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Capital

Crise econômica leva mais idosos às ruas em busca de renda

Aposentadoria ou Auxílio Brasil não são suficientes para sobreviver no mês

Izabela Cavalcanti | 13/10/2022 12:21
Cleonice ganha entre R$ 0,50 e R$ 2 a cada cartela de MS Cap vendida (Foto: Izabela Cavalcanti)
Cleonice ganha entre R$ 0,50 e R$ 2 a cada cartela de MS Cap vendida (Foto: Izabela Cavalcanti)

A crise econômica aumentou o número de pessoas que vivem na linha de pobreza, entre elas os idosos. Não sendo suficiente viver apenas com a aposentadoria de um salário mínimo ou com o Auxílio Brasil, foi preciso buscar alternativas para complementar a renda.

Segundo a Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), em Mato Grosso do Sul, 267 mil pessoas passam fome.

Nas ruas de Campo Grande, por exemplo, é possível ver ambulantes de todas as idades, vendendo tudo quanto é tipo de produtos.

Exemplo disso é a Cleonice Souza, de 61 anos. Ela recebe o Auxílio Brasil e precisa vender MS Cap para conseguir levar alimento para a mesa. Moradora do Zé Pereira, todos os dias, às 09h, ela chega na Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua 14 de Julho.

A cada cartela de R$ 20, ela ganha R$ 2; cartela de R$ 10 tira R$ 1 de lucro e a cada venda de R$ 5, ela leva apenas R$ 0,50.

“Tem semana que consigo R$ 100, depende. É um pouco difícil de sobreviver, é apertado. Se não fosse o Auxílio, eu estava ferrada”, lamenta.

Outro caso é da Mirtes Leite, de 90 anos. Mesmo aposentada com um salário mínimo, ela acorda às 04h para poder trabalhar. Do bairro Santa Carmélia, de ônibus, ela chega no seu ponto fixo, na Avenida Afonso Pena.

Mirtes vende pano de prato, pacote de alho, e guarda-chuva para complementar a renda (Foto: Izabela Cavalcanti)
Mirtes vende pano de prato, pacote de alho, e guarda-chuva para complementar a renda (Foto: Izabela Cavalcanti)

“Eu vendo minhas coisinhas para não ficar caducando e é para ajudar mais em casa. Eu que pago água, luz, pago tudo. É difícil. Aqui é a minha distração”, relata.

“Desde os 4 anos que meu pai colocou nós para trabalhar. Eu fui criada trabalhando”, completa.

Wilson Nascimento, de 54 anos, é picolezeiro há 7 anos. Ele é outro dependente do Auxílio Brasil, sendo insuficiente para sobreviver no mês.

Ele conta que tem dias que não consegue vender nada, quando consegue precisa dividir com o fornecedor. Ou seja, se ele vende R$ 50, consegue lucrar apenas R$ 25.

“Eu não passo fome. É para ter uma ajuda a mais, complementar a renda. Por enquanto é o que tem”, conta.

Wilson vende picolés nas ruas de Campo Grande para conseguir ajudar nas contas (Foto: Izabela Cavalcanti)
Wilson vende picolés nas ruas de Campo Grande para conseguir ajudar nas contas (Foto: Izabela Cavalcanti)

Desigualdade - Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020, 21% dos sul-mato-grossenses viviam com o valor maior que zero e até 1/2 de salário mínimo per capita mensal.

Em Mato Grosso do Sul, são 1,6% da população com rendimento mensal per capita de até R$ 89 abaixo da linha de pobreza extrema do Bolsa Família.

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