De 1,7 mil, só 309 justificam fraudes no Bolsa Família na Capital

Quando Hellen Bueno de Oliveira, 41, soube que teria uma reunião, na última segunda-feira (27), no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande, para falar sobre as regras para continuar recebendo o Bolsa Família, ela foi logo. Perder o benefício que paga as despesas essenciais da família é um risco que ela não poderia correr.

A beneficiária é mãe de duas meninas, uma de 5 anos e outra de 9 anos. Ela soma atualmente o recebimento de R$ 750 de auxílio do programa do Governo Federal. As três vivem em um barraco que fica próximo ao presídio de segurança máxima, na comunidade Vitória.

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Hellen afirma conhecer várias pessoas que foram cortadas, já no início de 2023, da lista de beneficiários do Bolsa Família e também do Mais Social, programa de assistência do governo de Mato Grosso do Sul. Segundo ela, a maioria dessas pessoas não cumpriu o requisito escolar dos programas. “Tem que manter as crianças na escola. Muitos até matriculam, mas não levam para a aula, daí o filho fica com excesso de falta”, conta.

A reunião que Hellen participou no início da semana antecedeu o início do mutirão da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) para ouvir 1.740 famílias beneficiárias do Bolsa Família que já estavam com alguma pendência nas condicionantes relacionadas à saúde e educação do programa. Esse trabalho, no entanto, resultou no atendimento de cerca de 309 pessoas do total que deveria ter comparecido para dar alguma justificativa, segundo calculou a pasta na manhã desta sexta-feira (31).

Entretanto, mesmo sem estarem irregulares, cerca de outros 1.000 beneficiários compareceram, com medo de perder o benefício. É o caso de Ramona Mendonça Pereira, 34, que tem cinco filhos, a mais nova de 2 meses. Por não ter onde deixá-los para ir trabalhar, ela nunca esteve empregada. Depende do Bolsa Família para dar o que comer e vestir às crianças, além de pagar as contas da casa, que também fica na Comunidade Vitória. O benefício os mantém há 9 anos. "Aqui em casa, eu e meu marido dependemos desse auxílio para tudo. Ele até tenta, mas não consegue trabalho. Só fica fazendo 'bico'", relata.

Governo Federal vai avaliar justificativas – Os beneficiários que conseguiram justificar as irregularidades para não perder o Bolsa Família terão seus recursos encaminhados para o Governo Federal. Se aceitos, elas conseguirão manter o recebimento do auxílio.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que o Governo Federal estima excluir cerca de 70 mil famílias de Mato Grosso do Sul do programa Bolsa Família em um segundo pente-fino que será realizado em abril. Outros 20 mil beneficiários foram excluídos este ano por irregularidades.