Defesa reclama de “demonização” de guardas acusados de milícia na Omertà
"Nenhuma prova existe em relação à participação desses quatro guardas em qualquer evento ilícito", diz advogado
Na defesa de quatro guardas municipais presos na operação Omertà, o advogado Márcio Almeida afirma que há “demonização” dos acusados e um pré-julgamento.
“De forma geral, a imprensa se dedicou muito mais a cumprir a operação pelo viés da acusação e não deu a mesma abertura para a defesa. Está havendo um pré-julgamento em relação a cada um dos acusados. Falo em especial sobre os guardas municipais. Nenhuma prova existe em relação à participação desses quatro guardas em qualquer evento ilícito, somente ilações por parte do Gaeco. Estamos demonizando todos os acusados neste momento”, afirma.
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Os guardas municipais Alcinei Arantes da Silva, Eronado Vieira da Silva, Igor Cunha de Souza e Rafael Carmo Peixoto foram presos em 27 de setembro na operação que investiga grupo de extermínio e milícia armada.
De acordo com a Omertà, os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho lideram a organização criminosa. Sendo os guardas apontados como integrantes do núcleo de apoio. Com a operação, os quatro servidores foram afastados da Guarda Municipal de Campo Grande por 60 dias.
Segundo o advogado, apenas Eronaldo tinha porte funcional e treinamento para uso de arma. Conforme Márcio Almeida, as atividades dos guardas não estavam relacionadas à segurança, como sinaliza a operação, mas serviços gerais na casa dos Names.
“As fotografias mostram o Peixoto lavando varanda. A imagem que eles tem do Cunha é chegando ao domicílio. As ligações telefônicas são todas de pedidos de serviços de casa, como buscar coisa em mercado, medicamentos, transporte de funcionários. Atividades comezinhas do dia a dia de uma família daquele padrão social”.
A defesa informa que os guardas podem trabalhar em atividades lícitas fora do horário de expediente como servidor público. Em geral, a escala é de 24 horas de trabalho e 72 horas de descanso. Ainda de acordo com o advogado, os presos não portavam armas, divergindo da acusação de fazer segurança para os empresários.
Explicações - Sobre o contato de Peixoto com a esposa de Marcelo Rios, então guarda municipal que foi preso em 19 de maio com arsenal de guerra, a defesa pontua que não foi uma tentativa de calar a testemunha, mas tentativa de quitar um débito, decorrente da transação comercial de uma motocicleta.
“O Marcelo estava preso, ele não sabia como pagar e queria saber como fazia a entrega do dinheiro para ela. São situações que a defesa não tem oportunidade de apresentar para a sociedade”, diz o advogado.
Noutro episódio da investigação, em que a cobertura de Jamil Name Filho registrou uma “operação limpeza” horas depois da prisão de Marcelo Rios, o advogado reproduz a explicação de Alcinei.
“Ele me disse que o senhor Jamil Name Filho tinha costume de usar bebida alcoólica sem permissão do pai. Os meninos que trabalhavam como motorista tinham que comprar bebida e esconder. O Alcinei conta que estiveram no apartamento para retirar bebidas”, afirma.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) denunciou os guardas por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.