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Capital

Em velório de carteiro, colegas pedem mais cuidado com quem vive em trânsito

Acidente ocorreu na tarde de ontem (14) no Bairro Guanandi, em Campo Grande

Kerolyn Araújo e Aletheya Alves | 15/12/2020 15:13
Eliovaldo Vargas Costa, 54 anos, morreu em acidente na tarde de ontem. (Foto: Kísie Ainoã)
Eliovaldo Vargas Costa, 54 anos, morreu em acidente na tarde de ontem. (Foto: Kísie Ainoã)

Familiares e amigos se reuniram na tarde desta terça-feira (15) para dar o último adeus a Eliovaldo Vargas Costa, 54 anos, carteiro que morreu após ser atropelado por um caminhão na tarde de ontem (14) no cruzamento das Avenidas Ernesto Geisel e Manoel da Costa Lima, no Bairro Guanandi.

Luzinete da Silva, 51 anos, que também trabalhava com a vítima, disse que o acidente deixou um alerta a todos que trabalham nas ruas da cidade e pediu mais cuidado a quem pega no volante. "Mais do que nós nos cuidarmos, os outros devem ficar atentos também", ressalta.

E olha que Eliovaldo era um profissional experiente e, mesmo assim, virou mais uma vítima fatal no trânsito de Campo Grande. "Quando eu cheguei nos Correios, ele já estava trabalhando lá. Conhecia toda a área de trabalho no Parati, a gente respeitava muito ele. Ninguém imaginava que aconteceria alguma coisa assim, é um choque para quem trabalha com isso todo dia", diz Luzinete.

Eliovaldo não tinha filhos, mas a sobrinha Jéssica Silva Costa, 25 anos, o considerava pai. Ao Campo Grande News diz que a morte foi uma fatalidade para quem não tinha medo de andar de bicicleta. "Foi uma tragédia. Ele nunca comentou nada sobre medo de andar pelas ruas. Inclusive, neste ano, comprou uma bicicleta para ir e voltar do serviço, sem precisar pegar ônibus".

Ontem, o acidente na Avenida Manoel da Costa Lima acabou com muitos planos. “Ele viajava todo ano para praia, o sonho era se aposentar e comprar uma casa no litoral. Agora a gente fica preocupado com a minha avó, mas ainda bem que só restaram boas lembranças", comenta.

Esse ano ele teve crise de pânico, precisou ficar afastado por algum tempo e quando voltou, foi para serviço interno, há mais ou menos dois meses, relata Jéssica


Aloízio Gomes, 41 anos, trabalha com a vítima nos Correios. (Foto: Kísie Ainoã)
Aloízio Gomes, 41 anos, trabalha com a vítima nos Correios. (Foto: Kísie Ainoã)

Colega de trabalho, Aloízio Gomes, 41 anos, começou a trabalhar nos Correios bem depois de Eliovaldo que por quase 25 anos entregou cartas e encomendas pela cidade.

"Em todo lugar que ele chegava tinha alegria e risada. Era um cara muito feliz, não tinha tempo ruim. A gente trabalhou juntos por muito tempo, acho que quase dez anos. Você vira família e agora isso foi um choque. Todo mundo está muito triste", lamenta.

Aloízio conta que já levou muito susto no trânsito durante o trabalho, usando motocicleta. Em relação ao acidente que terminou com a morte do amigo, ele é pessista. Avalia que nem outras medidas, como a construção de ciclovias, poderia não resolver o problema.

"Não sei se resolve o nosso problema. O trabalho do carteiro é complexo. A gente fica andando pelas ruas e calçadas. Será que tem como colocar ciclovia em toda a cidade? Tem lugares que nem sabemos se é possível", disse Aloízio.

O acidente - Eliovaldo estava de bicicleta e, segundo o condutor do veículo pesado, ambos seguiam no mesmo sentido da Avenida Manoel da Costa Lima, quando a carreta tentou fazer conversão à direita para acessar a Avenida Ernesto Geisel, sentido bairro Aero Rancho. A suspeita é de que o trabalhador seguiria reto, mas acabou sendo atropelado.

A vítima chegou a receber atendimento do Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local do acidente.


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