Em audiência, moradores se mostram contra fechamento de Centro Pediático
Moradores de diversas regiões de Campo Grande se mostraram contra o fechamento do Cempe (Centro Municipal Pediátrico) durante audiência pública realizada durante à tarde de hoje (08) na Câmara Municipal. Na unidade, instalada na Avenida Afonso Pena, centro da Capital, já foram realizados cerca de 68.202 atendimentos e 228.405 procedimentos desde a inauguração, em outubro do ano passado.
O funcionamento do Cempe, que passou a se chamar PAI (Pronto Atendimento Infantil), está sendo questionado pelo Conselho Municipal de Saúde, por conta de algumas irregularidades, entre elas, o valor pago pelo aluguel do prédio, que estaria acima do mercado, falta de alvarás e precariedades nas instalações.
Para a dona de casa Sebastiana de Oliveira Barros, 39 anos, moradora do Bairro Nova Bahia, o Cempe se tornou referência no atendimento e “sempre que precisa levar os filhos, de três e cinco anos no médico, busca a unidade”.
“Desde que abriu eu só vou lá. Sempre tem médico e meus filhos são atendidos rápido. No meu bairro, por exemplo, não tem pediatra durante o dia e não tem outra alternativa. De início eu levava porque não tinha pra onde correr, agora levo porque sei que é bem melhor e vale a pena a caminhada. Pra mim, se fechar vai ser muito ruim”, comentou.
Já a doméstica Lurdes Aparecida Castro, 43 anos, moradora do Bairro Estrela do Sul, diz que a população é carente e sofre com a falta de médicos, e uma decisão dessa, de fechar a unidade pediátrica, seria um “absurdo”.
“Não tem cabimento. A população já sofre sem pediatra nas unidades de saúde e se fechar aonde tem, quero ver como vai ficar. Apesar de ser no centro, lá (Cempe) a gente é atendido bem e com uma estrutura boa. Seria um absurdo fechar aquilo, eu acho que tinha que arrumar
Em sua fala, Sebastião Júnior Arinos, um dos integrantes do Conselho Municipal de Saúde, esclareceu que o parecer elaborados por ele não pede o fechamento da unidade, no entanto, é necessário que haja o cumprimento da lei, tendo em vista que foram encontradas irregularidades.
“ Não há decisão para extinguir o serviço. Somos favoráveis ao funcionamento, mas dentro da legislação. Nunca vamos contra a população. Somos contra o pagamento de altos salários como foi feito ali, porque não é pago esse diferencial de 300% para atender nos bairros da periferia? Temos que ter prazo para sanar essas irregularidades", disse.
Sebastião disse ainda que, Cempe funciona sem alvará do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária, além disso, por conta de outras irregularidades a unidade não está apta a receber recursos do Ministério da Saúde.
A diretora de Vigilância em Saúde e diretora administrativa do PAI, Márcia Dal Fabro, rebateu as declarações afirmando que a unidade não está irregular.
"Foi pedido parecer da Vigilância para ver o que precisava para funcionar como hospital, recebemos relatório da Vigilância e isso já basta para funcionar, então podemos sim atender na emergência e pronto atendimento. Teve vistoria do Corpo de Bombeiros para atender como pronto atendimento e emergência”, disse.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, é preciso que haja um entendimento urgente, ressaltando que a população não pode ficar prejudicada.
Atendemos uma média 700 crianças por dia, e queremos aumentar para internação e fazer pequenas cirurgias infantis. É um absurdo falar em fechar, temos que deixar questões políticas, que está muito envolvida nessa questão. Fazer um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), com o MPE para resolver esta situação do aluguel, por exemplo”, disse.
Atualmente, a prefeitura paga R$ 194.150 mil pelo aluguel do prédio, quando o valor de avaliação, segundo o Ministério Público, é de R$ 176.500,00.
A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Saúde, composta pelo vereadores Paulo Siufi (presidente), Dr. Loester (vice), Alex do PT, Luiza Ribeiro e José Chadid.