trabalhador enfrenta mais um dia de espera do lado de fora das agências da Caixa Econômica Federal para sacar o auxílio emergencial de R$ 600, oferecido pelo governo federal em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Nesta quinta-feira (30), por volta das 10h, a fila no Banco da 13 de Maio já alcançava uma quadra.
Teve gente que levou comida, água, guarda-sol e até crochê para adiantar o serviço, enquanto aguarda atendimento.
A artesã Josineide Silva, 32 anos, levou agulha e linha para adiantar a confecção de dois vestidos, que serão entregues nas próximas semanas. Ela contou que o dinheiro está disponível há dias, mas até então não conseguiu receber o auxílio porque o único cartão que tem está no CPNJ do ateliê dela.
“Acho que não recebi ainda porque sou MEI (Microempreendedor individual). Vim tentar resolver essa situação. A fila está gigantesca. Espero que dê certo”, contou.

Com sombrinha, óculos escuro e blusa de manga longa, a cuidadora de idosos Seluta Basaglia 52 anos, tentava escapar do sol. Seluta passou à noite em claro, saiu do trabalhado nesta manhã e foi direito para a Caixa segurar lugar para o marido que estava trabalhando.
“Antes de sair de casa, ele viu que o dinheiro estava liberado. Quando tiver perto de entrar na agência, vou ligar pra ele vir. Acho que vou sair daqui lá pelas 14h”, disse. Ela levou para a fila água, café e uma sacola com banana e laranja. “As frutas vão ser o meu almoço”.
Tentando se proteger do sol quente com um guarda-chuva, a costureira Rosa Mary Rodrigues, 59 anos, tentou sacar o auxílio no dia 21, mas não conseguiu. Ela reclama que não pode ficar exposta ao sol porque sofre de lúpus e faz parte do grupo de risco por ter pressão alta. Mesmo assim teve que voltar à agência para tentar receber o dinheiro que será usado para comprar remédio
“Meu cartão da Caixa venceu. Pediram para fazer outro pelo aplicativo. Mas o dinheiro está na conta antiga”, lamentou. Rosa levou a filha para explicar no banco o que havia acontecido e o caminho que a mãe tentou fazer para conseguir sacar. “Eu fico muito nervosa na hora do atendimento e não consigo explicar direito”, lamentou.
O benefício financeiro destinado a trabalhadores informais, MEI (Microempreendedores Individuais), autônomos e desempregados, no valor de R$ 600 será pago por três meses, para até duas pessoas da mesma família.