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Capital

Em dia de greve, trabalhadores ficam "plantados" em pontos de ônibus

Terminais amanheceram vazios, surpreendendo quem depende do transporte para chegar ao serviço

Por Izabela Cavalcanti e Maria Gabriela Arcanjo | 15/12/2025 06:37
Em dia de greve, trabalhadores ficam "plantados" em pontos de ônibus
Randolfo aguardando ônibus no Bairro Coronel Antonino (Foto: Marcos Maluf)

Usuários do transporte coletivo estão enfrentando dificuldades na manhã desta segunda-feira (14) com o início da greve geral dos motoristas de ônibus em Campo Grande. Terminais amanheceram vazios, surpreendendo trabalhadores que dependem do transporte para chegar ao trabalho.

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A greve geral dos motoristas de ônibus em Campo Grande, iniciada nesta segunda-feira (14), deixou terminais e pontos vazios, afetando milhares de usuários. A paralisação foi decidida após o não pagamento integral dos salários, que deveriam ter sido depositados em 5 de dezembro. O Consórcio Guaicurus efetuou apenas 50% dos pagamentos devidos, medida insuficiente para evitar a greve. O sistema transporta diariamente mais de 116 mil passageiros, percorrendo 72 mil quilômetros, evidenciando o impacto significativo da paralisação na rotina da população campo-grandense.

A paralisação foi decidida em assembleia no dia 11 de dezembro, após o não pagamento integral dos salários da categoria. Mesmo assim, muitos usuários não acreditavam que a greve realmente aconteceria.

É o caso do comerciário Randolfo Augusto Gonçalves, de 72 anos, que chegou ao ponto de ônibus por volta das 5h50, na Rua Francisco José Abraão, onde costuma pegar o primeiro coletivo do dia, a linha 017.

“Eu não estava sabendo da greve. Na sexta ouvi o pessoal do serviço comentando, mas não botei fé que ia ter mesmo. Cheguei aqui e estava muito quieto, aí comecei a desconfiar que era verdade mesmo a greve”, relatou.

Randolfo trabalha em um mercado na Rua Amazonas e faz diariamente um trajeto com dois ônibus: segue até o Terminal General Osório e depois pega a linha 080 até o destino final.

Ao confirmar pela reportagem que não haveria ônibus, reagiu com surpresa: “Você jura mesmo?”.

Indignado, ele criticou a falta de informação. “Deveríamos estar sabendo desde a semana passada sobre a greve pra não ficar igual palhaço no ponto de ônibus.”

Sem alternativa, decidiu voltar para casa e ir trabalhar de carro, mesmo evitando usar o veículo com frequência para não deixá-lo estacionado na rua por muito tempo.

Também no mesmo ponto, a auxiliar de limpeza Bianca de Souza Silva, de 31 anos, chegou às 5h55. Ela contou que só ficou sabendo da paralisação após ser avisada por outra pessoa que passava de bicicleta.

Em dia de greve, trabalhadores ficam "plantados" em pontos de ônibus
Bianca, sentada no ponto de ônibus no Bairro Coronel Antonino (Foto: Marcos Maluf)

“Eu fui avisada sobre a greve, mas também não acreditei que iria parar. Pensei que iam negociar com os motoristas”, disse. Além disso, uma vizinha chegou a ligar para alertá-la.

Sem transporte, Bianca decidiu avisar o supervisor e não ir ao trabalho. “Eu fico indignada porque todos os dias tem pessoas andando de ônibus, então tem dinheiro para pagar os motoristas. Me sinto no prejuízo”, desabafou. Apesar da situação, ela ainda acredita que o serviço não ficará totalmente paralisado ao longo do dia.

Já o jardineiro Marcos Rodriguez de Sousa, de 37 anos, foi até o Terminal General Osório e encontrou o local completamente parado. “Fui para o terminal e vi que não tinha ônibus. Na minha opinião, é uma falta de respeito, uma vergonha”, afirmou.

Sem condições financeiras de usar aplicativos de transporte ou táxi, Marcos decidiu voltar para casa e aguardar um posicionamento da empresa onde trabalha.

Em dia de greve, trabalhadores ficam "plantados" em pontos de ônibus
Usuários do transporte coletivo aguardando ônibus na Avenida Três Barras (Foto: Lucimar Couto)

Entenda - A greve dos motoristas foi decidida em assembleia realizada no dia 11 de dezembro, que reuniu mais de 200 trabalhadores do transporte coletivo. A categoria reivindica o pagamento integral dos salários, que deveriam ter sido depositados no dia 5 de dezembro, além de outros direitos trabalhistas em atraso.

No dia 12 de dezembro, o Consórcio Guaicurus informou ter efetuado o pagamento de 50% dos salários devidos, mas a medida não foi suficiente para suspender a paralisação.

O presidente do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), Demétrio Freitas, reafirmou no domingo (14) que a frota permanecerá totalmente parada.

Segundo a 32ª edição do Perfil Socioeconômico do Município, divulgada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) em agosto de 2025, com base em dados de 2023, o sistema de transporte coletivo de Campo Grande registrou uma média diária de 116.166 passageiros, percorrendo cerca de 72 mil quilômetros por dia.

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Terminal General Osório fechado e sem ônibus circulando (Foto: Marcos Maluf)

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