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Capital

Em bairros populosos, como Guanandi, moradores sofrem para pagar conta de luz

Paula Maciulevicius | 19/05/2011 21:26

Consumidores deste e de outros bairros precisam se deslocar e até pagam passagem de ônibus para quitar contas de energia

Sem postos, opção dos moradores é ir até o centro. Custo do deslocamento passa a acrescentar valor da conta. (Foto: arquivo)
Sem postos, opção dos moradores é ir até o centro. Custo do deslocamento passa a acrescentar valor da conta. (Foto: arquivo)

Pagar conta de luz virou “saga” para moradores do Guanandi e de outros bairros da Capital. Sem ter onde pagar, população precisa se deslocar até outras regiões e muitas vezes custeiam passagem de ônibus até postos de recebimento das contas de energia.

No bairro Guanandi, onde moram mais de 11,5 mil pessoas, não há nenhum posto de recebimento credenciado pela rede de energia. A solução para os moradores é “se virar” para pagar a conta.

Segundo o presidente da Associação de Moradores do bairro, Clodoaldo Dias Guimarães, 30 anos, o povo dá um jeito, seja de bicicleta, a pé ou de condução.

“A gente gasta, pega ônibus. A minha conta eu paguei, mas tive que gastar um bom combustível para isso e ir até o Aero Rancho”, conta.

“Um bairro populoso como esse e não ter posto de arrecadação?” questiona.

Agora é lei - Uma nova legislação quer mudar a realidade da maioria da população campo-grandense que precisa ir até o centro para realizar o serviço. Promulgada pela Assembleia Legislativa, a lei estabelece número mínimo de postos para pagamento da fatura de energia elétrica, com base na população de cada região.

A empresa concessionária deverá oferecer para os consumidores, locais descentralizados e próximos às residências, destinados ao pagamento da conta de energia elétrica.

O critério deve ser o número de habitantes dos bairros ou regiões dos municípios. Entre 10 e 30 mil habitantes, deve haver dois locais; acima de 30 mil, três postos devem ser instalados.

A realidade dos bairros, por enquanto, é contrária. Segundo o site da própria concessionária de energia elétrica, são 68 postos da Capital, incluindo um no distrito de Anhanduí para atender toda a cidade.

A maioria deles são localizados na região central, deixando os bairros defasados e dificultando a vida dos moradores. Enquanto faltam em determinadas regiões, o centro da cidade acumula 17 postos credenciados pela concessionária.

Enquanto bairros sofrem sem postos de recebimento, centro da cidade conta com 17 locais cadastrados. (Foto: Minamar Junior/arquivo)
Enquanto bairros sofrem sem postos de recebimento, centro da cidade conta com 17 locais cadastrados. (Foto: Minamar Junior/arquivo)

A saga - Região de maior população da Capital, o bairro Aero Rancho tem mais de 35,3 mil habitantes que tem apenas duas opções de locais para pagar a conta.

Enquadrando à nova lei, seriam necessários três postos de recebimento.

“Uma região tão grande dessa, que é quase uma cidade, tinha que ter mais postos para ajudar o povo. Um é lá perto do Hospital Regional e o outro para cima do córrego. Pega ônibus para ir e voltar e quem não têm como pagar, precisa caminhar muito”, reclama a moradora Maria Bezerra de Lima Santos, 65 anos.

Para ela uma das saídas seria a colocação do posto de recebimento no terminal de ônibus. “Aí só pagaria uma passagem e evitava gastar tanto”, completa.

Mesmo morando em um bairro com dois locais de recebimento, o Maria Aparecida Pedrossian, a secretária Maria de Lourdes Silva de Souza, 39 anos, explica que dividi-los com 6,8 mil vizinhos acarreta transtornos.

“É difícil sair daqui do bairro para ir lá no centro pagar, porque muitas vezes só dá para ir lá”, ressalta a moradora Maria de Lourdes Silva de Souza, 39 anos.

Isso porque os postos da região têm um limite de movimentação. Ela acrescenta que por muitas vezes não conseguiu pagar a luz de casa porque o limite já tinha sido ultrapassado. “Não compensa realmente ir até o centro, mas precisa. Se vai de ônibus paga R$ 5,40, é uma coisa a mais na conta”, comenta.

Outro exemplo de defasagem é o bairro Nova Lima. Ocupado por pouco mais de 27,7 mil habitantes, a região só conta com um local para pagamento de luz.

Velha briga – Segundo o representante do Cedampo (Centro de Documentação e Apoio aos Movimentos Populares), Haroldo Borralho, sindicatos de trabalhadores em geral e várias outras entidades vem há muito tempo já cobrando o aumento dos postos.

“O que acontece em Campo Grande é que as pessoas têm que descer na cidade para pagar a energia. Há três anos fizemos audiência com diretores da Enersul já pedindo para colocarem em terminais de ônibus, supermercados, postos de gasolina”, afirma.

Outro problema apontado pela Cedampo, que espera ser solucionado através da lei é o pagamento facilitado, por meio de cartão.

“Tem locais que não aceitam pagamento em cartão e ainda tem o limite. Teve que fazer uma lei para facilitar a vida do cidadão, para uma coisa que ele tem que pagar”, ressalta.

Haroldo fala ainda da abrangência do problema, “isso na Capital, imagina o interiorzão”?

Outro lado da moeda – De acordo com a rede concessionária de energia, foi uma surpresa a criação da lei. “Em nenhum momento houve alguma solicitação para informar o quantitativo da extensão que a rede mantém a diposição do cliente”, afirmou a Enersul por meio da assessoria.

A empresa fala que são 373 postos de pagamentos denominados Rede Enersul Fácil, que além de receber o pagamento, emite segunda via e consulta de débitos.

Do total de atendimentos realizados, 63% são em postos de recebimento. Ainda de acordo com a concessionária, a escolha dos locais é estratégica e determinada por fatores como localidade, acesso fácil, grande fluxo de pessoas que englobam todas as regiões da cidade.

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